Blog do Flavio Gomes
F-1

TEM BAR, HEIN?

SÃO PAULO (tem, é sexta) – Meio-dia, a Red Bull desligou o carro de Ricardão e lá do fundo dos boxes barenitas veio Andy Damerum. “Por hoje chega”, disse. Como assim, chega?, perguntou o parceiro do saudoso João Paulo. “Chega, problemas mecânicos”, falou Damerum, tirando o fone. “Já deu, 28 voltas, não precisa mais.” Aí […]

hamiltonbah3SÃO PAULO (tem, é sexta) – Meio-dia, a Red Bull desligou o carro de Ricardão e lá do fundo dos boxes barenitas veio Andy Damerum. “Por hoje chega”, disse. Como assim, chega?, perguntou o parceiro do saudoso João Paulo. “Chega, problemas mecânicos”, falou Damerum, tirando o fone. “Já deu, 28 voltas, não precisa mais.” Aí veio Vettel, que estava assistindo ao treino, e avisou: “Hoje é sexta, tem bar, hein?”. Os mecânicos acharam ótimo, fecharam as portas e acabou o dia da Red Bull. Damerum esfregou as mãos e lambeu os beiços. “Vou de caipiríssima!”.

Problemas mecânicos. 28 voltas. 6s518 atrás de Hamilton, o mais rápido do dia. Vettel, que já não está nem aí, afinal é tetracampeão, nem reclamou. Abriu uma lata de Monster e falou bem alto, para quem quisesse ouvir: “Isso aqui com uísque é o capeta”.

Vejam que curioso. Das 11 equipes inscritas para o Mundial, a Red Bull só conseguiu mais quilometragem até agora que Marussia e Lotus, sendo que esta última não andou nos quatro dias de Jerez. Em ordem crescente, o ranking de rodagem na pré-temporada, depois de sete jornadas, é o seguinte, em km:

Marussia – 262,73
Lotus – 281,42
Red Bull – 639,60
Toro Rosso – 888,55
Caterham – 1.592,11
Force India – 1.696,42
Sauber – 1.982,76
Williams – 2.052,13
Ferrari – 2.220,89
McLaren – 2.329,62
Mercedes – 2.591,36

Pelas contas do Renan do Couto, os motores Mercedes já rodaram 8.658 km, contra 4.464 dos Ferrari e 3.400 dos Renault. Lembrando que são quatro times mercêdicos (Mercedes, Williams, McLaren e Force India), três ferráricos (Ferrari, Sauber e Marussia) e quatro renáulicos (Lotus, Toro Rosso, Caterham e Red Bull). E pelas contas que eu fiz, a Mercedes andou quatro vezes mais que a Red Bull. A segunda bateria da pré-temporada termina amanhã.

Hamilton virou 1min34s263 na melhor das suas 67 voltas. A Mercedes tentou simular uma corrida, mas aconteceu algo e o trabalho foi interrompido. Depois ele voltou à pista e mandou mais 22 voltas. Só para comparar, a pole barenita no ano passado foi de Rosberguinho com 1min32s330. “O carro se adapta ao meu estilo de pilotagem”, constatou o inglês, que é considerado um dos favoritos ao título, já — desde que o carro não quebre, que não desperdice seus melhores dias tocando rodas com adversários e que arrume uma namorada que também se adapte ao seu estilo.

Na McLaren, Button completou 103 voltas. E simulou corrida de tarde, sem quebra nenhuma. “Até meus engenheiros ficaram cansados [tadinhos]”, reportou o bonitão. Segundo ele, o lance de economizar gasolina foi a maior preocupação. Um bom vacuômetro, que nem o do meu Passat, deve resolver a parada. Jenson foi o segundo mais rápido do dia, como se vê aqui no relato completo do teste.

A Williams teve um dia esquisito. Foram 115 voltas no total, 60 para Massa e 55 para Bottas. O finlandês, no entanto, não cronometrou nenhuma. O time treinou muito os procedimentos de largada (“apagou, larga!”, gritava o engenheiro) e fez 43 pit stops. 43! Soube que Sapattos achou meio exagerado. “Não sei em qual corrida a gente vai ter de parar 43 vezes. Acho que só na Hungria”, disse. A Sauber também ficou treinando paradas com Gutierros. Pérez, na Force India, achou o carro muito diferente do que teve a chance de guiar em Jerez — aí alguém disse a ele que era um Seat alugado, e ele entendeu.

Raikkonen foi o sexto colocado com a Ferrari, depois de 44 voltas. Andou pouco, porque um problema de transmissão de dados do carro para o sistema de telemetria deu pau. “Tivemos de reiniciar”, explicou o cara de TI, que foi chamado quando mandava um pão de calabresa no meio da manhã. “Aí o computador perguntou se eu queria reiniciar em modo de segurança e não abria o fêice. Depois deu pau no tuíter. Só de tarde arrumamos tudo e fiquei sem almoço”, escreveu o rapaz em sua conta no insta, acompanhado da foto abaixo.

Kvyat conseguiu a proeza de completar 57 voltas com a Toro Rosso, ao que parece com um motor de Logan. “É 1.6, isso que importa”, falou. E teve estreia de Maldonado na Lotus, mas só 26 voltas lhe foram concedidas. “Problema no câmbio e no sistema de recuperação de energia”, informou o time. Ou seja: em tudo. Pastor, no entanto, ficou feliz com a primeira experiência na nova equipe. “Vai ser fácil trabalhar com eles neste ano”, disse, em espanhol. “Olha só: pessoal, quem foi o melhor presidente da história da Venezuela?”, perguntou, em voz alta, com seu inglês bolivariano. E os mecânicos, em coro, responderam: “Valderrama!”.

A Marussia danou-se, porque depois de quatro voltas o motor de Chilton quebrou. “Pedimos para o pessoal da Ferrari dar uma olhada, mas mandaram o cozinheiro. Pelo menos almoçamos bem”, contou um integrante do time, que aproveitou para ver o VT de um jogo de hóquei em Sochi. E Ericsson, da Caterham, fechou o dia com 98 voltas, comemorando ao final que tinha conseguido baixar o Tinder no seu celular novo durante o treino. “Mas as mina daqui tudo usa burca”, reclamou.