Blog do Flavio Gomes
F-1

ZÉ TWEG (3)

SÃO PAULO (vai bobeando, vai…) – Uma largada chulé de Hamilton determinou o resultado do GP da Áustria agora há pouco. Na pole, o inglês vacilou, Rosberguinho não quis saber, pulou na frente, resistiu aos ataques das primeiras curvas e respirou quando Raikkonen deu uma de cavalo chucro (antes que achem que vão me corrigir, […]

podioaustria15

SÃO PAULO (vai bobeando, vai…) – Uma largada chulé de Hamilton determinou o resultado do GP da Áustria agora há pouco. Na pole, o inglês vacilou, Rosberguinho não quis saber, pulou na frente, resistiu aos ataques das primeiras curvas e respirou quando Raikkonen deu uma de cavalo chucro (antes que achem que vão me corrigir, “chucro” aceita duas grafias, a que usei e “xucro”, com “x”, mas prefiro com “ch”) e acabou montado por Alonso. O safety-car freou o ímpeto do Comandante Amilton, que estava muito disposto a recuperar o que perdera na largada antes de fechar a primeira volta.

O acidente, na curva 2, foi dos mais esquisitos, mas abreviou o calvário do espanhol, pelo menos. O carro do finlandês deu uma rabeada na reta, Fernandinho tentou passar, de repente a Ferrari guinou para a esquerda e a McLaren teve seu momento de maior velocidade em 2015, decolando para o infinito e o além. Ambos pararam trepados no guard-rail. Felizmente ninguém se machucou. Kimi disse que seu carro destracionou na reta e que não entendeu direito o que aconteceu. Alonso, totalmente zen, já plenamente recuperado da pancada na cabeça que tomou em Barcelona, falou que quando viu o céu azul diante de seus olhos pensou na paz mundial e em como se preocupa com “o fim da aventura humana na Terra, o final da odisseia terrestre”. Os repórteres se enterolharam, e Fernando continuou. “Meu carro era a última astronave, foi ali, de frente para o infinito, que pelo espaço de um instante percebi que só me restava o céu para voar, sobre o Rio, Beirute ou Madagascar.”

Sete voltinhas de safety-car deixaram Hamilton menos afoito e deram tempo a Nico de se preparar para uma relargada consistente. Foi o que fez. Quando a prova recomeçou sob o solzinho gelado de 14° de Spileberg/Zeltweg, o alemão deu uma estilingada, abriu em poucas voltas uma segura diferença de 2s e se manteve firme na ponta com alguma atenção, claro, até Hamilton ajudar mais um pouquinho, fazendo mais uma bobagem.

Ao sair dos boxes depois de sua parada única, na volta 36, o inglês deu uma mordida na faixa que delimita a saída do pit-lane, invadindo o leito da pista antes do permitido. Tomou uma punição de 5s no seu tempo total de prova. Se quisesse vencer, teria de passar Rosberg e abrir mais de 5s para o companheiro, um pulo de quase 10s, considerando a diferença que tinha para ele àquela altura. Tarefa impossível. Sossegou o facho e tratou de ficar quietinho em segundo antes que fizesse mais alguma merda.

Essa foi a história da quinta dobradinha da Mercedes no ano, que resultou na terceira vitória de Rosberg na temporada, 11ª de sua carreira. Com ela, a briga pelo título voltou a esquentar. São apenas dez pontos favoráveis a Hamilton, 169 x 159.

[bannergoogle] Mas o GP austríaco teve mais. Teve Massa no pódio, conseguindo cumprir a meta estabelecida desde a chegada a Zelwteg — onde largou na pole no ano passado. Felipe era quarto no grid, e em quarto chegaria se a Ferrari não se atrapalhasse na parada de Vettel, na volta 37. O brasileiro tinha parado na 35ª. Tião Italiano, que vinha em terceiro desde o início, já pensando em qual lugar da estante colocaria o feioso troféu que ganharia dali a pouco, perdeu 13s parado na frente da garagem da Ferrari. A roda traseira direita não se entendeu com a pistola do mecânico e a culpa foi jogada na porca. Quando tudo finalmente se ajeitou, Sebastian voltou à pista atrás do brasileiro.

Remou, remou, remou e na volta 43 estava 4s atrás do piloto da Williams. Remou mais um pouco, e na 53 a diferença era de 2s2. A briga pelo pódio nas últimas voltas dava pintas de se transformar no ponto alto da corrida. Mas Massa se mantinha seguro e constante, fazendo tempos de volta que não permitiam uma maior aproximação do alemão. Isso até a volta 65, quando a diferença caiu para menos de 1s, e a partir dali Tião poderia usar a asa-móvel. A ultrapassagem era uma questão de tempo. Certo?

Que nada… Felipe, com uma pilotagem perfeita, sem cometer nenhum erro, não deu chance alguma a Vettel de tentar a ultrapassagem e foi ao pódio pela 40ª vez na carreira, ficando ele com o feioso troféu. De quebra, passou da barreira dos 1.000 pontos na F-1, estatística meio deturpada porque o sistema de pontuação vem mudando muito nos últimos tempos — hoje um vencedor faz quase três vezes mais pontos do que quem ganhava uma corrida nos anos 90.

Vettel recebeu a bandeirada em quarto razoavelmente irritado com a equipe, seguido por Sapattos, Incrível Hulk (um dos grandes nomes do dia), Maldanado, Verstappinho (os dois travaram um lindo e perigoso duelo no final), Maria do Bairro e Ricardão — este, com uma estratégia meio doida de parar apenas na volta 51 com os pneus em frangalhos, mas acabou funcionando e beliscou um pontinho. Felipe Nasr terminou em 11º depois de passar boa parte da prova na zona de pontos. Mas não foi suficientemente agressivo para lá permanecer, e ainda teve sérios problemas nos freios, que superaqueceram. “Precisamos encontrar uma solução para isso logo”, ralcamou Felipe II. Na prática, o carro da Sauber é presa fácil para quem tem algo um pouquinho melhor. Para pontuar, é preciso fazer alguma coisa diferente. Isso porque eu achava que o time suíço faria pontos em todas as corridas… Afinal, tirando McLaren e Manor Marussia, são 16 carros que disputam realmente um GP, e chegar entre os dez de 16 não deveria ser tão complicado assim. Mas tem sido.

Hamilton reconheceu os méritos de seu companheiro, na entrevista no pódio — conduzida por Gerhard Berger, que falou palavrões e chamou Rosberg de “Lewis”, para gargalhadas gerais… “Larguei muito mal e ele foi mais rápido do que eu. Depois disso, tentei de tudo para alcançá-lo e não consegui. Nico mereceu”, falou o inglês, num rasgo de humildade.

Foi a segunda vitória de Rosberguinho na Áustria. No fim das contas, uma corrida com alguma disputa apenas no segundo escalão, considerando que a luta pelo terceiro lugar acabou ficando apenas no ensaio.

Legal, mesmo, foi ver antes da largada veteranos como Patrese, Piquet, Lauda, Prost, Berger, Alesi, Martini e Danner andando com carros antigos da categoria. Foi uma farra. Piquet deu zerinho e deixou o carro no meio da pista. Martini teve de pular correndo da Minardi, que começou a pegar fogo. No fim, um grande barato.