Blog do Flavio Gomes
F-1

OU FORD OU SAI DE SIMCA

SÃO PAULO (mas decide) – Sempre gostei de equipes de fábrica na F-1, embora concordasse com o que dizia Max Mosley na época em que ele fazia o possível para estimular os times independentes. O argumento do ex-presidente safadinho da FIA era que as montadoras entravam e saíam ao sabor do que decidiam seus conselhos diretores, sem […]

SÃO PAULO (mas decide) – Sempre gostei de equipes de fábrica na F-1, embora concordasse com o que dizia Max Mosley na época em que ele fazia o possível para estimular os times independentes. O argumento do ex-presidente safadinho da FIA era que as montadoras entravam e saíam ao sabor do que decidiam seus conselhos diretores, sem que houvesse real comprometimento com o esporte.

[bannergoogle] Por isso, Max queria mesmo era um monte de garagistas apaixonados, uma visão um tanto romântica — alimentada menos por convicção, mais pelas eternas disputas de poder naqueles tempos em que as fábricas queriam assumir o comando da bagaça toda.

Fato é que o tempo foi passando e muita gente foi tirando o time de campo. Toyota e Honda, por exemplo, tinham equipes próprias. A primeira sumiu do mapa. A segunda voltou agora — e muita gente acha que era melhor ter ficado onde estava. A Jaguar — leia-se Ford — também pulou fora, mas pelo menos a Red Bull comprou. Mas a BMW nunca mais voltou. Já a Mercedes fez o caminho inverso e de fornecedora de motores virou equipe.

Resta a Renault, que vai e vem, não sabe de Ford ou sai de Simca. Nos anos 70, chegou com tudo instituindo padrões de excelência de motores turbo que as outras equipes tiveram de perseguir. Depois saiu em meados dos anos 80, ficou um tempo observando o cenário e voltou no final da década como fornecedora, fazendo enorme sucesso nos anos 90 ao lado de times como a Williams e a Benetton. Aí, resolveu ter equipe própria de novo. Esse movimento de ioiô durou até 2010, quando picou a mula novamente para concentrar esforços numa cliente, a Red Bull.

Tudo isso para dizer que a ideia do momento é comprar uma equipe, ou então se pirulitar. É assim que o brasileiro Carlos Ghosn, presidente da montadora, encara o futuro da marca na F-1. As coisas com Red Bull e Toro Rosso não andam nada bem. A matriz não passa um dia sem criticar os franceses. Reclamam até do design do novo Twingo e não se conformam com a feiura do Logan. Tudo é motivo para uma alfinetada.

Por outro lado, a Renault se sente limitada em várias frentes. Não pode se meter na vida da equipe — ou das equipes, embora na Toro Rosso a crise tenha dimensão bem menos ruidosa –, tem peso político bem menor que as concorrentes e está cansada de levar porrada sem ter como se defender. Com um time próprio, talvez dê para retomar o caminho de anos passados. Talvez. Mas é preciso, também, entender para que lado a F-1 vai nos próximos anos.

Em resumo, a impressão que Ghosn passa é que ou a Renault assume uma equipe, e a Toro Rosso é o alvo mais óbvio, ou vai cuidar de outras coisas. Se fizer isso, pode começar com o design do Logan.

A foto abaixo é do último Renault puro. Kubica no Bahrein, 2010. Era linda essa pintura. Ainda mais com o emblema da Lada na lateral.