Blog do Flavio Gomes
F-1

TEX-MEX (2)

SÃO PAULO (matou a pau) – Hamilton não deve estar acreditando até agora. Mais rápido em tudo neste fim de semana em Austin, inclusive no campeonato mundial de comer hambúrguer, levou uma entubada de Rosberguinho na classificação que deixou o rapaz com várias pulgas atrás da orelha. Onde é que o alemão encontrou aquela volta? E […]

texmex2SÃO PAULO (matou a pau)Hamilton não deve estar acreditando até agora. Mais rápido em tudo neste fim de semana em Austin, inclusive no campeonato mundial de comer hambúrguer, levou uma entubada de Rosberguinho na classificação que deixou o rapaz com várias pulgas atrás da orelha. Onde é que o alemão encontrou aquela volta?

E foi uma voltaça, anunciada já no Q2, quando Nico enfiou 0s997 em Lewis ao cravar 1min36s290, de longe o melhor tempo do fim de semana até então. O tempo já superava o da pole de 2013, de Vettel, com V8 aspirado e barulhento, 1min36s338.

No Q3, o pequeno Rosberg virou 1min36s282 na primeira tentativa e Hamilton se aproximou com 1min36s443. Na sua segunda saída, Nico abusou e fez 1min36s067. A chamada volta perfeita, bonitinha, redondinha. Hamilton não conseguiu melhorar e teve de engolir a diferença de exatos 0s376 para seu companheiro de equipe, que larga na pole pela nona vez no ano.

Falo apenas dos dois, por enquanto, porque o GP dos EUA será isso, uma corrida entre a dupla da Mercedes que luta pelo título desta temporada. Pela décima vez em 2014 a equipe prateada ficou com a primeira fila inteira. Os dois pilotos estão, obviamente, pressionados pela disputa. Lewis tem 17 pontos de vantagem, mas há 100 em jogo nas três corridas que faltam para o fim do campeonato, já que em Abu Dhabi a pontuação será dobrada.

Por isso, podemos esperar um GP de muita cautela de ambos, já que nenhum pode ser dar o luxo de não pontuar. Nico, especialmente, e Lewis já gastaram suas cotas de corridas zeradas no ano, por cagadas ou quebras. Vão deixar para o resto do grid a tarefa de se esgoelar por posições.

Resto magrinho, como vimos falando desde os anúncios de Caterham e Marussia de que não iriam participar desta prova — e provavelmente de mais nenhuma, se alguém não sair em seu socorro. É uma judiação, porque o público em Austin foi enorme hoje e será de novo amanhã, e essa gente merecia mais. Morro de pena dos americanos, que vivem dando chances à F-1, mas a F-1 os trata muito mal. De verdade.

Bem, por conta dos parcos 18 participantes, o Q1 eliminou quatro carros nesta prova, e não seis. Foi tudo normal, com Hamilton em primeiro mais uma vez, Massa em segundo e ninguém se esforçando demais porque, na prática, seriam apenas três degolados, pela decisão da Red Bull de usar o sexto motor no ano num de seus carros — o que empurrou Vettel para largar dos boxes. Assim, preparando-se única e exclusivamente para a corrida, Tião Alemão fez o pior tempo de todos. Caíram com ele Vergne, Gutiérrez e Grosjean, que cometeu um erro bizarro em sua volta.

No Q2, Nico mostrou suas garras bem manicuradas e a surpresa foi Adrian Sutil, que pela primeira vez no ano colocou a Sauber no Q3. Foram espirrados Maldonado, Pérez, Hülkenberg e Kvyat. Pastor conseguiu sua melhor posição de largada na temporada — vai partir em décimo, porque Button, o sétimo, foi punido com cinco posições no grid por troca de câmbio e despencou para 12º. Já o pequeno soviético caiu de 14ºpara 17º porque a Toro Rosso trocou peças de seu motor e levou punição de dez posições. Ah, mas 14 + 10 são 24, Gomes! Eu sei, mas não vou explicar.

O Q3 não teve surpresa nenhuma, a não ser a grande diferença de Rosberg para Hamilton. A segunda fila ficou com a Williams, Bottas em terceiro, Massa em quarto. O brasileiro saiu de seu carro com ar macambúzio. “Esperava estar uma posição à frente”, disse, assumindo um erro na sua volta. Ricciardo ficou em quinto, seguido por Alonso, Button (já falei, larga em 12º), Magnussen, Raikkonen e Sutil.

Havia uma suspeita de boicote pairando no ar, por parte das três médias Sauber, Lotus e Force India. Elas teriam planos de dar uma volta e parar amanhã, o que seria mais um golpe mortal para a F-1 nos EUA. O motivo: essas equipes estão agoniadas porque ninguém faz nada para reduzir os custos da categoria, e não sabem nada do que as grandonas estão conversando com Bernie e com a FIA. A Lotus se apressou em dizer que era cascata, vai correr e está tudo bem. Já a Sauber, depois do nono lugar de Sutil no grid, se pensava em boicotar o GP americano desistiu. A Force India foi a única a assumir que pensava no assunto. Mas não vai segurar essa bandeira sozinha, acho.

A corrida começa às 18h, horário brasileiro delícia de verão. Não tem TV aberta.