Blog do Flavio Gomes
F-1

“ATÉ UM MACACO”

SÃO PAULO (vai lá…) – Em 2002, quando era chefe da Jaguar (hoje Red Bull), Niki Lauda disse que os carros de F-1 estavam muito fáceis de dirigir, e que até um macaco seria capaz de sentar num deles e andar rápido. Aí, ele mesmo foi pilotar e acabou dando vexame. Foi lento e rodou. […]

SÃO PAULO (vai lá…) – Em 2002, quando era chefe da Jaguar (hoje Red Bull), Niki Lauda disse que os carros de F-1 estavam muito fáceis de dirigir, e que até um macaco seria capaz de sentar num deles e andar rápido. Aí, ele mesmo foi pilotar e acabou dando vexame. Foi lento e rodou. A história é lembrada pelo Renan do Couto, com vídeo e tudo, aqui.

Agora, o austríaco, tricampeão mundial e chefe da Mercedes, fala algo parecido. Está fácil demais. É preciso dificultar as coisas.

Tendo a concordar, embora “fácil” talvez não seja a palavra mais apropriada para descrever o que é guiar um F-1. Claro que é difícil, não é qualquer mané que consegue, a maioria dos mortais sequer seria capaz de tirar um carro desses do lugar.

Mas entendo o que Lauda quis dizer. Fácil, mesmo, é chegar no limite desses carros. Já falei disso outro dia. Com um pouco de treino e instruções detalhadas, qualquer moleque forjado na F-3, ou na GP3, ou na GP2, consegue virar tempos muito parecidos, quiçá melhores, do que pilotos mais experientes. Coloque Verstappen, o adolescente, na Mercedes de Hamilton. Ele não vai tomar dois segundos. Nem um. Nem meio. Vai virar três décimos mais lento. Talvez menos.

E não pode. Verstappen tem de ser dois segundos mais lento que Hamilton com o mesmo carro.

Ocorre que o carro que uma equipe entra a um piloto, hoje em dia, está perfeitamente acertado para chegar ao melhor tempo de volta possível. Engenheiros, na frente de seus laptops, decidem tudo: pressão dos pneus, cambagem, carga de mola, carga de freio, posições das asas, absolutamente tudo. O cara senta num carro preparado para chegar ao limite.

A sintonia fina, o estilo de pilotagem, a sensibilidade para sacar uma coisinha ou outra, isso tudo acaba dando nos três décimos. Quando dá.

Assim, concordo com Lauda. Os carros precisam ser mais difíceis de tudo: guiar, acertar, entender. Caso contrário, se nivela tudo por baixo.