Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

SÃO PAULO (e já de tarde…) – O chororô de Rosberguinho, as decisões da Mercedes, o erro da Williams, as espetadas de Alonso em Vettel, a surpresa que Ricciardo causa em cada corrida… Ecos do GP da Hungria. Na tela. – Claro que a ordem da Mercedes para Hamilton deixar Nico passar foi uma completa […]

SÃO PAULO (e já de tarde…) – O chororô de Rosberguinho, as decisões da Mercedes, o erro da Williams, as espetadas de Alonso em Vettel, a surpresa que Ricciardo causa em cada corrida… Ecos do GP da Hungria. Na tela.

– Claro que a ordem da Mercedes para Hamilton deixar Nico passar foi uma completa sandice. Até Niki Lauda deu razão ao inglês. Comandante Amilton se disse “chocado” com o que escutou pelo rádio, e seu choque tinha uma explicação lógica e inatacável: “Estávamos na mesma corrida”. Óbvio. Tanto que chegaram muito perto, em terceiro e quarto. Alguma dúvida sobre o que aconteceria se Hamilton atendesse à insanidade? Rosberg chegaria na frente e ampliaria sua vantagem no Mundial.

– Toto Wolff, o Jean Todt da Mercedes, falou que a equipe vai reavaliar as ordens. A equipe já é campeã. É justo que a decisão sobre quem vai ficar com o título se restrinja à pista. Uma boa e franca conversa deve ser promovida. Se possível, num boteco sórdido. Não acho tão complicado resolver a situação. Primeiro, Hamilton e Rosberg devem colocar à frente de tudo algo mais importante que o diabo da taça: a amizade que sempre tiveram. São ótimos pilotos. Ambos merecem ser campeões. A ordem na equipe deve ser uma só, pétrea, clara, direta: não sejam sujos um com o outro, respeitem-se, e vão à luta. Se isso for feito, vai ganhar, realmente, o melhor.

– Quanto a Rosberg, precisa deixar de ser bebê. Ou pedir para o time parar de lhe dizer bobagem no rádio, porque no fim das contas sobra para ele a fama de menino mimado.

– A Williams às vezes é muito banana. Se colocasse pneus macios em Massa na terceira parada, ele chegaria mais na frente. Idem para Bottas. “Não podíamos arriscar”, disse Rob Smedley. Arrisca, filhote. Chacrinha avisou anos atrás: quem não arrisca, não petisca. Com o carro que tem, a obrigação da Williams, na segunda metade da temporada, é chegar na frente da Ferrari no Mundial.

– Não é de hoje que Alonso dá umas alfinetadas em Vettel. Ele nunca engoliu os quatro títulos seguidos do alemão, atribuindo as conquistas muito mais à Red Bull do que ao piloto. Ontem, rasgou elogios a Ricardão. Para ele, é o australiano que lidera a equipe. OK, Ricciardo é evidentemente um pilotaço, e já pode ser colocado naquele grupo muito restrito de talentos acima da média. Como Vettel foi, depois de suas primeiras grandes atuações na Toro Rosso. A diferença, por enquanto, é que Sebastian confirmou o que dele se esperava ganhando corridas a granel e títulos em sequência. Ricciardo também fará isso? É possível. Mas ainda tem uma longa estrada pela frente. E não sejamos imprudentes, nem injustos com Vettel. Ninguém ganha quatro títulos à toa. Uma temporada ruim não pode desconstruir alguém que já venceu tanto. Assim como uma única temporada boa não é o suficiente para elevar piloto algum à condição de gênio da raça.

– Alonso fez uma corrida espetacular. Vem fazendo, todos os anos, mesmo com carros horríveis que a Ferrari tem dado a ele. É a sexta temporada dele em Maranello. As perspectivas de título num futuro muito próximo são muito duvidosas. Alonso é bicampeão mundial. Ganhou em 2005 e 2006. Já se vão oito anos. Como alguém que sabe que é melhor que quase todos, talvez o melhor de todos, lida com essa situação? Precisa gostar muito da equipe onde está. E não sei se ele é tão apaixonado assim pela Ferrari… A impressão que tenho é que Fernandinho, uma hora, vai dar um bico no balde.