Blog do Flavio Gomes
Futebol

DOUTOR OSMAR

RIO – É difícil imaginar a TV esportiva sem alguns nomes. Deveriam ser eternos. A Mesa Redonda na Gazeta com José Italiano, Peirão de Castro, Dalmo Pessoa, Milton Peruzzi e Roberto Petri deveria ser eterna. Eles todos deveriam ser proibidos de morrer, assim como Walter Abrahão, Galvão Bueno, Milton Neves, Luciano do Valle, José Trajano, […]

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RIO – É difícil imaginar a TV esportiva sem alguns nomes. Deveriam ser eternos. A Mesa Redonda na Gazeta com José Italiano, Peirão de Castro, Dalmo Pessoa, Milton Peruzzi e Roberto Petri deveria ser eterna. Eles todos deveriam ser proibidos de morrer, assim como Walter Abrahão, Galvão Bueno, Milton Neves, Luciano do Valle, José Trajano, Orlando Duarte, Luiz Noriega, Alexandre Santos, Márcio Guedes, Silvio Luiz, Juarez Soares. Misturo vivos e mortos porque quando se fala em seres eternos, assim é. Não morram e ponto.

Doutor Osmar entra nessa lista, que tem muitos outros, claro. Mas ele morreu ontem, o que é uma afronta quase pessoal, e todos esses aí no alto que se cuidem. Estou bem puto com os que já se foram e ficarei mais ainda quando os outros morrerem, se ousarem fazer isso. Portanto, vivos, não morram. Porque se morrerem, serão alvo de minha ira eterna.

Comentaristas esportivos têm a obrigação de, até o fim dos tempos, comentar as coisas. Todas as coisas. Estamos acostumados com vocês, queremos vê-los todos os domingos e segundas, de preferência à noite, quando tudo já aconteceu e precisamos — vou insistir: precisamos — que nos esclareçam alguns fatos. Precisamos de suas opiniões definitivas, mesmo que elas mudem na semana seguinte. Não importa. Vocês têm a obrigação de nos guiar. Vocês são a luz.

Há algo de cruel na vida de cada um de nós, do lado de cá, quando Zé Italiano deixa de fazer propaganda da loja de esportes segurando duas bolas como se fossem enormes peitos no intervalo. Ou quando Peirão de Castro não mais fala sobre o Prêmio Qualidade do Brasil, misterioso e solene. Ou quando não escuto mais pelas barbas do profeta na quarta à noite, ou quando não mais ouço guardou, o “O’ longo, longuíssimo, e bandeiras, bandeirolas, Bandeirantes.

Doutor Osmar foi o cara que me levou pela primeira vez à TV, na Manchete. Participei de uma meia-dúzia de programas com ele nas noites de domingo. Sei lá, 1989, 1990. Faz tempo. Ele me conhecia de uma entrevista que fiz anos antes, sobre doping, ainda quando eu trabalhava para a SBPC e fazia programa de ciência na rádio Cultura.

Doutor Osmar, lamento, mas essa de morrer foi uma puta sacanagem, ainda mais na véspera de uma final de Copa do Mundo. Aos demais: nem inventem de fazer a mesma coisa, nunca.