Blog do Flavio Gomes
Gomes

KOMBOSA TRIP, DIAS #8 E #9

MONTEVIDÉU (mañana, parrillada) – Aí que a gente acabou chegando a Punta no sábado depois que a corrida terminou. Sin problemas, a ideia era só dar um pulo no balneário e, principalmente, ver o sol desaparecer de uma das terraças da Casa Pueblo. E no caminho teve visita, por isso demoramos mais. Fomos à casa […]

MONTEVIDÉU (mañana, parrillada) – Aí que a gente acabou chegando a Punta no sábado depois que a corrida terminou. Sin problemas, a ideia era só dar um pulo no balneário e, principalmente, ver o sol desaparecer de uma das terraças da Casa Pueblo.

E no caminho teve visita, por isso demoramos mais. Fomos à casa de Gabriel, Mary, Sebastian e Romi, onde hoje vive minha Schnellaster em meio a otras cositas más. A casa do Gabriel fica na Interbalneária, tem um ônibus Mercedes 1951 no quintal e um Austin funcionando, esperando um dono. Bem que podia ser eu, mas é melhor me conter.

Essa turma é amiga recente, mas parece que nos conhecemos há anos. Demos boas risadas e nos mandamos para Punta, sol a pino, muito calor e movimento na estrada. No caminho passamos por Piriápolis, em cujas ruas antigamente se corria de Fórmula 3. As zebras ainda estão lá.

Durante o almoço tardio na Playa Brava (e depois de saber que o velho e bom Colajanni tinha me credenciado para a F-E…), vimos o compacto da corrida na Fox argentina e seguimos para a Casa Pueblo, um dos lugares mais impressionantes do mundo em todos os sentidos — da beleza natural da encosta onde fica o complexo, debruçado sobre o Rio da Prata, passando pela arquitetura da casa-hotel, e terminando com o incrível acervo artístico por todos os cantos. Vilaró, que morreu em fevereiro aos 90 anos, era um grande sujeito. A história dele com o filho é inacreditável, o rapaz foi um dos sobreviventes do avião que caiu nos Andes em 1972. Pesquisem, é fácil de achar.

Quando estávamos saindo, já começando a escurecer, uma moça encostou na janela e perguntou em inglês se poderíamos dar uma carona a ela e uns amigos até Punta. Respondi que infelizmente estávamos indo para Montevidéu. Aí ela abriu o jogo: na verdade, estavam de carro e queriam apenas dar uma volta na “amazing van”.

Todos gostam da Kombosa, incrível. No dia em que fomos à bodega, um sujeito que tinha um Porsche, desses novos, perguntou se eu vendia. Propus trocar no carro dele, mas antes que o cabra aceitasse eu disse que era brincadeira. Não, não vendo. Aliás, falando em bodega, esqueci de contar que na primeira delas, onde compramos umas garrafas, a moça passou o cartão de crédito usando aquela papeleta que marcava o número e o nome com papel carbono, alguém se lembra disso? A gente tinha de assinar e marcar telefone e endereço. Fiquei emocionado e guardei minha via com cuidado. Vou enquadrar.

Hoje a Velha Senhora ficou praticamente de folga. De manhã fomos a pé ver quinquilharias na feira de Tristán Narvaja, e no caminho salvamos a vida de uma senhora que desceu do ônibus passando mal. Tive de chamar a polícia para recolher a cidadã, e foi bem engraçada a reação de Starsky & Hutch quando interceptei a viatura do outro lado da avenida vazia. Starsky engatou a primeira, atravessou na contramão, fritou os pneus do Corsinha na freada e mais um pouco acertaria Aguena e a senhora que estavam sentadas no ponto de ônibus. Ajudamos a colocar a mulher no banco de trás do carro e os policiais levaram-na para um hospital, creio.

Depois disso cravamos um cadeado numa fonte cheia deles e gastamos a sola na feira, que está cada vez mais louca — ficamos intrigados com os celulares sem teclas e com os controles remotos de TV à venda, mas gostei mesmo foi de um rádio Spica só com AM e ondas curtas.

O dia terminou no Mercado Agrícola, ótimo passeio, mantimentos comprados e, amanhã, “churras” em Colónia del Sacramento, com suas ruas que suspiram e sua praça de touros onde a última corrida aconteceu há 102 anos.

Hasta.