Blog do Flavio Gomes
Automobilismo brasileiro

O PEQUENO PIQUET

SÃO PAULO (devagar com o andor) – Começou a temporada da F-3 Brasil em Tarumã, com 15 carros participantes. A atração deste ano é Pedro Piquet, 15 anos, filho mais novo de Nelson, que corre pela Cesário com supervisão do pai. E pintura da Brabham dos anos 80, coisa mais linda. Assumida pela Vicar, a […]

pedropiquetf3SÃO PAULO (devagar com o andor) – Começou a temporada da F-3 Brasil em Tarumã, com 15 carros participantes. A atração deste ano é Pedro Piquet, 15 anos, filho mais novo de Nelson, que corre pela Cesário com supervisão do pai. E pintura da Brabham dos anos 80, coisa mais linda. Assumida pela Vicar, a F-3 Brasil é a antiga F-3 Sul-americana.

Pedro fez a pole da primeira prova, teve problemas na largada, caiu para último e mesmo assim ganhou. Venceu a segunda bateria, também. De quebra, estabeleceu o recorde absoluto para a pista gaúcha, com 55s712, média assombrosa de 196,37 km/h.

(A respeito da nova fase da categoria, acho importante ler a análise profunda postada pelo Américo Teixeira Jr. em seu blog hoje.)

Estamos diante de um novo gênio? Calma. As duas vitórias foram incrivelmente fáceis. Piquet-pai, obviamente, vai tentar fazer com o caçula o que fez com Nelsinho na mesma F-3 anos atrás. Na época, criou uma equipe e as condições que seu filho encontrou para pilotar foram as ideais, bem melhores que as dos pilotos de outros times. Treinava mais, tinha material de primeira e suporte de um tricampeão mundial como Nelson, que sabia mais do que todo mundo o que estava fazendo. OK, se os outros não eram capazes (ou não tinham dinheiro) de ter o que Nelsinho tinha, isso era problema dos outros. A tarefa de Piquet-pai era construir uma carreira sólida para o filho.

E assim foi: dois anos na F-3 Sul-americana (2001 e 2002), título no segundo ano; dois anos na F-3 Inglesa (2003 e 2004), título no segundo ano; dois anos na GP2 (2005 e 2006), vice-campeão no segundo ano; um ano de piloto de testes (2007) na Renault, titular na F-1 em 2008. Roteiro cumprido à risca. Aí a coisa fugiu de seu controle e todo mundo sabe o que aconteceu.

O desempenho de Pedro Piquet no fim de semana dá sinais de que, claro, ele é bom. Um amigo meu, muito próximo de Piquet-pai, disse que ouviu dele que o bom da família é Pedro. Ótimo. Mas a facilidade com que ele venceu as duas corridas dá sinais, também, de que não haverá propriamente um campeonato. O menino será campeão. E isso é o que menos importa, da perspectiva do pai. Importante será prepará-lo bem para uma carreira que pode ser muito parecida com a de Nelsinho.

Evidente que com algum cuidado extra no momento crucial, a F-1 — se ele chegar lá, como tudo indica que vai, um dia, como Nelsinho chegou.

Semana que vem já tem outra rodada dupla, junto com a Stock, em Santa Cruz do Sul. Pedro vai ajudar a atrair mais mídia e atenção para a combalida F-3 de nossas bandas. Vamos acompanhar esse negócio para ver no que dá.