Blog do Flavio Gomes
F-1

CAIU

SÃO PAULO (crise braba) – Oficialmente, ele se demitiu. Na real, levou um solene pontapé nos fundilhos. Stefano Domenicali, depois de 23 anos de Ferrari e desde 2008 à frente da equipe de F-1, deixou o cargo e a empresa hoje pela manhã. O comunicado da Ferrari foi breve e informou que Domenicali se demitiu. […]

SÃO PAULO (crise braba) – Oficialmente, ele se demitiu. Na real, levou um solene pontapé nos fundilhos. Stefano Domenicali, depois de 23 anos de Ferrari e desde 2008 à frente da equipe de F-1, deixou o cargo e a empresa hoje pela manhã.

O comunicado da Ferrari foi breve e informou que Domenicali se demitiu. O dirigente deu declarações no sentido de que “a equipe precisava de uma chacoalhada”. O time agradeceu o funcionário exemplar e já nomeou outro para a função, Marco Mattiacci, que até hoje de manhã era o presidente e administrador geral da Ferrari North America. É esse bonitão aí embaixo.

Mattiacci, 42 anos, tem uma trajetória completamente desconexa da área esportiva. É, por assim dizer, um bom vendedor de carros. E vender Ferraris a endinheirados americanos, convenhamos, não chega a ser tarefa das mais complicadas.

Ele começou a vida profissional, desde onde há registros, na Jaguar em 1989, quando a marca inglesa passava às mãos da Ford. Em 2000 foi contratado pela Ferrari, onde ocupou vários cargos até assumir as operações norte-americanas. Começou pela América do Sul, rodou pelo Oriente Médio, Finlândia, Rússia, cuidou do relançamento da marca Maserati nos EUA, passou quatro anos na China e depois voltou à América.

Domenicali vai desaparecer no limbo. Sua gestão à frente do time na F-1 foi quase desastrosa, embora não se deva jogar sobre seus ombros a responsabilidade por todas as mazelas de Maranello. Ele assumiu a chefia no fim de 2007, e portanto estava na sua sétima temporada comandando o barco. Em 2008, comemorou o título de Construtores, mas perdeu o de Pilotos para a McLaren. Passou pelas turbulências de 2009 com o acidente de Massa e a saída esquisita de Raikkonen, e em 2010 deu pinta de que a coisa iria andar com a chegada de Alonso. Bateu na trave e o espanhol perdeu o título para Vettel na última prova do ano.

As três temporadas seguintes foram simplesmente ruins. E esta começou mal novamente. Aí, como dizia meu velho e bom amigo Cyro César, da Jovem Pan, não tem cu que aguente. Sim, eu sei que soa grosseiro, mas é exatamente isso. Ocorre que mandar o cara para o espaço com o avião em voo é um sinal claro de desespero e de resignação. O ano está perdido. Serão 16 corridas até o fim do Mundial com Alonso se arrastando mal-humorado e Kimi bocejando de tédio.

O tal de Mattiacci vai ter trabalho. A partir de hoje, vai entender direitinho que tocar uma equipe de F-1 é bem mais difícil do que puxar o saco de milionários compradores de automóveis caros. Vai dar certo? Não tenho a menor ideia. Mas que é bom a Ferrari começar a se preocupar com a cabecinha de Alonso, isso é.