Blog do Flavio Gomes
DKW & cia.

BLUE CLOUD, DIA 2

POÇOS DE CALDAS (nem eu acredito) – Quando olho para trás, lá em 2003, no Parque das Águas de Caxambu, vejo que fiz alguma coisa de útil nessa vida. Eu e o Paulo Renato Arantes resolvemos fazer um encontro de DKWs. Nossa base de dados: um grupo de discussão por e-mails do Yahoo!, e nada […]

POÇOS DE CALDAS (nem eu acredito) – Quando olho para trás, lá em 2003, no Parque das Águas de Caxambu, vejo que fiz alguma coisa de útil nessa vida. Eu e o Paulo Renato Arantes resolvemos fazer um encontro de DKWs. Nossa base de dados: um grupo de discussão por e-mails do Yahoo!, e nada mais. Melhor: tínhamos uns carros… O PRA com seu Belcar 65, eu com alguns DKWs — na época, cinco. Se ninguém aparecesse, teríamos meia-dúzia de fumacentos para fotografar, pelo menos. E eu, um prejuízo desgraçado. Até banda de rock contratei. Loucura absoluta.

Mas quando cheguei ao parque para levar meu primeiro carro e vi um Fissore dourado lá dentro, procurando informações (“Onde é o encontro?”, perguntava o irmãozão Kurt, que viera de Curitiba, a um porteiro desinformado), tive a certeza de que tínhamos feito muito bem em arriscar a montagem daquele evento maluco.

Onze anos depois, o Blue Cloud vive um momento de encantamento. Especialmente aqueles que estão vindo pela primeira vez mal acreditam no que veem. Um encontro sem dono, em que é mais importante ver as pessoas do que os carros. E os carros trazem cada vez mais pessoas. E pessoas e carros formam um ambiente de amizade inabalável.

É um grande barato.

Estamos com 79 carros, mais uma moto, o que perfaz o total de 80 veículos até agora. A previsão é bater em 100 amanhã, o dia mais forte. Mas mesmo se não batermos o recorde do ano passado (107, com duas motos), já temos recorde de inscritos — algumas pessoas vêm sem carro, apenas para ver tudo de perto, participar, conversar, se divertir, rever os amigos, fazer novos.

É um festival de cores, beleza e camaradagem. Muitos de nós só nos vemos uma vez por ano, aqui. Mas nos falamos o tempo todo, e nisso devemos ser gratos à internet. Foi por causa dela que nos conhecemos 11 anos atrás.

Há um consenso, especialmente entre aqueles que também frequentam outros encontros de clássicos: o Blue Cloud é diferente de tudo que existe por aí. OK, pode parecer pretensioso, mas é verdade. Este encontro trouxe de volta à vida não apenas carros e uma marca destinados a cair no esquecimento. Um monte de gente, juro, ganhou uma nova vida com o BC. Seja pelas novas amizades, seja por restaurar um carro que estava abandonado por anos, ou por ter começado um novo negócio envolvendo peças, restauração, pintura, mecânica, ou por passar a trabalhar com DKWs mais de 40 anos depois do encerramento de sua produção.

Como eu disse, é um grande barato. É um grande barato olhar o auditório cheio de pessoas que vieram de dez Estados brasileiros, mais Argentina, na cerimônia oficial de abertura. É um grande barato ver o Crispim sendo aplaudido de pé. É um grande barato saber que, como disse o amigo Saulo, de Curitiba, você plantou um negócio e ele cresceu, floresceu, deu frutos. E virou eterno.

Longa vida aos nossos carrinhos. Eles estão todos felizes e sorridentes. Só quem conhece a alma de um carro a fundo sabe do que estou falando.