Blog do Flavio Gomes
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VIVA A SOCIEDADE DOIS-TEMPISTA

SÃO PAULO (é o cara) – Marcio Fidelis é um jovem que gosta de motonetas e rock’n’roll. E de São Paulo. Esse moço reuniu, domingo passado, 123 vespas, lambretas & similares para um passeio pela cidade. Foi a sétima edição do “São Anivespaulo”, nome que ele criou juntando aniversário, Vespa e São Paulo. (Uma explicação. […]

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SÃO PAULO (é o cara) – Marcio Fidelis é um jovem que gosta de motonetas e rock’n’roll. E de São Paulo. Esse moço reuniu, domingo passado, 123 vespas, lambretas & similares para um passeio pela cidade. Foi a sétima edição do “São Anivespaulo”, nome que ele criou juntando aniversário, Vespa e São Paulo.

(Uma explicação. Vespa e Lambretta são marcas, devem ser grafadas com maiúscula. Mas vespa e lambreta são termos já incorporados ao idioma, como gilete, miojo, chiclete, cotonete, jipe, tefal e catupiri. Portanto, me deixem escrever vespas e lambretas quando achar que devo, e Vespa e Lambretta quando assim convier.)

Não é só um passeio. É um manifesto. Um manifesto de uma molecada (alguns nem tão moleques assim, eu inclusive) que se recusa a ser medíocre. Que quer viver, nem que seja por algumas horas, como se vivia aqui nos anos 50 e 60. Passeando, sorrindo, namorando, ouvindo música.

Fidelis lidera a Scooteria Paulista, um grupo sobre o qual já falei aqui várias vezes. Sem grana, sem tempo, mas com uma paixão encantadora.

E por isso ficamos encantados, todos nós que colocamos nossas motonetas na rua (desculpem, “scooter” é o cacete) domingo, saindo da Vila Mariana (em frente ao Veloso, melhor bar da cidade), pegando a Vergueiro, passando pela Paulista, descendo a Augusta, cortando a Avanhandava, e depois o Centro, Copan, São Luiz, Edifício Itália, Biblioteca Mário de Andrade, Theatro Municipal, Viaduto do Chá, Pátio do Colégio, Praça da Sé, até estacionarmos todos no Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo.

Subimos ao topo, vimos nossa cidade do alto, depois fomos até a São João, a um prédio construído em 1939 que virou cena cultural, teve nhoque, rock, e sorrisos, muitos sorrisos.

123 motonetas, vindas de longe, de perto, de todos os lados. Pipocando seus motores, deixando para trás o perfume do óleo dois tempos, e mais sorrisos, muitos sorrisos, de todos que nos viram e para nós acenaram, e nos fotografaram e filmaram.

Sim, hoje a gente é filmado e fotografado o tempo todo, ainda mais quando se sai por aí em bando montando vespas e lambretas. Não faz mal. Essa gente dois-tempista ter orgulho de ser o que é.

Os primeiros relatos de quem participou já estão pingando no site da Scooteria. O texto do Fidelis é minucioso e delicado. Mas, sobretudo, fiel ao que somos: um bando de apaixonados. Nem todo mundo entende essa paixão por algo como uma motoneta, mas não faz mal. Se apaixonar é bonito. Nossos sorrisos não mentem.