Blog do Flavio Gomes
F-1

BERNIE, O REDENTOR

SÃO PAULO (vai pegar fogo) – Discordo de Bernie Ecclestone em um monte de coisas. Acho que boa parte dos problemas da F-1 se devem a ele e seus planos que colocam sempre o dinheiro à frente de qualquer coisa. Mas concordo com ele em outro monte de coisas. Uma delas é sua cruzada contra […]

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SÃO PAULO (vai pegar fogo) – Discordo de Bernie Ecclestone em um monte de coisas. Acho que boa parte dos problemas da F-1 se devem a ele e seus planos que colocam sempre o dinheiro à frente de qualquer coisa.

Mas concordo com ele em outro monte de coisas. Uma delas é sua cruzada contra os motores da categoria.

[bannergoogle] É preciso dizer que Bernie nada fez quando se decidiu por esse regulamento técnico. Entre outras coisas, porque o formato de gestão da F-1 hoje prevê, como ele diz, “democracia” na tomada de certas decisões.

Como Ecclestone não é nenhuma sumidade de engenharia, foi levado de roldão quando as discussões das equipes e montadoras apontaram na direção dos V6 turbo com motores elétricos auxiliares. Ele pode até ter achado uma besteira, mas não se preocupa muito com isso — desde que as questões técnicas não mexam em seu bolso, para ele tanto faz se os carros têm quatro ou oito rodas.

Mas está claro que essa linha adotada pela nova F-1 — aliar motores híbridos a uma preocupação com a eficiência no uso de combustível, famosa cascata para parecer ecologicamente correta — está trazendo prejuízos à categoria. Ela está chata, silenciosa e, sobretudo, cara e complicada. Cara a ponto de afastar novos investidores, de ameaçar a existência de algumas equipes, complicada a ponto de, no final do ano, uma empresa como a Red Bull simplesmente dela desistir porque sabe que, tecnicamente, é impossível vencer se não tiver o motor que precisa.

Ecclestone está disposto a rasgar o regulamento e promover a imediata volta dos V8 aspirados. Eu faria isso, se tivesse poder. Não sei se ele vai conseguir, apesar do poder que tem. O chefão tem sido muito influenciado pelo ex-presidente da FIA, Max Mosley, que sempre defendeu a existência de uma fabricante independente de motores, capaz de fornecer seus produtos a equipes menores. Max sempre cita a Cosworth como exemplo prático daquilo que acredita ser necessário para manter a roda da F-1 girando sem depender de um grupo muito reduzido de montadoras — no caso atual, Ferrari e Mercedes, que fazem os únicos motores decentes da categoria e têm a prerrogativa de decidir para quem vendê-los.

A Red Bull é a primeira vítima dessa “ditabranda” promovida por alemães e italianos. Não tem para onde correr. Os carros hoje dependem tanto da eficiência dos complicadíssimos sistemas de propulsão, que não basta ter um projeto interessante e criativo para andar na frente. Para complicar ainda mais, a FIA inventou o tal sistema de “tokens” para controlar o desenvolvimento das unidades de força. É uma maluquice incompreensível. Pior: inviabiliza a correção de rumos. Se uma fábrica, como são os casos de Renault e Honda, erra a mão num projeto, não tem como consertar. Morre abraçada com os maus resultados.

Não sei no que vai dar a tentativa de Bernie. Creio que em nada, tamanha a força de Mercedes e Ferrari no cenário atual. Mas já é um começo quando alguém como ele acena com a possibilidade de uma revolução. Quem sabe? Seria ótimo.