Blog do Flavio Gomes
F-1

S DA SALVELINA (23)

SÃO PAULO (será esquecida) – Foi tudo muito de acordo com o script, exceto aquilo que a gente sempre espera em Interlagos, aquilo que costuma mudar o roteiro. A chuva. Não veio, e assim ficou fácil de imaginar o que iria acontecer nesta corrida. Dobradinha da Mercedes, os dois chegando próximos, uma Williams no pódio […]

dompodio

SÃO PAULO (será esquecida) – Foi tudo muito de acordo com o script, exceto aquilo que a gente sempre espera em Interlagos, aquilo que costuma mudar o roteiro. A chuva.

Não veio, e assim ficou fácil de imaginar o que iria acontecer nesta corrida. Dobradinha da Mercedes, os dois chegando próximos, uma Williams no pódio e disputas boas de ver no segundo escalão.

Rosberguinho manteve o campeonato aberto com sua quinta vitória no ano, quebrando a sequência de cinco de Hamilton. O inglês recebeu a bandeirada 1s457 atrás do alemão, mas essa pequena distância não deve iludir ninguém. Embora tenha feito a corrida toda colado na caixa de câmbio do parceiro, Lewis não tentou a ultrapassagem nenhuma vez. A única chance que teve foi nas duas voltas que antecederam sua segunda parada. Rosberg tinha feito o segundo pit stop na 26ª. Hamilton teria de socar a bucha para fazer a sua e voltar na frente. Mas cometeu um erro bobo, acelerou demais, estava sem pneus e rodou no Lago.

Não fosse isso, sairia dos boxes na frente de Nico. Acabou voltando à pista 7s4 atrás. Ficou difícil. É verdade que foi tirando volta a volta, e de grão em grão acabaria chegando. A diferença caiu a 2s quando Rosberg foi para o terceiro pit stop, numa corrida que comeu borracha com gosto, por causa do calor — no asfalto, mais de 50 graus. Foi na volta 50. Hamilton parou na 51ª. E as últimas 20 voltas prometiam: um GP particular entre os dois postulantes ao título.

Nessas 20 voltas, a distância entre ambos nunca chegou a 1s. Mas Rosberguinho controlou a situação com maestria. Foi uma de suas melhores corridas na F-1, porque não é fácil andar na frente com um sujeito fungando no seu cangote com um carro igual. “Ele não cometeu nenhum erro”, admitiu Hamilton.

Nico, no pódio, mandou um “obrigado pelo carinho” em português para o povo. Reduziu a desvantagem que tinha de 24 para 17 pontos. O placar aponta 334 x 317. A disputa está muito aberta porque em Abu Dhabi, como se sabe, a pontuação é dobrada. Hamilton, para ser campeão, precisa de um segundo lugar. Faria 36 pontos e iria a 370. Mesmo vencendo, Rosberg chegaria a 367. Há uma infinidade de combinações que dão o título a um ou a outro, mas uma é curiosa. Se Hamilton não pontuar, Rosberg pode terminar até em quinto que é campeão.

Nico tem cinco vitórias no ano. Não ganhava desde o GP da Alemanha. Foram sete de jejum. Hamilton venceu dez vezes. Acho que dificilmente perde o título. Se não fizer nada de especial na última prova da temporada, chega em segundo e fica com a taça. Não é tarefa das mais complicadas. Hoje, deu sinais de que não pretende arriscar demais.

A corrida começou tranquila, com todo mundo sabendo que os pneus macios não durariam muito. Maldonado foi o primeiro a parar, na quarta volta. Até a nona, 14 pilotos tinham feito suas primeiras trocas. Aqueles que largaram com médios para tentar uma estratégia de duas paradas demoraram um pouco mais, mas acabaram sucumbindo ao asfalto devora-pneu. No fim das contas, o único que terminou a corrida com apenas duas paradas foi Raikkonen, sétimo colocado. Nas últimas voltas, foi ultrapassado sem grande dificuldade por Button, Vettel e Alonso. Não valeu muito a pena a tentativa.

Massa teve seus momentos, embora a terceira posição tenha sido tranquila. No primeiro pit stop, na quinta volta, passou do limite de velocidade nos boxes. Pagou o pênalti de 5s na segunda parada e na terceira errou de box, passando antes pelos mecânicos da McLaren. Foi engraçado, mas os dois errinhos não afetaram em nada seu resultado final. Sapattos, sim, teve problemas. No segundo pit stop, um mecânico teve de apertar seu cinto de segurança. Perdeu uns 10s no box. Depois, seus pneus acabaram. E uma sobreviseira ficou presa na asa. No fim das contas, terminou em décimo.

Button foi o quarto, depois de uma bela e combativa corrida. Tem feito boas apresentações, e se a McLaren realmente se decidiu por Magnussen para iniciar sua vida com a Honda, deveria repensar. Jenson será muito útil, com sua experiência e delicadeza, para ajudar a construir essa nova parceria. O quinto foi Vettel, ele também um dos bons nomes da prova, combativo e interessado. Saiu do autódromo ao lado de um importante dirigente da Ferrari, de acordo com o testemunho de nosso Américo Teixeira Jr., que se dirigia ao heliponto. Estava acertando detalhes importantes para o ano que vem, como tamanho do macacão e da sapatilha, o molho que prefere no macarrão (de tomate, sem manjericão e com um pouco de alecrim), o ponto da carne. El Fodón de La Sexta Posicíon, Kimi Dera Terminasse Aqui, Hulk, Magnólia Arrependida e Walter Sapattos fecharam a zona de pontos.

Os organizadores informaram que nos três dias de evento 133.109 pessoas estiveram em Interlagos. Não deram o público de hoje, que me pareceu semelhante ao do ano passado. Mas o autódromo não estava lotado, como não tem ficado nos últimos GPs. É o papo que vimos tendo nos últimos dias. O problema é a F-1. Tem muita coisa para ser feita. Como disse outro dia, a F-1 precisa olhar para o passado. O desânimo é geral.