Blog do Flavio Gomes
#69

NA CHUVA E NO ÓLEO

SÃO PAULO (vai longe, hoje) – Sábado e domingo sem abrir computador é ossada de dinossauro, como diz a moça — que está sob observação depois de me obrigar a andar sob um guarda-chuva esquisito em Interlagos. Agora que acabei de ver os mais de 500 e-mails e todo o resto, vamos tirar o atraso. Começando […]

SÃO PAULO (vai longe, hoje) – Sábado e domingo sem abrir computador é ossada de dinossauro, como diz a moça — que está sob observação depois de me obrigar a andar sob um guarda-chuva esquisito em Interlagos. Agora que acabei de ver os mais de 500 e-mails e todo o resto, vamos tirar o atraso. Começando com a corrida de sábado.

Era a volta do Meianov à ativa, com motor refeito e tals. Meu chefe de equipe, Christian Nenê Horner, mandou dar umas três voltas de leve para assentar os anéis. Mas nem deu para dar as três voltas, porque começou a falhar loucamente e depois de uma volta só para constar em 2min21s509, ainda assentando os anéis, parei nos boxes. A boia de um dos carburadores estava encharcada. Não ia dar para voltar. Resultado: um honroso 31° entre os 35 carros que largariam no início da tarde.

A pista estava seca na classificação e a pole ficou com o Gulla e seu Puma vermelho, 2min02s400. A grande surpresa foi o Abrami em quarto na geral. Com seis carros na minha categoria, a chance de pódio era remotíssima. Uma chuvinha, talvez?

E ela veio. Veio, e junto com ela, antes da nossa prova, o pessoal da F-Vee. Que se encarregou de lavar a pista de óleo de ponta a ponta, e foi um terror, nossa corrida: asfalto molhado, oleoso, emporcalhado, um sabão só.

Paciência.

Do jeito que estava a pista, teríamos surpresas. Tem carro muito potente que fica inguiável nessas condições. Outros não gostam de andar na chuva. Outros andam bem demais. Para outros, que nem eu, tanto faz porque lento no seco, lento no molhado. Com 35 carros no grid, chegar entre os 20 primeiros estaria de bom tamanho para o soviético.

Larguei bem, acho. Roda um aqui, outro ali, e fui ficando na pista. O negócio era sair do trilho de óleo, e não estava fácil. Lá na frente, alguns pilotos deram um verdadeiro show com carros de tração dianteira, como Passat, Voyage e Gol, e Fuscas. Fusca na chuva é o capeta.

O ritmo da prova foi muito lento. Para se ter uma ideia, nossas corridas costuam ter 14 ou 15 voltas. Essa teve 11. Douglas Speto Alencar, de Passat #18, foi impecável. Ganhou na geral com 18s180 de vantagem para o segundo colocado, Du Lauand, de Fusca #72, outro que deu uma aula de pilotagem. A melhor volta do dia, do Speto, foi cronometrada em 2min29s237. Inacreditável. Carros que viram na casa de 2min cravados, como o Porsche do Mauro, não passaram da casa de 2min40s — tempo que o #96 fazia no molhado, para se ter uma noção da dificuldade. Estava muito, muito complicado para se manter na pista. O resultado completo está aqui.

Considerando tudo, até que Meianov cumpriu seu papel. Não rodou nenhuma vez e virou sua melhor volta em 2min48s242. Na classificação final, fiquei em 19°. Na verdade, era para ser 17°, porque o Carlos Burza, de Karmann-Ghia, e o Reinaldo Hernandez, do lindo Maverick #115, me passaram sob bandeira amarela e safety-car. Fui reclamar na torre, porque sou reclamão, mas acho que não mexeram na classificação final. Azar, não ia mudar nada em relação à minha categoria, foi só para constar — 17° é mais legal que 19°, mas tudo bem.

No fim das contas, não deu pódio mesmo. Fiquei em quarto na TL, atrás do José Lima (Passat, terceiro na geral, aplausos!), do Fusca do Cury e do Passat do Caslini. Achei divertido andar junto com Maverick, Puma e outros que normalmente são bem mais rápidos que o bravo soviético. Mas, na prática, acabou sendo uma corrida chata por ter sido lenta demais. Faz parte. Às vezes a pista está boa, às vezes está ruim. Desta vez, no entanto, estava ruim demais. Ainda bem que ninguém bateu forte. Quase um milagre.

Ah, as fotos lá no alto são do Anderson Zambrzycki. Catei tudo do Facebook.