Blog do Flavio Gomes
Gomes

ENTREVISTA COM O BLOGUEIRO (13)

SÃO PAULO (vamo que vamo) – Hoje é dia da sexta remessa de perguntas feitas pela blogaiada a este blogueiro algumas semanas atrás, na maior entrevista coletiva de todos os tempos – 354 postagens, com umas 500 questões divididas em 18 páginas do WordPress… Para quem está chegando agora, as respostas estão sendo publicadas de […]

SÃO PAULO (vamo que vamo) – Hoje é dia da sexta remessa de perguntas feitas pela blogaiada a este blogueiro algumas semanas atrás, na maior entrevista coletiva de todos os tempos – 354 postagens, com umas 500 questões divididas em 18 páginas do WordPress…

Para quem está chegando agora, as respostas estão sendo publicadas de trás para frente – das últimas recebidas, na página 18, até o início; hoje é a vez da página 13. E as perguntas não são editadas. Do jeito que chegaram estão sendo reproduzidas.

Acho que hoje vai ser mais rápido, porque tem algumas perguntas repetidas. Cardápio variado, interessante, questões profissionais, políticas, pessoais. Tudo que vocês sempre quiseram saber e nunca tiveram coragem de perguntar.

Vamos a elas, e não deixem de comentar. Gosto dos comentários.

[bannergoogle] Alexandre Quintão – Seu maior ídolo no automobilismo, quem é? e por quê? Se responder que não tem me reservo o direito de não acreditar…
RESPOSTA – Já respondi, acho. Bernd Rosemeyer, o cara que levou a Auto Union a vitórias inacreditáveis e que morreu tragicamente em 1938 numa tentativa de quebra de recorde de velocidade na Alemanha. E o Marinho, da Vemag.

Diego Santos – Existe alguma espécie de “rixa” ou inimizade entre você e o Luís Fernando Ramos (Ico)? Ambos são grandes jornalistas e nunca vi um fazer menção ao outro…
RESPOSTA – Não. O Ico fez uma coisa que eu não faria com um amigo (ou mesmo um inimigo), se oferecer a um jornal para ocupar uma função que já estava ocupada. Eu escrevia para o “Lance!” desde 1997. Era algo muito importante para mim, do ponto de vista pessoal, apenas – a grana era curta, não era o principal. Afinal, participei da criação do diário, tinha enorme carinho pelo projeto, estava lá desde o número zero. Em 2010, sem eu saber de nada, ele negociou com o “Lance!” para fazer a mesma coisa, o que levaria o jornal a fazer uma escolha, e o resultado, se eles aceitassem a proposta dele (vantajosa, de custo mais baixo, aproveitando que ele viajaria pela Rádio Bandeirantes), seria ter de me dispensar. Foi o que aconteceu. Nunca fiz nada parecido com colega algum. Não acho correto. Quando montei minha agência, a Warm Up, para fazer cobertura de F-1, ofereci meus serviços a todos os jornais do Brasil, exceto cinco, que já tinham correspondentes fazendo a mesma coisa: “Folha de S.Paulo”, “O Globo”, “Jornal do Brasil”, “O Estado de S.Paulo” e “Jornal da Tarde” (que usava o mesmo material do “Estadão”). É assim que procedo. Nunca tirei o lugar de ninguém me oferecendo para fazer a mesma coisa. Mas isso já faz mais de cinco anos, não tenho ressentimento algum, nos vemos uma vez por ano em Interlagos e não viramos a cara um para o outro, ao contrário. Nos cumprimentamos com cordialidade e conversamos normalmente. Hoje o Ico é blogueiro do UOL, mesmo portal onde estamos hospedados, e isso nunca me incomodou. Na internet, a coisa é diferente – há espaço para todos. Num jornal isoladamente, no caso de F-1, não. Ninguém tem mais de uma pessoa cobrindo a mesma coisa. Se você quer entrar e já tem outro ali, esse outro tem de sair. Não é assim que a banda toca, no meu modo de encarar a profissão. Se o “Lance!” estivesse insatisfeito comigo e quisesse me mandar embora, OK. Mas não foi o caso. Eles foram colocados diante de uma situação que envolvia a possibilidade de reduzir seus custos a partir de uma oferta que chegou de fora, não estavam procurando ninguém. E acabaram optando pelo Ico. Respeitei a decisão, mas achei desleal. Assim como respeito o trabalho dele, é um apaixonado por F-1, conhece o assunto, escreve bem, encerrou o assunto. Mas confesso que não acompanho muito o que é feito fora do Grande Prêmio. Talvez por isso não haja aqui nenhuma menção ao que ele escreve.

O esquadrão de 1952. Entre eles, Julinho e Djalma Santos. Chegando ao fim?

Wagener – Bom dia, bela iniciativa FG. Te admiro e acompanho seu trabalho a bastante tempo. Vou começar com algumas curiosidades: Na sua opinião quais são os melhores pilotos que você viu correr, independente da categoria? Agora com a Lusa, infelizmente, a caminho do fim pensa em torcer pra outro time ou virar apenas um simpatizante de futebol? civic ou corolla? Coreia do Sul ou do Norte? Porque? São Paulo ou Rio? Você só tem automóvel antigo na garagem? nenhum “novo”? e o rádio, não pensa em fazer algum programa para que possamos te acompanhar? Grande abraço e parabéns mais uma fez pela oportunidade.
RESPOSTA – Nove perguntas numa só. Esse aproveitou o espaço… Vamos lá. Tive sorte de ver muita gente boa, então a resposta à primeira é fácil: Schumacher, Prost, Senna, Piquet, Alonso, Hamilton e Vettel estão na lista dos melhores que vi. Talvez deva incluir Valentino Rossi e Sébastien Loeb nessa relação. Sobre a Portuguesa, você está falando besteira e nem vou perder meu tempo comentando uma bobagem como essa de o clube estar a caminho do fim. Você não entende de futebol, para dizer algo assim. Civic ou Corolla? Nenhum dos dois, carros feios e sem graça. As duas Coreias têm histórias interessantes. Uma, a do Norte, escolheu ser um país independente e autossuficiente. A outra optou pela inserção no mundo capitalista, investiu pesado em educação, obteve resultados muito rápidos. Ambas têm seus méritos, e acho que nenhum dos dois caminhos funcionaria se não fosse o modo oriental de enxergar o mundo. São Paulo é uma cidade muito dinâmica e interessante, o Rio é belo e complicado. Adoro o Rio, mas não viveria lá. Meu carro mais novo é 1997. Tenho projetos para rádio, mas não dependem muito de mim – de qualquer forma, não estão ligados a futebol, isso não quero fazer mais. O que penso para rádio é algo mais inovador na linguagem e, principalmente, que bata de frente com essa onda conservadora que tomou conta do dial e que combata a burrice endêmica que se espalha pelo Brasil.

MIKE Junior – Gostaria de saber sobre sua saída da espn. Sua opinião sobre o motivo de sua saída. Pelo que fiquei sabendo foi apenas devido a seu comentário sobre o resultado do jogo da portuguesa. Isso é motivo para demissão?
RESPOSTA – Sim, foi isso, aparentemente. Não, não acho que seja motivo para demissão.

Gustavo Coelho – Flávio, tirando a Lusa, qual o time no Brasil, que você mais simpatiza? Qual a escuderia de F1 que você gosta mais?
RESPOSTA – Gosto muito do Brasil de Pelotas, clube que tem uma história muito bonita e uma torcida incrível. Na F-1, não tenho preferência. Sempre gostei muito da Jordan e da Minardi, mas essa admiração não foi transferida automaticamente para Force India e Toro Rosso, suas sucessoras. Hoje, acho a Mercedes fantástica.

Diogo – Só uma pergunta importa: O QUE ACONTECEU EM ÍMOLA???
RESPOSTA – Quando? Como a pergunta é um pouco genérica, não sei direito como responder. O óbvio seria dizer que aconteceram duas tragédias num fim de semana muito triste. Mas não sei se é a isso que você se refere.

Jonas Martins – Flavio, parabéns pela iniciativa. Sou grande fã de corridas desde criança. Brincava de corrida de carrinhos, depois corrida de videogame. Hoje participo de track days para tentar satisfazer esse meu instinto de correr e paixão por automóveis. Quando criança, adorava brincar de narrar corridas, e confesso que lamento muito não ter ao menos tentado seguir uma carreira como narrador. Minha pergunta é – envolvido no automobilismo, em transmissões e correndo com o mítico Meianov, existe ainda algo que te surpreenda nas corridas? E outra, a paixão ainda é a mesma do início de carreira, ou é algo que foi mudando durante o tempo? Um abraço! Se precisar de alguém, me contrate!

Panis em Mônaco, 1996: vitória das mais surpreendentes da história da F-1

RESPOSTA – Odeio track days. Do jeito que estão fazendo esse negócio, neguinho vai se arrebentar feio e não vai demorar. Instinto de correr deve ser satisfeito disputando corridas, e não tirando racha em autódromo sem condições mínimas de segurança e preparo individual. É um absurdo o que andam fazendo em Interlagos. Tem cara virando volta em 1min40s com supercarros, tendo de desviar de Fusca e MP Lafer que só vão passear. Sim, muitas vezes algumas corridas são surpreendentes, como o GP da Hungria, domingo passado, a vitória de Maldonado em Barcelona, de Herbert em Nürburgring, de Panis em Mônaco… A paixão hoje pode ser menor, mas não é porque deixou de existir. É porque o objeto da paixão mudou muito e é menos apaixonante. Corridas já foram mais apaixonantes.

Czar – Vi há alguns anos um vídeo feito pela Audi sobre veículos antigos. Você foi convidado e falou sobre os decavês brazucas. Considerando a sua já conhecida admiração por assuntos da ex-URSS, lá vai: onde você aprendeu a falar inglês com sotaque soviético? Sei que parece zoeira, mas não resisti. Estou aguardando estes anos todos pelo momento de fazer esta pergunta e finalmente a oportunidade surgiu.
RESPOSTA – “Decavês”… Quando vão aprender que é DKW, com W? Impressionante. Você escreve “beemevê”? Ou “renô”? Ou “lendirrôver”? Não tenho sotaque soviético nenhum. Falo inglês fluentemente e com sotaque de brasileiro que aprendeu na escola. O vídeo ao qual você se refere foi feito por e para alemães. Apenas falei como eles entendem. Se fosse para franceses, o sotaque seria diferente. Para italianos, mais ainda — e divertido.

Mauro Sousa – Flávio, você acha que se o diretor geral da ESPN Brasil fosse o Trajano, e não o Palomino, no momento da sua saída, o resultado daquela situação teria sido diferente?
RESPOSTA – Acho.

Fabrício Berbel – Sou de Presidente Alves-SP, região de Bauru. Como paulista, muitas vezes, me incomodo quando percebo que alguns jornalistas da capital desconhecem o nosso interior do estado. Digo isto porque sou um curioso a respeito de cidades: nomes, história, pontos turísticos, etc. Sou uma pessoal que admira o que cada uma das cidades pode oferecer a seus visitantes e, principalmente, seus moradores. Desta forma, a minha questão é simples e direta: o que você, Flavio Gomes, conhece deste nosso interior, o que te chama mais atenção e o que já visitou da nossa região de Bauru? Um grande abraço Flavio. Sucesso sempre.
RESPOSTA – Me inclua fora dessa. Morei no interior por quatro anos, em Campinas. Conheço bastante o interior e já viajei muito por quase todos os cantos, especialmente por causa de futebol. Correndo o risco de esquecer alguma coisa, claro, já fui ver a Portuguesa jogar em Sorocaba, Jaú, Araraquara, Itu, Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Rio Claro, Ribeirão Preto, Limeira, Capivari, Guaratinguetá, tenho parentes em São José dos Campos e Taubaté, amigos em Araras, Ourinhos, São Carlos, Piracicaba, Mococa, Mogi Mirim, Mogi Guaçu, viajo com frequência para todo lado. Enfim, conheço bastante coisa, com exceção do extremo oeste do Estado. Gosto da simplicidade do interior, de seu ritmo desacelerado, da sensação de que o tempo passa mais devagar nas cidades pequenas.

Rafael Palladino – Tenho achado você bem desanimado com a F1 ultimamente. Se não existisse o Grande Prêmio, você ainda acompanharia a categoria tão de perto?
RESPOSTA – Não confunda ser crítico com estar desanimado. Claro que acompanharia, como sempre acompanhei antes de ser jornalista e antes de trabalhar com isso. Mas acho, sim, que a categoria está num caminho equivocado – eu e muita gente, inclusive. Isso não é desãnimo. É raiva, mesmo, de ver como já foi muito mais legal e como está se perdendo na adoção de tecnologias desnecessárias – e caríssimas –, na escolha dos países onde corre, no conformismo com o grid magro e com a qualidade discutível de alguns pilotos etc. Quando uma coisa que já foi muito boa piora, a gente fica puto, só isso.

Felipe Oliveira – A pergunta que não quer calar: Quantos e quais são todos os carros que possui?
RESPOSTA – Já respondi isso, não sei bem quando. Procura aí nas postagens anteriores.

Irinaldo Barros – Olá FG, td bem?! Sou seu fã! Adoro seus comentários sobre o mundo das corridas e mais ainda, seus comentários políticos. Então vamos lá – Vc é um cara de “esquerda” (não quero colocar nenhum rótulo de partidos) e assim, como começou essa sua atuação no campo da esquerda?! Sua conduta como profissional é exemplar (é o que acho!!) mas como vc concilia um mundo preponderantemente capitalista (mundo das corridas), com uma formação de esquerda?! QUANDO VOLTA A RADIO GP!!!!!!!! ADORO!!!!!!!
RESPOSTA – De novo os malditos silogismos. “O cara é de esquerda, corrida é coisa de rico e que envolve dinheiro, o cara não pode gostar de corrida.” Gente, o mundo não é branco ou preto, ele tem vários tons de cinza, se é que me entendem. Não há contradição nenhuma entre ser de esquerda e conviver com algo que movimenta dinheiro, como corridas. Havia corridas nos países comunistas. Automobilismo é apenas um esporte. Não se mistura com ideologia alguma. Quanto a ser de esquerda ou de direita, em vez de abrir uma discussão teórica sobre cada linha de pensamento, vamos fazer o seguinte. Vou escalar dois times de personalidades/jornalistas/políticos que a maioria conhece, ou ao menos ouviu falar, deixando no ar a pergunta: com quem você preferiria dividir uma mesa de bar? Time da direita: Reinaldo Azevedo, Ronaldo Caiado, Silas Malafaia, Marco Feliciano, Danilo Gentili, Roger do Ultraje, Lobão, Rodrigo Constantino, Augusto Nunes, Rachel Sheherazade e Jair Bolsonaro. Time da esquerda: Chico Buarque, Eduardo Suplicy, José de Abreu, Gregório Duvivier, Paulo Betti, Fernando Morais, Lula, Mino Carta, Olívio Dutra, Luiza Erundina e José Trajano. Na boa, compartilhar das opiniões, pensamentos e atos do primeiro time é algo de envergonhar qualquer um.

João Victor – Haveria possibilidade de você participar de um Podcast?
RESPOSTA – Já fizemos isso no Grande Prêmio durante um tempo e estamos estudando novos projetos, provavelmente em vídeo.

Com o amigo Rogério Tranjan em Interlagos: precisa ser divertido

Sergio Mancini – Acompanho o blog diariamente há muito tempo mesmo. Acompanho a classic desde o tempo dos farnéis. Vou a quase todas as corridas em Interlagos e fico na porta do Box da LF, o box nº 20. Já até trocamos alguns “Olá, tudo bem?” , mas nunca conversamos. Fico lá apenas admirando os carros, a movimentação e fico pensando: Que legal o Flávio, corre com os carros que dizem alguma coisa para ele e não está nem aí para o resto. O mais importante para ele é curtir a pilotagem dos carros que ele gosta. Então pergunto: É assim mesmo que você pensa quando está participando da Classic? E por que você parou?
RESPOSTA – É exatamente assim. Só faz sentido para mim correr com carros que tenham algum significado, que de alguma forma façam parte da minha história pessoal. Amo os DKWs, amo os Ladas, amo alguns VWs. Não correria com carros que não me dizem nada pessoalmente, nem com qualquer carro modificado na sua essência – coisas como Fusca, Puma e Chevette com motor AP, embora entenda a opção de muitos dos meus amigos que têm uma relação diferente com carros e se preocupam mais com a competição e com o desempenho. Parei porque a Classic Cup se desviou demais da sua origem e está virando uma categoria de Força Livre, com carros novos disfarçados de antigos. Estão gastando muito dinheiro e tem gente com pouco preparo correndo. No fim de semana aconteceu um acidente horrível que deu perda total em nada menos do que cinco carros. Felizmente ninguém se machucou seriamente. Não sei ainda o que vou fazer em relação a isso. Gosto de correr e quero voltar, mas preciso pensar bem no assunto. Antes de mais nada, temos de recuperar o caráter de diversão que sempre tivemos, voltar a sorrir. Quando correr se torna um aborrecimento, não vale a pena.

Marcelo Feitosa – Primeiro quero parabenizar você pelo ótimo trabalho que desempenha. Já são 33 anos nessa vida, como você disse no texto, qual foi a coisa mais bizarra que presenciou nos bastidores das corridas de F1? Sou um cara que acompanha seu trabalho sempre.
RESPOSTA – Bom, acho que bizarrice maior que aquele GP dos EUA com meia-dúzia de carros, em 2005. Nunca veremos novamente. Isso não é propriamente algo que tenha acontecino nisso que se chama genericamente de “bastidores”, mas foi, sem dúvida, a coisa mais esquisita que já vi no automobilismo.

Glauco Matos – Bom dia. Minhas perguntas são de alguém completamente desanimado com 100% dos políticos brasileiros. Não sei mais em quê acreditar. Qual a sua avaliação do cenário político atual? Você acredita em todas essas investigações que direcionam tantos desvios à políticos do PT? Se ficar concretizado, todo esse esquema, você deixaria de acreditar na ideologia do Partido? Existe, realmente, solução? Obrigado. Abraço.
RESPOSTA – Sério que tem gente que acredita que apenas políticos do PT estão envolvidos? O cenário é muito claro e já falei sobre isso. O PT fez a enorme cagada de se aliar a quem não devia em nome da governabilidade, quando deveria romper com todo mundo e governar para quem interessa, o povo. Em certa medida, fez isso, e ainda está fazendo. Só que a elite brasileira se cansou dessa história de ver seus privilégios reduzidos e de ter sido apeada do poder que sempre teve, e resolveu colocar o pescocinho para fora do engradado. Temos hoje uma mídia engajada em derrubar a presidenta e muito dedicada a blindar figuras da oposição que são muito mais nocivas ao país do que meia-dúzia de funcionários corruptos, alguns ligados ao PT, sem dúvida, que meteram os pés pelas mãos. Não sem a valiosa contribuição dos agentes de sempre, que há décadas fazem a mesma coisa: corrompem quem quer que estiver no governo. O fato é que nunca se investigou tanto, e com tanta autonomia. O governo deveria ser elogiado por fazer o que está fazendo, e não esculachado como se fosse fonte única de corrupção no país. Quem está investigando, processando e prendendo peixes grandes não é a oposição. É a Polícia Federal. Que, em última análise, responde ao Ministério da Justiça. E embora essas investigações sejam claramente contaminadas e seletivas, com a inestimável contribuição da imprensa, que só mostra o que quer, o governo federal não está fazendo nada contra elas, dando uma demonstração muito eloquente de que respeita as instituições democráticas — ao contrário de governos anteriores que passaram décadas varrendo para baixo do tapete seus crimes e pecados. O fato de alguns integrantes do PT estarem envolvidos em denúncias não significa que a ideologia do partido deva ser invalidada. Isso é simplificar demais o debate político, que é o que se faz hoje no Brasil. De tudo que está acontecendo, não me surpreende, nem deprime, o fato de haver gente do PT sendo acusada – estamos falando de seres humanos, gente que erra, faz cagada, é filha da puta, desonesta, e esse tipo de gente se encontra em qualquer segmento da sociedade. O que me deixa realmente deprimido é o ódio de classes que aflorou nos últimos dois anos com o evidente combustível da imprensa tradicional. Acho inacreditável que as pessoas não reconheçam os avanços do Brasil durante os anos de governo do PT.

Bruno Lombardi – Flávio, minha maior curiosidade nesse tempo que lhe acompanho é: quantos carros você realmente tem? Onde os guarda? E quanto você investe nesses carros para mantê-los rodando?
RESPOSTA – Já dei a lista, guardo numa garagem e não sei quanto gasto, não faço essa conta.

Apresentador de debate político em 2008: uma das emoções

Paulo Avelino – Vamos lá, pode ser até uma pergunta repetida, mas qual foi a sua maior emoção na carreira? O que voce espera do futuro do automobilismo?
RESPOSTA – Será que já respondi? Acho que sim. Minha primeira corrida em Spa foi citada em alguma resposta anterior. Mas também fiquei emocionado quando entrei na redação da “Folha” pela primeira vez, quando vi minha primeira matéria assinada, quando fui contratado pela “Placar”, quando cobri minha primeira Olimpíada, quando o iG me chamou para apresentar o primeiro debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo realizado apenas na internet, em 2008… Espero que o automobilismo se reinvente e procure voltar a falar com o público, porque o que vejo é que ele se transforma cada vez mais em algo direcionado a um nicho cada vez menor de interessados.

Sergio Trancoso – Flavio, bom dia. Minha pergunta é simples? Quando voce volta a correr, e qual vai ser o substituto do bravo meianov?
RESPOSTA – Minha resposta é simples: “um dia, quem sabe”, e “não tenho a menor ideia”.