SÃO PAULO (já tá de noite?) – Fiquei particularmente impressionado com a sinceridade do divertido Arrivabene ontem depois do pódio de Vettel em Silverstone. E de Eric Boullier, também. A saber, nos pitacos pós-GP:
– “Se a corrida fosse toda no seco, seria diferente. Não dá para ficar feliz com o resultado de hoje”, falou o chefe da Ferrari. Segundo ele, o terceiro lugar só veio porque Vettel fez uma escolha precisa da hora de trocar pneus e guiou muito bem. “Tivemos uma grande estratégia, mas precisamos também de um grande carro. Quando chove, é o piloto que decide as coisas. Kimi achou que ia chover mais, e se desse certo poderia vencer a corrida. Nós temos de ser honestos e admitir que a Williams foi melhor do que nós.” Nada a acrescentar.
– Na McLaren, o pontinho de Alonso foi legal, OK, “mas não é algo para comemorar”, de acordo com Bou-Bou. “O torcedor inglês merece mais da gente.” Também nada a acrescentar. As coisas estão demorando demais para acontecer na equipe. E não sei se a Honda está percebendo isso.
– O que poucos perceberam é que Fernandinho só chegou em décimo porque Ericsson foi o mais atrapalhado nas decisões sobre pneus. Quando colocou intermediários, parou de chover. Quando voltou para colocar slicks, choveu de novo. Aí parou mais uma vez para calçar intermediários novamente. No total, quatro pit stops.
[bannergoogle] – A situação da McLaren, claro, é motivo de muito diz-que-diz na mídia inglesa — afinal, a equipe é um patrimônio do automobilismo do país. Eddie Jordan, hoje comentarista de TV, mandou o sapato no time. E Ron Dennis respondeu, chamando o irlandês de “idiota”. A briguinha está aqui. Como gosto de Eddie, fico do lado dele. Inclusive porque concordo com o que pensa sobre a McLaren.
– Dado estatístico que merece mais destaque: Hamilton, ontem, liderou um GP pela 18ª vez seguida, quebrando um recorde que pertencia a Jackie Stewart — entre 1968 e 1970. Fernando Silva conta aqui. Desde o GP da Hungria do ano passado que Lewis fica na frente em uma corrida pelo menos uma volta.
– Dá para considerar “ordem de equipe”, no pior sentido da expressão, o pedido da Williams para que Bottas tentasse a ultrapassagem sobre Massa de forma limpa, se achasse que dava? Acho que estão fazendo espuma demais nesse copinho. Foi apenas uma recomendação. Que naquela altura da corrida, com os dois carros do time liderando, era mais do que pertinente. Mas Bottas fez biquinho. Na boa, penso o seguinte: se o cara acha que dá, tenta. Mas se acha que pode dar merda, com o companheiro de equipe, não tenta. Se o cara que está atrás se acha no direito de pedir à equipe para mandar o da frente facilitar as coisas, tem de aceitar que o da frente tem o mesmo direito de pedir ao time para que o de trás não encha muito o saco, quando se calculam os riscos da manobra. Por isso que gosto quando, nessas horas, o rádio simplesmente silencia.
– Essa fumacinha sobre a Mercedes fornecer motores à Red Bull com a marca Aston Martin está cada vez mais densa… Toto Wolff disse que as portas estão abertas. Claro, porque o cenário inclui a possível compra da Lotus pela Renault. Se isso acontecer, as pecinhas no tabuleiro vão acabar se mexendo. E a possibilidade de a Mercedes usar o nome Aston Martin em seus motores também nas equipes clientes, como Williams e Force India, ganha corpo. O principal executivo da montadora inglesa estava em Silverstone, com credencial da… Force India. A Mercedes, assim, ficaria sozinha com seu time próprio, divulgando em outros times uma marca da qual é sócia. Faz todo sentido. E já tem neguinho até desenhando um Aston Martin de F-1… Que com essa pintura ficaria bem bonito, sem dúvida. Mas é só uma brincadeira, em cima de um carro bem velho de F-1, como se nota.
