Blog do Flavio Gomes
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ANTES TARDE

SÃO PAULO (sempre é tempo) – Amanhã faz uma semana. E eu ainda não falei nada do passeio de motonetas promovido pela Scooteria Paulista sábado passado pela cidade. Foi bárbaro. O roteiro foi definido com passagens por locais que marcaram a ditadura militar no Brasil. Afinal, estamos a poucos meses dos 50 anos do golpe […]

scooteria25jan1SÃO PAULO (sempre é tempo) – Amanhã faz uma semana. E eu ainda não falei nada do passeio de motonetas promovido pela Scooteria Paulista sábado passado pela cidade.

Foi bárbaro.

O roteiro foi definido com passagens por locais que marcaram a ditadura militar no Brasil. Afinal, estamos a poucos meses dos 50 anos do golpe que derrubou Jango e nos atirou em 21 anos de sombras, trevas, torturas. Isso não pode ser esquecido. E passeio da Scooteria é sempre temático. “Roteiro da Ditadura” foi o de 2014. Ótimo.

Saímos da praça que fica ao lado da “paróquia Santííííísimo”, e ao lado também do 36° DP que, nos anos 60 e 70, foi a sede do DOI-Codi e da Oban, onde os carniceiros do regime mataram Herzog e torturaram tantos outros. Never forget.

De lá subimos a Brigadeiro, cruzamos a Paulista, passamos pela Sé (onde exatos 30 anos antes, em 25 de janeiro de 1984, aconteceu o primeiro grande comício pelas Diretas), descemos em direção ao Anhangabaú (palco do maior comício de todos, meses depois, com um milhão de pessoas), cruzamos o carro do secretário municipal do Verde e Meio-Ambiente (achei o máximo!), passamos diante do presídio Tiradentes (só sobrou o pórtico; muitos presos políticos foram jogados lá, também) e fizemos uma parada na Pinacoteca para fotos e descanso. Depois seguimos até a Zona Norte onde almoçamos no Piazza Zini e nos deliciamos com o show espetacular dos Gasolines. Não conhece? Conheça.

Foram 78 motonetas, esmagadora maioria de Vespas de todos os tipos, anos e modelos. Todas deliciosamente espalhando o perfume Deux Temps pela cidade. De Lambretta, acho que tinha a minha e mais umas duas ou três. As Vespas são tanques de guerra; as Lambrettas, brinquedos mais delicados. Quase não houve baixas. Uma ou outra quebra, prontamente atendida por quem podia ajudar. Mais 18 na Piazza Zini e a Scooteria chegou a 96 participantes — um deles vindo da França, Didier, que está dando a volta ao mundo de Vespa.

Foi tudo encantador, graças ao esforço do Márcio Fidelis, do Gustavo Delacorte e da cúpula doistempista que resiste bravamente à chatice do mundo. Adoramos, amamos, estaremos em todos. No fim, voltando para casa, a Lambra travou o acelerador na região conflagrada da Paulista, e tivemos de voltar de ônibus. Felizmente foi na frente do meu escritório, garagem ali, a um empurrão, problema algum. Já está arrumando. E esperando a próxima.

In Vespa Fidelis, como diz o Márcio. É isso aí. Fumaça neles.