Blog do Flavio Gomes
F-1

CATALINHAS (3)

SÃO PAULO (agora, eletricidade) – Sob o sol incomparável da Catalunha — é um sol diferente, mas precisa ir lá para ver como é –, não é que Nico Rosberg desbancou Lewis Hamilton? É, amigo, como diria meu amigo. Importante, porque depois de quatro poles seguidas do parceiro, o alemão precisava, com urgência, mostrar que […]

bricksflagsSÃO PAULO (agora, eletricidade) – Sob o sol incomparável da Catalunha — é um sol diferente, mas precisa ir lá para ver como é –, não é que Nico Rosberg desbancou Lewis Hamilton? É, amigo, como diria meu amigo. Importante, porque depois de quatro poles seguidas do parceiro, o alemão precisava, com urgência, mostrar que ainda existia e participava do campeonato. Conseguiu. “Quem é esse loirinho que ficou na minha frente?”, perguntou o britânico ao seu engenheiro. “É aquele menino que corria aqui no ano passado”, respondeu o vassalo.

Foi a 16ª pole seguida da Mercedes — as últimas 11 do ano passado e as cinco desta temporada. E a 24ª consecutiva do motor alemão, já que em 2014 o time prateado só não fez a pole na Áustria, mas quem largou na frente, Massa, levava no lombo a estrela de três pontas.

E vamos ao que de mais relevante aconteceu agora cedo em Montmeló — é uma cidade da grande Barcelona, tipo Osasco.

O Q1, creiam, foi emocionante. Lá na rabeira, claro. Nos últimos segundos, pilotos como Ricardão, K-Vyado, Maldanado, Grojã, Bonitton e El Fodón de la Depresión se salvaram graças, principalmente, à medíocre fase da Force India, que acabou degolada com seus dois pilotos ao lado dos caçulinhas da Manor Marussia e de Sonyericsson — que às vezes tem sinal, às vezes não.

Foi a primeira vez no ano que a McLaren colocou seus dois carros no Q2 neste ano. Detalhe: os tempos de Stevens (1min31s200) e Mehri (1min32s038) seriam suficientes para que largassem, na GP2, em 22° e último, respectivamente. Stoffel Vandoorne, o pole da categoria-escola que está correndo em Barcelona neste fim de semana, virou em 1min29s273 na sua melhor volta. A diferença para a F-1 é pequena demais, meninos e meninas. A F-1 tem carros lentos, meninos e meninas. Coisa de 6s por volta mais lentos do que em 2009, meninos e meninas. Nunca vi se gastar tanto para fazer carros piores.

Lá na ponta, para afastar qualquer dúvida, Comandante Amilton e Rosberguinho ficaram próximos, seguidos por Kimi Dera Um Picolé, Sainz Idade, Massacrado e Sapattos. Pneus duros para quem não precisava se esforçar muito (a dupla mercêdica e Tião Italiano), médios para quem precisava mostrar serviço (os outros todos). Tudo normal.

No Q2, nenhum milagre, também. Os eliminados foram os que deveriam ser eliminados: Grosjean, Maldonado, Alonso, Button e Nasr, pela ordem. Mas Rosberg colocou o pescocinho dourado para fora do engradado e virou 1min25s166 contra 1min25s740 de Lewis. Uma diferença considerável. Passaram ao Q3 as duplas da Mercedes, Ferrari, Williams, Red Bull e Toro Rosso. Era o esperado, mas sempre vale destacar: a Sauber, que começou bem o ano e fez uma boa pré-temporada, ficou para trás (até da McLaren) e as perspectivas de pontuar com frequência, que eram bastante promissoras nas primeiras corridas, passaram a ser bem menos interessantes. Nasr, o novo Senna das galáxias depois do quinto lugar da estreia, vai sofrer — e não tem culpa nenhuma nisso.

Sobre o resultado, Alonso comemorou o fato de ter ficado na frente “de meu companheiro, amigo e camarada Tarso”. E protagonizou um momento emocionante ao lembrar do acidente do início do ano, nos testes, do qual felizmente se recuperou. “Sempre que eu passar naquele ponto da Peraltada vou me lembrar do que aconteceu”, disse, abaixando a cabeça para tentar esconder os olhos marejados. “Foi muito importante o apoio de todos depois daqueles momentos difíceis. Se hoje estou assim, devo tudo a Flavio Briatore, Paul Stoddart, Iniesta e Penélope Cruz.”

A disputa pela pole no Q3 estava entre os dois pilotos da Mercedes, previsivelmente. Hamilton fez 1min24s948 na primeira tentativa. Rosberg deu o troco com 1min24s681, esticando ainda mais o pescocinho dourado. A diferença era quase “intirável”, o que deixou Comandante Amilton aperreado. “Ôxi, de onde esse galego tirou esse tempo?”, perguntou pelo rádio.

Massa fez uma tentativa apenas de volta rápida. O mesmo valeu para a dupla rubrotaurina. Faltando dois minutos, cinco pilotos foram para a pista — as duplas prateada e vermelha, mais Felipe I. Em seguida, o resto. Hamilton não melhorou — Rosberg também não, e a diferença entre ambos se manteve nos “intiráveis” 0s267. A primeira fila ficou assim, com Nico na frente de Lewis, finalmente. Vettel fez o que dele se imaginava, terceiro. Bottas também, quarto. Aí, a dupla sensação do fim de semana: Sainz Jr. em quinto, Verstappinho em sexto. Na sequência, a fila das decepções: Raikkonen apenas em sétimo, Kvyat em oitavo, Massa em nono, Ricciardo em décimo — todos eles a léguas de distância da ponta, Kimi a 1s7 da pole, Felipe I a mais de 2s.

Passeio mercêdico marcado, resta saber apenas quem vence — Hamilton ou Rosberg. Aposto no alemão, porque se ele não ganhar uma corrida agora, hoje, neste exato momento, está morto e enterrado. O pódio será completado provavelmente com Vettel. A gente conhece Barcelona. Pista de ultrapassagens difíceis, por conta de suas curvas de raio longo e dependência extrema da aerodinâmica.

Não esperem muito do GP da Espanha, em resumo.

Primeira Impressão: Hamilton precisa de resistência. Que se chama Rosberg