Blog do Flavio Gomes
F-1

TIROLESAS (4)

SÃO PAULO (só por algumas horas) – Começo de onde terminei ontem. O mais provável era Rosberg vencer, e qualquer resultado que não fosse um pódio para a Williams seria um enorme fracasso. Rosberg venceu, Bottas foi para o pódio. Portanto, deu a lógica e a Williams saiu satisfeita da Áustria. Quem não saiu tanto […]

tyrol004SÃO PAULO (só por algumas horas) – Começo de onde terminei ontem. O mais provável era Rosberg vencer, e qualquer resultado que não fosse um pódio para a Williams seria um enorme fracasso. Rosberg venceu, Bottas foi para o pódio. Portanto, deu a lógica e a Williams saiu satisfeita da Áustria.

Quem não saiu tanto assim foi Massa. Da pole, era possível esperar o pódio para ele, não para Sapattos. Mas o finlandês, como se diz, fez por onde. E o brasileiro não teve, de novo, um bom ritmo de corrida. Quando precisou apertar para não perder posição no verdadeiro jogo de xadrez entre Mercedes e Williams nas paradas, foi o que menos apertou. Terminou em quarto. Seu melhor resultado no ano, verdade; mas o pior possível, pelas circunstâncias.

A prova começou bem para Felipe, que manteve a ponta com uma largada segura, sem ser atacado por Bottas. Este, por sua vez, foi ultrapassado por Rosberguinho, terceiro no grid, e recuperou a posição no meio da volta com uma ótima ultrapassagem. É bota, esse Bottas. Muito boa, essa.

Mas quem fez uma largada espantosa, mesmo, foi Hamilton. De nono no grid, passou em quinto no meio da pista e fechou a primeira volta em quarto, colocando-se na corrida logo de cara. Se ficasse morgando lá atrás muito tempo, teria grandes dificuldades para escalar o pelotão. Resolveu tudo nos primeiros 4 km de GP.

E aí ficamos com o quarteto que decidiria a prova num joguinho de estratégia, economia de pneus, bom uso dos sistemas de recuperação de energia, alguma sorte com a posição na pista após os pit stops e, sobretudo, capacidade de fazer boas voltas nas janelas breves em que seus adversários estavam nos boxes.

Na sexta volta, a ordem era Massa-Bottas-Rosberg-Hamilton. Entre cada um deles, menos de 1s de vantagem. O resto lá atrás. Na décima volta começaram as paradas. Os pneus supermacios não aguentavam muito. Da turma da frente, pela ordem, pararam Rosberg, Hamilton, Massa e Bottas. Felipe perdeu a posição para Rosberguinho no box e para Hamilton na pista. Ali suas chances de pódio evaporaram. Bottas, por sua vez, voltou à frente de Lewis e Massa. Nas três voltas entre a parada de Nico e a sua, o finlandês da Williams enfiou o sapato e conquistou terreno. Assim, o que era Massa-Bottas-Rosberg-Hamilton antes das trocas de pneus virou Rosberg-Bottas-Hamilton-Massa. Fica muito claro perceber quem ganhou e quem perdeu na primeira bateria de pit stops.

Àquela altura, a liderança era de Pérez, que tinha largado lá no fundão, em 15°, dando pinta de que faria uma única parada. E foi só na volta 27 que Rosberguinho e Sapattos passaram o mexicano da Force India. Hamilton, na volta seguinte. Massa? Só quando Maria do Bairro foi para o box, na volta 30. Mais tempo perdido.

Nico teve um momento de pânico nessa hora. Seu carro perdeu velocidade de reta e Bottas percebeu. Mas o ataque foi pífio. Logo depois o alemão recuperou o que tinha perdido e ficou na boa. Volta 40, e a sequência de paradas dos quatro primeiros começou com Hamilton (40), Rosberg (41), Bottas (42) e Massa (43). Nessa brincadeira, foi Hamilton quem se deu bem. Passou Valtteri e recolocou as coisas em seus devidos lugares: Mercedes em primeiro e segundo. Para Felipe, a coisa piorou ainda mais porque ele voltou atrás de Pérez, seu algoz do Canadá. OK, o mexicano teria de parar de novo, a estratégia de um pit stop era blefe, mas foi o suficiente para ficar ainda mais distante de qualquer possibilidade de pódio. Ah, Alonso liderava. Liderança tão sólida quanto gelatina Royal. Era parar de novo para cair de novo.

E Pérez de fato parou, na volta 56, Alonso também, caindo para quinto, e o quarteto inicial se acomodou com Rosberg-Hamilton-Bottas-Massa. Nada mais aconteceria até o fim. Fecharam nas quatro primeiras colocações, seguidos por El Fodón de La Quinta Posición, Maria do Bairro (que fez ótima corrida, ao fim e ao cabo), Magnólia (outro que merece elogios, com uma McLaren errática), Ricardão (lutou até o fim, de parabéns, com um carro esquisito na pista da Red Bull), Hulk e Kimi Dera Fosse Feriado Para Ficar em Casa. Essa, a zona de pontos. E Vettel? Que fase, coitado. No começo da corrida ficou sem marchas. Estava abandonando, quando tudo voltou a funcionar. Mas perdera uma volta. Aí, mais tarde, teve de trocar o bico. Depois, abandonou.

Rosberguinho consegue sua terceira vitória no ano e abre 29 pontos para Hamilton, que estava de cara fechada no pódio, mas não tinha ninguém para culpar. Bottas era só felicidade, daquele jeito finlandês de ser, com seu primeiro troféu (esquisito, o troféu; parecia aquele negócio de cortar pizza). Foi o primeiro pódio da Williams, também, desde a vitória de Maldonado em Barcelona/2012.

No fim das contas, a Williams aproveitou a pista favorável com um terceiro e um quarto. Não vai ter essa moleza em Silverstone, próxima etapa do campeonato. Lá o circuito exige uma aerodinâmica mais refinada e pode ser que a Red Bull se apresente melhor. E a Force India, também. A briga pelo título segue muito aberta, mas o momento continua sendo bastante favorável a Rosberg. Ele pode até ser menos piloto que Hamilton. Mas tem uma cabeça bem mais fixada ao pescoço, pelo que se viu até agora.

Voltemos à Copa? Obrigado.