Blog do Flavio Gomes
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ENTREVISTA COM O BLOGUEIRO (16)

SÃO PAULO (e olha que falta bastante…) – A promessa era de uma remessa por dia, mas não será fácil. Aos poucos, vamos respondendo tudo que a blogaiada perguntou. Hoje, terceira parte. E vamos em frente, ainda faltam 15 páginas de perguntas. Gustavo Lucena – Flávio Gomes na sua opinião, qual deveria ser a quantidade […]

SÃO PAULO (e olha que falta bastante…) – A promessa era de uma remessa por dia, mas não será fácil. Aos poucos, vamos respondendo tudo que a blogaiada perguntou. Hoje, terceira parte. E vamos em frente, ainda faltam 15 páginas de perguntas.

Gustavo Lucena – Flávio Gomes na sua opinião, qual deveria ser a quantidade de clubes e o sistema de disputa pro Campeonato Brasileiro?
RESPOSTA – Qualquer um, menos pontos corridos com 20 clubes. O campeonato fica arrastado e chato. Eu faria quatro divisões fortes com 16 clubes cada em pontos corridos, se gostam tanto disso. Mas seriam apenas 30 datas, aumentando os Estaduais e fazendo com que todo mundo jogasse o ano inteiro. As vagas de Libertadores e Sul-americana seriam distribuídas entre essas quatro divisões. Ou, então, voltaria com o mata-mata dos oito melhores, se essas séries tivessem de ter 20 clubes. E durante os mata-matas para apurar campeões, mata-matas para decidir rebaixamentos e vagas em outras competições, assim todo mundo continuaria jogando.

Beirute, 2004

Gabriel – Flavio, minha pergunta é pessoal: caso você não vivesse no Brasil, onde gostaria de morar? Qual país e cidade? Por quais motivos? E outra: qual o lugar que mais gostou de conhecer?
RESPOSTA – A cidade que mais gosto no mundo é Berlim. Mas, ultimamente, tenho pensado muito em viver no Uruguai, o país mais decente do planeta. Uma segunda opção seria a Nova Zelândia. No Brasil, se tivesse de escolher uma cidade seria João Pessoa. E o lugar que mais gostei de conhecer foi Beirute.

Meirelles – Você gostaria de ter nascido em outro país? E em outra época? Enumere algumas épocas e países que você acha serem as melhores da história.
RESPOSTA – Na Alemanha Oriental nos anos 70. Assim poderia ter um Trabant zero quilômetro. Acho que a época mais divertida da história foram os anos 60. Londres e Paris também são cidades legais, ao lado da já citada Berlim. Gosto de Roma e de Barcelona, acho Melbourne o máximo.

Danilo – Toda(s) a(s) sua(s) fonte(s) de renda tem relação direta ou indireta com o automobilismo?
RESPOSTA – Não. Minha única fonte de renda é meu trabalho como jornalista.

Bruno Pereira – Olá, Flávio. Sou seu leitor já há muitos anos. Se bem me lembro desde 2003, quando você escrevia uma coluna semanal no Lance!. Sempre admirei a maneira ácida de suas críticas e seu jeito simples e direto de falar das coisas de que gosta. Tive o prazer de encontrolá-lo pessoalmente no Blue Cloud de 2011, em Poços de Caldas (MG), mas é óbvio que você não se lembra disso. Bem, sem mais delongas, vamos à pergunta: Você crê, piamente, que os cidadãos cubanos e venezuelanos são plenamente felizes com suas respectivas formas de governo? Por favor, entenda: eu não sou um defensor desta ou daquela forma de governo. Mas já visitei ambos os países e vi, com meus próprios olhos, a penúria, o descalabro e a miséria humana que os assolam. E também vi a desesperança nos olhos de uma parte considerável da população.
RESPOSTA – O que é ser “plenamente feliz”? Você acha que os cubanos eram mais felizes sob a ditadura de Fulgêncio Batista, quando o país era um puteiro dos EUA? Você acha que os venezuelanos eram felizes sob governos que viviam da sua miséria, comandados por uma elite política e econômica cada vez mais rica graças à pobreza da maioria da população? Acho que os povos têm direito de escolher seus próprios caminhos. Regime nenhum se sustenta por tanto tempo como em Cuba se não estiver entregando algo ao seu povo. O problema da maioria das pessoas que vivem no Ocidente é querer medir a felicidade de outros povos com sua própria régua. Aqui, e na Europa Ocidental, e nos EUA, e nos países capitalistas em geral, o índice de felicidade geral da nação é medido por aquilo que o sujeito é capaz de comprar e ostentar. Alguém já parou para pensar que para certas populações isso não é importante? O que é exatamente essa miséria que você encontrou em Cuba? Um cara andando de bicicleta ou vivendo num apartamento que não tem varanda gourmet num prédio que não se chama Beverly Hills? Vai dar uma volta no Haiti para ver o que é miséria. Ou na Faixa de Gaza. Ou num hutong em Pequim. Ou no Sudão. Ou em Sri Lanka.

Pasta de dente e sabonete para todos na DDR

Willian Hoffmann – Caro FG. Nos últimos anos a ganancia do ser humano e das instituições financeiras quase levaram o mundo a bancarrota e a uma crise econômica da qual ele ainda não saiu. Pergunto-lhe: Já não é hora do ser humano “” repensar”” o comunismo como uma forma justa de administração governamental e inclusão de todas as nações na economia mundial?
RESPOSTA – Acho que é hora de o ser humano repensar o sistema capitalista, que evidentemente não deu certo. Nenhum sistema pode ser considerado bem-sucedido enquanto houver uma única pessoa passando fome no mundo, ou morando ao relento. Dizem que o comunismo não deu certo. Na Alemanha Oriental, por exemplo. Alegam que lá só tinha uma marca de pasta de dente e duas de sabonete. OK. Aqui temos 50 marcas de pasta de dente e 200 de sabonete. E temos milhões de pessoas que não têm dinheiro para comprar nenhuma delas. Num regime como o da DDR, todos tinham pasta de dente e sabonete e ninguém morria de fome. Estou simplificando bem a questão, mas é mais ou menos isso.

Luiz – FG, perguntas abaixo:
1) qual foi a melhor corrida que vc acompanhou in loco?
2) qual cidade das que vc visitou não voltaria jamais, por que?
3) partindo da premissa que o PSDB roubou tanto quanto o PT (só foi menos investigado), como o Brasil pode acabar com a corrupção?
RESPOSTA – O GP da Malásia de 1999, volta do Schumacher depois do acidente de Silverstone. Mas há outros tão bons quantos, e eu mencionaria alguns como: Brasil/1991, Jerez/1997, Donington/1993, Nürburgring/1999. Quanto às cidades, uma à qual não voltaria mais por vontade própria é Manama, no Bahrein. Sobre a última pergunta, o Brasil acaba com a corrupção quando o brasileiro deixar de ver a corrupção como meio de vida e passar a ter uma ideia coletiva de nação, deixando de pensar apenas no próprio umbigo. E prendendo gente, como está acontecendo agora aos trancos e barrancos, ainda que a maioria desses inquéritos seja de uma fragilidade jurídica assustadora.

Luiz – Ja recebeu convite para ser comentarista ou ate mesmo narrador de corridas? O que te levou a se aprofundar em esporte a motor especificamente de carros?
RESPOSTA – Uai, eu sou comentarista de corridas, até onde me lembro. Sempre trabalhei com isso em rádio e TV. O que me levou a cair no automobilismo foram circunstâncias da carreira. No fim dos anos 80 e início dos 90, a F-1 tinha um espaço muito grande na imprensa e eu, trabalhando na editoria de Esportes maior jornal do país, fui escalado para várias coberturas na área. Porque gostava e entendia do assunto.

Bernd Rosemeyer

Emerson – Olá Flavio Gomes, acompanho seu blog desde o começo e não passo um dia sem visitar a página bem como a do Grande Premio o qual sigo desde áureos tempos. A pergunta: Quais os cinco melhores pilotos de todos os tempos para você, independente de categoria ou títulos?
RESPOSTA – Quais são os áureos tempos? Dúvida à parte, vamos lá, tentando não restringir a lista à Fórmula 1: Bernd Rosemeyer (o da foto), Michael Schumacher, Valentino Rossi, Sébastien Loeb e Mário César de Camargo Flho, o Marinho da Vemag.

Vander Romanini – Olá, meu nome é Vander e gostaria de saber por que a Classic Cup só corre, praticamente, em Interlagos??
RESPOSTA – Porque é um Campeonato Paulista, e todas as etapas oficiais do Paulista são realizadas em Interlagos. Não há condições práticas de se fazer um campeonato nacional de uma categoria como essa. Mas desde que criamos a Classic em 2003 (teve outros nomes), já corremos também em Londrina, Curitiba, Goiânia, Piracicaba, Velopark e Velo Città.

Marcelo Feitoza – Flávio, Posso fazer algumas perguntas? rs Ainda sobre a questão ESPN-Grêmio-Portuguesa e mídias sociais. É inegável o barulho que as redes fazem, coisas boas que surgem, talentos, bem como toda a sorte de preconceitos e frescurites. Pra você, o jornalismo brasileiro tem trabalhado bem com essa ferramenta, ou caminha demasiadamente ao sabor “das polêmicas” que a moçada levanta em detrimento da informação? A ESPN errou no episódio, já que aquela era a sua conta particular e nada tinha a ver com a emissora, ou essa separação inexiste mesmo? Pilotos brasileiros. Claro que os que vieram antes da década de 90 conseguiram títulos internacionais expressivos e entraram para a história. Mas, do início da década de 90 pra cá, mesmo com menos conquistas, em termos de talento, não foi um desastre. Pra você, quais os três melhores pilotos brasileiros entre Barrichello, Massa, Tony Kanaan, Gil de Ferran, Cristiano Da Matta, Christian Fittipaldi, Lucas Di Grassi, Antônio Pizzonia, Nelsinho Piquet, Zonta e Cacá Bueno, e por quê?
RESPOSTA – Vamos lá, redes sociais. Há inegáveis avanços com a popularização da internet como ferramenta de produção e disseminação de informação. Nós, jornalistas, fomos privilegiados detentores da informação por anos, e hoje qualquer um é “jornalista” no sentido de produzir uma informação e levá-la ao maior número possível de pessoas. Olhando assim, podemos concluir que hoje a informação tem um viés muito mais democrático, porque não passa mais, obrigatoriamente, pelo crivo de uma suposta elite intelectual, os jornalistas, que decidiam o que era e o que não era importante. Ao mesmo tempo, como diz Umberto Eco, a internet deu voz a uma legião de imbecis. Também é verdade. Mas, no geral, prefiro assim do que um monopólio de uma determinada classe profissional. O problema é que hoje se confunde rede social com jornalismo. Um post que alguém publica no Facebook não é jornalismo pelo simples fato de se tornar público. O Facebook não é um produtor de conteúdo, é um disseminador de conteúdos. O mesmo vale para o Twitter. O que se tem hoje é uma maior variedade de plataformas através das quais se faz chegar uma informação ao público. Mas, para o jornalista de verdade, a matéria-prima permanece a mesma: informação. E para considerar uma informação algo jornalístico, é preciso tratá-la tecnicamente com alguns princípios que o jornalismo desenvolveu ao longo dos anos: apuração, checagem, clareza, responsabilidade. Como a internet abriu infinitas possibilidades de divulgação de informações – através de textos, áudios, vídeos, fotos –, o jornalismo tradicional passou a enfrentar uma concorrência muito numerosa e pouco preocupada com os ritos que o bom jornalismo exige. Mas não acho que a internet está matando o jornalismo. O que mata o jornalismo é… o mau jornalista. O produto ruim. A “Veja”, por exemplo, que virou um panfleto. Por outro lado, a internet abre um espaço para o bom jornalismo que as mídias tradicionais não têm mais. O momento ainda é confuso especialmente porque o modelo de negócios das empresas jornalísticas mudou radicalmente. E ainda não se chegou a um ponto em que o bom jornalismo possa ser bem remunerado pelos métodos tradicionais, através da venda e da publicidade. A tecnologia avançou demais nos últimos dez anos. Hoje, se faz com um smartphone o que só se fazia com um caminhão equipado com antenas e equipamentos caríssimos pouco tempo atrás. É um novo mundo, e não sei direito onde vai parar. Estou achando tudo muito interessante, embora um pouco confuso.
Sobre a ESPN, sim, errou, eu estava de folga e minha conta é pessoal. Se as pessoas não sabem separar as coisas, problema das pessoas.
Da lista de pilotos que você mencionou, para mim os melhores foram Gil de Ferran, Cristiano da Matta e Barrichello.

Thales – Flávio, poderia nos dizer quais os carros de sua coleção, de qual mais gosta e se tem algum que arrependeu de ter comprado? Outra pergunta: Se você pudesse escolher um carro zero km, de produção em série, de qualquer lugar do mundo, com valor máximo de R$ 150.000,00, qual compraria? E qual o carro dos sonhos inatingível?
RESPOSTA – Já respondi sobre a lista e não, nunca me arrependi de ter comprado nenhum. Quanto a carros novos, nenhum me encanta especialmente e não tenho muita noção de valores, mas acho que se tivesse de comprar um zero quilômetro hoje, seria um Subaru Impreza WRX — nem sei se existe, ainda. Carro dos sonhos inatingível? Bom, eu sempre sonhei e sonho com carros que possa ter um dia. Porque gosto de usar os carros, e por isso não diria um Bugatti, ou uma Ferrari, ou qualquer porcaria dessas que não podem ser utilizadas no dia a dia. Meus objetos de desejo mudam de tempos em tempos. Hoje, talvez, seria um DKW F102.

DKW 102, o último dois tempos, que deu origem ao primeiro Audi da era moderna

Pedro Abot – FG, qual você acha que foi o melhor presidente da história do Brasil? E o pior? Porquê?
RESPOSTA – Já respondi sobre o melhor, Lula. Porque foi o único que se preocupou com aqueles que sempre foram deixados de lado por todos os governos da história do Brasil. Pior? Todos os militares, com menção honrosa a Costa e Silva.

Alberto – Três curiosidades…
1. Conheço um pouco de seu gosto musical pelos vídeos que posta aqui no blog. Mas falando de maneira mais abrangente, o que mais lhe toca e o que abomina musicalmente?
2. Gosta de motos custom, choppers?
3. Já pensou em assumir a presidência ou algum outro cargo da Portuguesa para tentar ajudar a situação lá?
Em tempo, não lhe comparo com o Galvão. Ele é um cara político, por vezes até falso e é um chato do caral***. Você é um cara que fala o que quer e não se arrepende (ou ao menos não demonstra arrependimento).
RESPOSTA – Pela ordem, vamos lá. Bandas grandiloquentes como o Pink Floyd me agradam. E duplas como Simon & Garfunkel, também. O pop e o rock dos anos 60 e 70, em resumo. Não gosto desse funk que tomou conta das periferias das grandes cidades brasileiras, acho ruins musicalmente, embora reconheça que sejam um retrato da realidade do país. Sobre motos, não ligo muito para essas grandonas, entre outras coisas porque não consigo dirigi-las – são muito pesadas. Prefiro, de longe, motonetas. Sobre a Portuguesa, não, nunca pensei e não quero. O que me resta de amor ao futebol é ligado diretamente à minha condição de torcedor, nada além disso. Quanto à última consideração, não, não costumo me arrepender do que falo.

Paulo Barros – FG, Qual o valor estimado (alguns inestimávies…) para a sua coleção de carros antigos (Relíquias) que possui…E…se não for pedir muito, quantos carros estão atualmente na sua coleção??
RESPOSTA – Já dei a lista, precisa ir lá contar. Acho que deu 36, ou 37. Nunca fiz essa conta, não é algo que me interesse, saber quanto eles valem. O valor dos meus carros é muito pessoal, da ligação que tenho com cada um deles e do prazer que me dão ao dirigir.

[bannergoogle] Flavio Bragatto – Nestes anos todos em que eu sigo o teu blog, eu vejo que você tem um grande apreço pelos automóveis europeus, principalmente os da Europa socialista, como Trabant e Lada. É paixão mesmo, ou é pela “causa”?
RESPOSTA – Qual causa? Socialista? Xará, a gente pode gostar de um carro por vários motivos. Pela sua beleza, sua engenharia, esportividade, por alguma memória afetiva, pelo prazer de dirigir, por aquilo que ele significa historicamente. Aplique todas essas razões mencionadas aos meus carros do Leste. Com exceção da esportividade, elas valem para todos. Acho que já falei sobre isso em outra pergunta, mas não custa repetir. Um Lada é um carro fabricado por um operário soviético. Um Trabant, por um proletário alemão-oriental. São países que não existem mais, e que eram “players” importantes de um mundo dividido em dois até outro dia, quando o planeta ainda refletia mais sobre sistemas políticos e ideologias – com todos seus tropeços, procurava-se uma fórmula ideal. Hoje ninguém reflete sobre porra nenhuma. Eu imagino como era a vida do cara que colocou o farol no meu Trabi. Ou do sujeito que ligou meu Laika pela primeira vez em Togliatti. Meus carros fizeram parte, de alguma forma, das vidas dessas pessoas. Eles vieram de longe. Merecem respeito e carinho.

Do Pandeiro – Flávio, na verdade não é bem uma pergunta e sim um comentário. Gosto muito quando você se põe a falar de coisas passadas, infância, adolescência, ou narra fatos de uma forma bastante peculiar, porque me vejo nestes “posts”, afinal temos quase a mesma idade e vivemos praticamente as mesmas coisas. Mas se posso fazer uma sugestão, e acho que posso, não me venha falar de política. Não concordo com você, você não concorda comigo, e estamos conversados. Grande abraço.
RESPOSTA – Foda-se que você não concorda comigo. Eu falo de política quanto e quando quiser. Acho engraçado um sujeito que porque não concorda comigo politicamente se considera no direito de determinar que, por isso, eu não devo mais falar de política. Vá à merda.

Rubens – Creio que será o recorde de comentários nesse site. Boa sorte pra ler e filtrar tudo isso.
RESPOSTA – Longe disso, teve posts com milhares de comentários. E está sendo interessante. Não filtrei nada. Estou respondendo tudo.

Paddock de Zeltweg, 2002

Gustavo – Tenho duas perguntas,
1) Como você , baixinho, feio e mal humorado, conseguiu uma namorada tão gente boa ? RS
2) Salvo engano, faz quase 10 anos que VC não cobre “inloco” a temporada de F1. Tem vontade de fazer de novo uma temporada inteira, tipo “farewell tour ” ?
Sou um leitor costumeiro do blog e das suas redes sociais . Nem sempre concordando, mas sempre respeitando . Afinal isso é uma democracia . Grande abraço
RESPOSTA – Nunca tive problema nenhum em ser baixinho. E não teria se fosse muito alto, ou gordo, magro, perneta, vesgo, careca. Beleza é algo bastante relativo, me parece uma discussão irrelevante. E não sou mal-humorado. Apenas sou sincero e franco. De tudo que você afirmou na primeira pergunta, apenas confirmo que minha namorada é, sim, muito gente boa, a menina mais legal que conheci na vida. Segunda pergunta, não, não tenho vontade. Alguns países para onde a F-1 tem viajado não me interessam minimamente. Sinto falta das corridas, porque gosto delas, e do ambiente do paddock – que já foi bem mais divertido, claro, mas ainda tem seu charme. Há fases para tudo na vida e tive sorte de acompanhar “in loco” momentos muito interessantes da F-1, mais do que os atuais, com pilotos como Senna, Prost, Mansell, Piquet, Alesi, Berger, Schumacher, Villeneuve, contando histórias de equipes como Brabham, Tyrrell, Andrea Moda, Osella, Minardi… O calendário era mais enxuto e visitava lugares de que eu gostava muito. A F-1 trocou Portugal, Argentina, França e Alemanha por Abu Dhabi, Cingapura, Bahrein, Malásia, China, sítios que não me dizem muita coisa. As viagens ficaram muito longas e cansativas. Se eu quiser ir a alguma corrida hoje, escolho e vou. Spa, Monza, Budapeste, Melbourne e Mônaco são algumas que eu faria de novo.

Carlos – Ok. Parabéns pela iniciativa. Sou fã de seu trabalho (não de você) desde os tempos da RB. Foi uma época em que tirava o áudio da TV e acompanhava a transmissão da F1 pelo rádio. Nenhuma dúvida quanto a seu profissionalismo. Vida pessoal não interessa a ninguém, ou não deveria interessar… Mas, tem uma coisa ligada ao seu comportamento que desperta curiosidade. Assim. arriscando a tomar mais um chingamento, aproveito a oportunidade para perguntar: Flávio, por quê você é tão rancoroso?
RESPOSTA – Um enorme preâmbulo para fazer uma pergunta meio descabida, que embute uma afirmação. A única resposta possível é: não sou rancoroso, portanto fique com sua opinião.