Blog do Flavio Gomes
Indústria automobilística

NANICO

SÃO PAULO (putz) – Muita gente me mandou o link do “Estadão” com a foto do Nanico rodando na Paulista. Diz o texto, muito otimista, que ano que vem entra em produção no Ceará. Alguma cidade vai ceder o terreno, alguém entra com a grana, aquelas coisas. Não há detalhes técnicos precisos, mas pelo que […]

SÃO PAULO (putz) – Muita gente me mandou o link do “Estadão” com a foto do Nanico rodando na Paulista. Diz o texto, muito otimista, que ano que vem entra em produção no Ceará. Alguma cidade vai ceder o terreno, alguém entra com a grana, aquelas coisas. Não há detalhes técnicos precisos, mas pelo que entendi tem motor de 125cc movido a GNV ou gasolina. Não sei qual a origem do motor. Que eu saiba, não há fábrica de motores Nanico no país, então o pessoal deve estar usando algum de motocicleta, ou scooter.

[bannergoogle] O carro não tem placa, não deveria estar circulando por aí. Não creio que tenha freios ABS ou airbag, algo obrigatório hoje pelas leis do país quando se trata de carro novo — por isso a Kombi saiu de linha.

Não tenho nada contra, absolutamente nada, empreendimentos desse tipo. Ao contrário. Acho o máximo, gostaria muito que o Brasil tivesse um carro nacional de verdade. A única coisa que se aproximou disso foi a Gurgel — em que pesem iniciativas avulsas desde a década de 50, quase todas usando mecânica enxertada de outros carros; a própria Gurgel demorou muito para fabricar seus próprios motores e passou a vida toda usando trem de força da VW.

Mas esse Nanico… Bom, entrei no site deles e as informações técnicas inexistem. O mesmo na página do carrinho no Facebook. Fala-se em motor elétrico no futuro, mas esse protótipo da foto, ao que parece, é movido a GNV mesmo. O carrinho, sabe-se lá como, apareceu no programa do Faustão, e isso deve ter dado um certo impulso aos seus projetistas.

Não sou de agourar ninguém, mas não apostem muito num negócio desses. Se não por outro motivo, porque é uma das coisas mais feias que já vi — que me desculpem seus criadores. Nada precisa ser tão horrendo. Lembra carrinho de parque de diversões. Dos piores parques.

Fazer uma coisa que anda não é das tarefas mais difíceis do mundo. Basta acoplar um motor a um eixo, colocar rodas e pneus, uma carcaça em cima, um volante, bancos. Uma coisa ser capaz de sair do lugar não quer dizer que um dia ela vá virar um carro, se é que me entendem. É preciso projeto, engenharia, testes, segurança, respeito a normas muito rigorosas. E, se der, algum senso estético.

De qualquer forma, sorte aos idealizadores. Só espero que dinheiro público nenhum seja enterrado nessa história sem os devidos cuidados.