E foi uma voltaça, anunciada já no Q2, quando Nico enfiou 0s997 em Lewis ao cravar 1min36s290, de longe o melhor tempo do fim de semana até então. O tempo já superava o da pole de 2013, de Vettel, com V8 aspirado e barulhento, 1min36s338.
No Q3, o pequeno Rosberg virou 1min36s282 na primeira tentativa e Hamilton se aproximou com 1min36s443. Na sua segunda saída, Nico abusou e fez 1min36s067. A chamada volta perfeita, bonitinha, redondinha. Hamilton não conseguiu melhorar e teve de engolir a diferença de exatos 0s376 para seu companheiro de equipe, que larga na pole pela nona vez no ano.
Falo apenas dos dois, por enquanto, porque o GP dos EUA será isso, uma corrida entre a dupla da Mercedes que luta pelo título desta temporada. Pela décima vez em 2014 a equipe prateada ficou com a primeira fila inteira. Os dois pilotos estão, obviamente, pressionados pela disputa. Lewis tem 17 pontos de vantagem, mas há 100 em jogo nas três corridas que faltam para o fim do campeonato, já que em Abu Dhabi a pontuação será dobrada.
Por isso, podemos esperar um GP de muita cautela de ambos, já que nenhum pode ser dar o luxo de não pontuar. Nico, especialmente, e Lewis já gastaram suas cotas de corridas zeradas no ano, por cagadas ou quebras. Vão deixar para o resto do grid a tarefa de se esgoelar por posições.
Resto magrinho, como vimos falando desde os anúncios de Caterham e Marussia de que não iriam participar desta prova — e provavelmente de mais nenhuma, se alguém não sair em seu socorro. É uma judiação, porque o público em Austin foi enorme hoje e será de novo amanhã, e essa gente merecia mais. Morro de pena dos americanos, que vivem dando chances à F-1, mas a F-1 os trata muito mal. De verdade.
Bem, por conta dos parcos 18 participantes, o Q1 eliminou quatro carros nesta prova, e não seis. Foi tudo normal, com Hamilton em primeiro mais uma vez, Massa em segundo e ninguém se esforçando demais porque, na prática, seriam apenas três degolados, pela decisão da Red Bull de usar o sexto motor no ano num de seus carros — o que empurrou Vettel para largar dos boxes. Assim, preparando-se única e exclusivamente para a corrida, Tião Alemão fez o pior tempo de todos. Caíram com ele Vergne, Gutiérrez e Grosjean, que cometeu um erro bizarro em sua volta.
No Q2, Nico mostrou suas garras bem manicuradas e a surpresa foi Adrian Sutil, que pela primeira vez no ano colocou a Sauber no Q3. Foram espirrados Maldonado, Pérez, Hülkenberg e Kvyat. Pastor conseguiu sua melhor posição de largada na temporada — vai partir em décimo, porque Button, o sétimo, foi punido com cinco posições no grid por troca de câmbio e despencou para 12º. Já o pequeno soviético caiu de 14ºpara 17º porque a Toro Rosso trocou peças de seu motor e levou punição de dez posições. Ah, mas 14 + 10 são 24, Gomes! Eu sei, mas não vou explicar.
O Q3 não teve surpresa nenhuma, a não ser a grande diferença de Rosberg para Hamilton. A segunda fila ficou com a Williams, Bottas em terceiro, Massa em quarto. O brasileiro saiu de seu carro com ar macambúzio. “Esperava estar uma posição à frente”, disse, assumindo um erro na sua volta. Ricciardo ficou em quinto, seguido por Alonso, Button (já falei, larga em 12º), Magnussen, Raikkonen e Sutil.
Havia uma suspeita de boicote pairando no ar, por parte das três médias Sauber, Lotus e Force India. Elas teriam planos de dar uma volta e parar amanhã, o que seria mais um golpe mortal para a F-1 nos EUA. O motivo: essas equipes estão agoniadas porque ninguém faz nada para reduzir os custos da categoria, e não sabem nada do que as grandonas estão conversando com Bernie e com a FIA. A Lotus se apressou em dizer que era cascata, vai correr e está tudo bem. Já a Sauber, depois do nono lugar de Sutil no grid, se pensava em boicotar o GP americano desistiu. A Force India foi a única a assumir que pensava no assunto. Mas não vai segurar essa bandeira sozinha, acho.
A corrida começa às 18h, horário brasileiro delícia de verão. Não tem TV aberta.