Pois que abro o Facebook e me dou com essas duas fotos e a história a seguir, que reproduzo na íntegra:
Meu primeiro carro foi um VW Notchback comprado em 1988 e vendido em 1991. Azul, servia como casa de mendigo na Siqueira Campos até que o levei para a Rua Edmundo Lins, também em Copacabana.
Era um escombro mas tinha seu charme. Foi o que deu para comprar com minhas economias de garoto de 18 anos e carteira recém-tirada… O tempo passou, vendi o carro para um vizinho (o Miguel, pai do Alexandre), que o repassou a outro vizinho (seu Sinfrônio, um veterano da FEB).
Por algum tempo acompanhei a lenta decadência do Notchback, que continuava a dormir na Edmundo Lins. Amassados, lanternas quebradas, a suspensão em petição de miséria… Na última vez em que o vi, estava batido de frente, pronto para o ferro-velho.
E assim se passaram mais de 20 anos. Nesse tempo, volta e meia via os outros dois Notchback do Rio: um verde impecável (do Sérgio Fortes) e um vermelho e branco todo esbodegado (de uma moça em Santa Teresa). O azulzinho havia sumido, provavelmente tragado por algum alto forno de Volta Redonda.
Eis que, no domingo passado, dei de cara com um Notchback vermelho e branco, todo reformadinho, no encontro de carros antigos de São Cristóvão. Impressionado com seu bom estado puxei assunto com o dono:
– Parabéns, jurava que esse Notchback de Santa Teresa já não tinha jeito. Você conseguiu!
Ao que o sujeito respondeu:
– Mas este não é o de Santa Teresa… Comprei em Copacabana faz um tempão. Era azul.
Na longa conversa que veio a seguir, todos os detalhes coincidiram: seu Sinfrônio, a pancada de frente, uma antiga adaptação de motor com ventoinha alta (em vez do “motor plano” de Variant)…
E aí está: meu primeiro carro, que julgava destruído, ainda existe. Muita coisa já não é original, a placa mudou, a pintura deixou de ser azul, mas o “meu” velho Notchback parece bastante bem para seus 49 anos de fabricação. Foi quase como rever um parente há muito desaparecido.