Blog do Flavio Gomes
F-1

HABIB’S (4)

LONDRINA (sem surpresas) – E o Mundial de F-1 acabou sem graça, como se esperava. Aliás, como se sabia que seria nessa pista ridícula de Abu Dhabi, cheia de gente bonita tomando champanhe, barcos ancorados, hotéis iluminados e picas de corrida. É um traçado muito, muito ruim. Não me lembro de ter visto uma única […]

LONDRINA (sem surpresas) – E o Mundial de F-1 acabou sem graça, como se esperava. Aliás, como se sabia que seria nessa pista ridícula de Abu Dhabi, cheia de gente bonita tomando champanhe, barcos ancorados, hotéis iluminados e picas de corrida. É um traçado muito, muito ruim. Não me lembro de ter visto uma única prova boa no circuito árabe. Se vocês viram, me contem — a de 2010 foi OK pela decisão do título, mas o resto…

Corridinha standard, dobradinha da Mercedes (12ª no ano), Ferrari no pódio, zero surpresa. Parabéns a Rosberg, que termina a temporada muito melhor que o campeão Hamilton.

Ao GP, pois.

Logo de cara, o pobre Maldonado foi atingido no meio por Alonso, que por sua vez havia tocado em Nasr. Pelotão da merda dá nisso. Fernandinho ainda conseguiu ficar na corrida. Pastor abandonou com a suspensão quebrada. Na frente, a largada foi normal, o perde-ganha de posições de curva a curva, até que todas se estabilizaram com Rosberguinho na ponta e Hamilton em segundo, ambos escoltados por Raikkonen.

Havia uma curiosidade natural pela estratégia de Vettel, largando em 15º depois da cagada da Ferrari no Q1, ontem. E ela foi: fica na pista até arregaçar a borracha, adiando a primeira parada. Isso foi cumprido à risca. Sebastian chegou a andar em segundo depois que todos pararam, na 16ª volta. Aí, naturalmente, a galera de pneu novo foi chegando e passando.

Bottas foi outro que, a exemplo de Maldonado, acordou do lado errado da cama. Em seu pit stop, a Williams o liberou quando Button entrava nos boxes. Bateram, claro. A asa dianteira do finlandês quebrou. Ele teve de voltar para trocar o bico e ainda levou um pênalti de 5s. Já tinha largado mal. Depois dessa, despencou lá para o fundão e ficou esperando a corrida acabar.

A primeira parada de Vettel aconteceu apenas na volta 24. Retornou à pista em sexto, o que não era nada ruim. Numa pista de ultrapassagens complicadas, acabou ganhando várias posições ao atrasar o pit stop. Foi inteligente, embora milagre não tenha acontecido — um pódio, por exemplo.

Nico-Nico no Fubá não parecia ter a menor dificuldade para vencer mais uma vez no ano, a sexta — terceira seguida, 14ª na carreira. Depois de sustentar a ponta na largada, abriu uma distância segura para Hamilton e foi ficando nela. Parou na volta 11, e continuou sem problemas na frente. Mas na altura da volta 25, essa diferença começou a cair. Os pneus do alemão começaram a granular na medida em que o sol se punha e o asfalto esfriava. Lewis era informado pelo rádio das dificuldades de seu parceiro e partiu para cima.

Quando apenas 1s separava os dois, Rosberg foi para os boxes, na volta 31. Hamilton enfiou o pé no porão e tentou abrir, em poucas voltas, uma vantagem suficiente para parar e voltar na frente do inimigo platinado. Não deu. Na passagem seguinte à parada de Rosberg, essa diferença era de 20s — precisaria de uns 22s para alcançar o objetivo. Na volta 35, caíra para 18s. Nico, com pneus melhores, vinha descontando. Reassumiria a ponta no momento da parada do inglês, e a questão era: com borracha mais fresca no fim da corrida Hamilton seria capaz de atacar?

Só que, na verdade, Lewis não queria parar. E começou a conversar freneticamente com a equipe pelo rádio. E o time dizendo que tinha de parar. E ele parou, na volta 42, e colocou pneus macios, e não os supermacios para um ataque final, como se imaginava. Vettel fizera isso poucas voltas antes, para buscar alguma coisa sobre Ricciardo e Pérez, à sua frente. Conseguiu e passou os dois para terminar em quarto, um resultado brilhante para quem estava tão atrás no grid.

Rosberguinho voltou à liderança, com folga: mais de 12s. Faltavam 12 voltas, e seus pneus eram 11 voltas mais velhos que os de Hamilton, que começou a remar tudo de novo, virando tempos muito bons. Só que a distância era muito grande. Talvez com pneus supermacios esse caminho pudesse ser encurtado. Mas eles gastariam mais rápido, também. A Mercedes foi conservadora, apostando na segurança. Algo que Comandante Amilton não curte muito.

Na volta 47, a diferença caíra pra 8s5. Hamilton vinha chegando, claramente. Mas já diz o sábio: chegar é uma coisa, passar é outra. Ainda mais em Abu Dhabi. E eu acrescentaria: pneus perdem performance, e por isso às vezes nem chega. Foi o que aconteceu.

O rádio informava Rosberguinho volta a volta da diferença que tinha sobre o tricampeão. O ritmo de Hamilton, excelente nas primeiras voltas após o pit stop, se estabilizou. Assim como a vantagem para o inglês, que estacionou na casa dos 7s. E assim foi até o final.

Rosberg, Hamilton e Raikkonen fizeram o último pódio do ano. Vettel, Pérez, Ricciardo, Hülkenberg, Massa, Grosjean e Kvyat fecharam a zona de pontos. 2015 acabou como começou. Previsível.