Blog do Flavio Gomes
F-1

É TETRA! (1)

SÃO PAULO (tô enrolado) – Quais os temas da semana na F-1? Mudanças de regras, ausência de público, Globo que abre mão da classificação, FRIC (o sistema de suspensões interligadas, agora proibido), capacete do Rosberg, carta aberta da mulher de Schumacher. Treino de hoje? Teve, sim, com arquibancadas do monumental estádio de Hockenheim vazias e […]

etetra1SÃO PAULO (tô enrolado) – Quais os temas da semana na F-1? Mudanças de regras, ausência de público, Globo que abre mão da classificação, FRIC (o sistema de suspensões interligadas, agora proibido), capacete do Rosberg, carta aberta da mulher de Schumacher. Treino de hoje? Teve, sim, com arquibancadas do monumental estádio de Hockenheim vazias e sob um calor senegalesco. Gosto da expressão, calor senegalesco.

O fato é que a F-1 está em crise. E precisa se reinventar. A história dos motores híbridos não deu certo. Mas não tem volta. Não deu certo porque são sofisticados e “quebráveis” demais, e o lance do barulho, embora pareça irrelevante, não é. Falar em reinvenção parece meio maluco no primeiro ano de um novo regulamento, mas é preciso reconhecer que o interesse despertado pelo campeonato está em declínio. As audiências de TV não deixam dúvidas quanto a isso. O que fazer, então? Como lidar com limitação de motores, com asa-móvel, ERS, MGU-H, MGU-K, economia de combustível, poucos pneus disponíveis? E carros 4, 5 segundos mais lentos por volta do que em… 2004!

Sei lá. As sextas-feiras, por exemplo. Precisam ter algum interesse. Ninguém aguenta mais ver carros desfilando em pistas “verdes” sem que nada esteja em jogo e tendo de poupar até sobreviseira porque há restrições para tudo. Soma de tempos para classificação pode ser uma boa para agregar alguma competição a um dia que é tratado como um estorvo pelas equipes. Ainda mais numa temporada como esta, que já está decidida. “Ah, mas quando era Senna x Prost era legal!” Sim, era legal, mas isso tem mais de 25 anos, os tempos eram outros, as pessoas eram outras, as mídias eram outras, o mundo mudou mais nestes últimos 25 anos do que nos 1.988 anteriores, contando apenas o calendário cristão.

É preciso mexer em algo. Hoje, por exemplo… Vou falar o quê? Que a Mercedes fez 1-2, com Hamilton em primeiro? OK, é verdade. As informações são importantes e a gente acompanha tudo que acontece na pista e fora dela. Mas isso empolga? Quer dizer alguma coisa? Um duelo de dois pilotos da mesma equipe, atualmente, é algo que desperta algum enorme entusiasmo?

Fico vendo, nos boxes e no paddock, pelas imagens de TV, figuras imponentes como Alonso, Raikkonen e Vettel totalmente desmotivados, pela impossibilidade de fazer qualquer coisa e necessidade de economizar parafusos. Cumprem tabela desde a primeira corrida do ano. “Ah, com Schumacher era assim em 2002 e você achava ótimo!” Pode ser, mas 2002 foi há 12 anos e todos achavam Felipão ótimo, também. As coisas mudam. O que era ótimo há 12 anos não é mais. E para nós, da imprensa brasileira, tinha uma graça especial que era Barrichello na mesma equipe, para o bem e para o mal.

A F-1 ficou complicada e sofisticada demais. E cara, como se sabe. Segue sendo um belo espetáculo de cores, tecnologia, talento e dinheiro, mas não causa mais comoção alguma. Não é assunto de mesa de bar. Mesa de bar é o grande termômetro do mundo. O que se discute diante de um chope está dando certo. Se você, mesmo gostando de corridas, passa uma noite num boteco com os amigos e não toca no nome de Hamilton, Rosberg, Massa, Ferrari, Red Bull, é porque seu gosto pela coisa está sofrendo do pior dos males: a indiferença.

A indiferença transforma qualquer esporte em algo insustentável. A F-1 precisa parar para discutir seu futuro. Urgentemente. As arquibancadas às moscas de Hockenheim hoje, um templo que vivia lotado, me deixaram com uma sensação meio esquisita.

Está tudo muito esquisito. Mas pode ser apenas impressão, sei lá.