Blog do Flavio Gomes
F-1

JEREZ, DIA 2

SÃO PAULO (aos poucos pega) – Jerez teve mais atividade hoje do que ontem, claro. Os carros começaram a funcionar, afinal. A boa notícia do dia foi que encontraram a chave do MP4-29 da McLaren e finalmente Jenson Button pôde andar. Ela estava, vejam vocês, escondida numa gaveta da escrivaninha de Martin Whitmarsh. Este, por […]

SÃO PAULO (aos poucos pega) – Jerez teve mais atividade hoje do que ontem, claro. Os carros começaram a funcionar, afinal. A boa notícia do dia foi que encontraram a chave do MP4-29 da McLaren e finalmente Jenson Button pôde andar. Ela estava, vejam vocês, escondida numa gaveta da escrivaninha de Martin Whitmarsh. Este, por sua vez, se encontra no momento numa masmorra em Woking, acorrentado a pão e água. Só contou onde estava a chave porque ameaçaram lanhar suas costas com varas de marmelo. Mesmo assim tiveram de arrombar a gaveta, que estava trancada.

Desta forma, Button conseguiu completar 43 voltas e fez o melhor tempo da quarta-feira, 1min24s165. Baixou coisa de 3s em relação à melhor volta de ontem. Normalíssimo, até sexta esses tempos devem entrar na casa de 1min20s. Jenson disse que o carro é gostoso de guiar, mas que o novo sistema de freios é “complicadíssimo”. Não entendi direito. Achei que era apenas um pedal, tascar o pé ali e pronto. Mas parece que o piloto tem de usar também freio de mão e colocar o braço para fora do cockpit à guisa de freio aerodinâmico, além de enfiar o pé direito num buraco no assoalho para auxiliar nas brecadas. A conferir. Vou me informar melhor.

“Cada vez que sento no carro aprendo alguma coisa”, disse Raikkonen, 47 voltas com a F14 T da Ferrari. Na parte da manhã, choveu um pouco e a Pirelli aproveitou para molhar a pista. Arrumaram um trator-pipa e pediram para o Maldonado dirigir. Foi o que me disseram. Talvez seja maldade.

Fato é que Kimi, nesse processo de aprendizado, enquanto molhavam a pista e ele entrava no carro, contou que uma das coisas que ficou sabendo, por exemplo, foi a diferença entre tagliarini e tagliatelle. E aprendeu também o que quer dizer “grazie”. “É quando a gente não tem de pagar nada para pilotar e anda de grazie”, falou.

Quem não curtiu muito o dia foi Bottas, apesar das 35 voltas e do terceiro lugar com a Williams. “Senti alguma coisa estranha na traseira”, relatou, e na hora todos olharam para o bico do carro da Force India, que negou tudo e jurou que nem estava na pista no momento. Massa assume o carro da equipe de Grove amanhã, pela primeira vez. Falando em Force India, Pérez completou 37 voltas, ficou em quinto e falou que só vai pensar em performance no Bahrein. “Por em quanto, ficamos nas preliminares”. Todos olharam de novo para o bico do carro, que confirmou.

Na Toro Rosso, hoje era dia de Daniil Kvyat andar. Mas não andou. O carro não ligou. “Bateria”, falou alguém. “Empurra”, disse outro. “Não sei fazer pegar no tranco”, reclamou Kvyat. Azar dele. Amanhã Vergne vai para a pista e o russinho ficará olhando do lado de fora. E disse que não empurra, se precisar.

Interessantes foram as primeiras impressões de Nico Rosberg. A Mercedes fez um esforço brutal para comprar peças novas para o carro arrebentado ontem por Hamilton, sem culpa nenhuma dele, diga-se, e achou bastante coisa na avenida Duq de Cachías, tradicional ponto de venda de autopeças no centro de Jerez. O carro foi para a pista “pontualmente às 13h”, segundo Paddy Lowe, contratado para controlar o horário de entrada e saída de funcionários. E Nico completou nada menos do que 97 voltas. Um espanto.

Segundo ele, o carro é mais pesado, tem menos downforce e o volante “parece um smartphone de tanta informação”. Reclamou apenas que de tanto andar não pôde aproveitar o novo volante para mandar whatsapps, tuitar e postar algumas fotos no Instagram. “Mas dei quatro curtidas nas fotos do novo filme do Johnny Depp no ‘Face’.”

Gutiérrez foi o encarregado das atividades da Sauber e ficou em sexto depois de 53 voltas, a mais de 9s de Button. Desconfio que não tenha ficado muito feliz. Assim como Vettel, que só deu oito voltas com o RB10, depois de alguns problemas no sistema de recuperação de energia do motor Renault. “Talvez se a gente usasse um gerador…”, sugeriu, mas a Red Bull desconsiderou a ideia por achar que essas coisas, a diesel, poluem demais.

O resumo do dia está aqui no Grande Prêmio, caso vocês queiram saber mais.