Blog do Flavio Gomes
F-1

SAUDOSA MALOCA (11)

SÃO PAULO (morno, tudo) – É sempre bom quando um GP decide um campeonato, e como se sabe não será o caso deste ano em Interlagos. Assim, está tudo meio morno. Fala-se aqui e ali do caso Red Bull (anotem: vai anunciar que continua com os motores Renault, agora preparados por Mario Illien, que já […]

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SÃO PAULO (morno, tudo) – É sempre bom quando um GP decide um campeonato, e como se sabe não será o caso deste ano em Interlagos. Assim, está tudo meio morno. Fala-se aqui e ali do caso Red Bull (anotem: vai anunciar que continua com os motores Renault, agora preparados por Mario Illien, que já andou metendo a mão na massa neste ano na fábrica de Milton Keynes; o nome será definido depois), da ressaca de Hamilton, das reformas no autódromo, do futuro da Lotus, mas nada realmente palpitante.

[bannergoogle] Na pista, igual. Nem quente, nem frio. Dois treinos absolutamente normais, uma rodadinha ou outra, Alonso quebrado (estou começando a ficar com pena), Mercedes na frente e Williams abaixo do que se esperava. De espantoso, apenas a vantagem de Rosberguinho ao final do dia: 0s458 para cima de Hamilton numa pista curta, em que as diferenças de tempo normalmente são bem menores.

A tabela de classificação do segundo treino livre comprova o que estou dizendo. Imaginemos que os dois carros da Mercedes fossem abduzidos, e teríamos menos de um segundo separando o líder hipotético, Vettel (que ficou em terceiro), do 13°, Sainz Jr. (que na real terminou em 15°).

Nico-Nico no Fubá fez o melhor tempo do dia em 1min12s385, contra 1min12s843 do Comandante Amilton. Naturalmente, os dois foram os únicos a andar na casa de 1min12s. Tião Italiano cravou 1min13s345 em sua melhor volta. Sainz Idade, nossa referência no fundão, ficou com 1min14s326 — atrás dele, apenas as duplas da Manor e da McLaren, além de Sonyericsson.

Já se andou mais rápido em Interlagos. E se não chover amanhã — hoje caiu uma aguinha também morna pouco antes de começar o segundo treino, mas nem deu para perceber –, pode ser que a dupla mercêdica consiga chegar perto da pole do ano passado. Rosberguinho foi quem largou na frente, com 1min10s023, a pole mais rápida para o circuito desde as reformas de 1990. Como mudaram as zebras na saída do S do Senna e no S antigo, mais altas agora, pode ser que esse tempo não seja atingido. O traçado ficou diferente. Antes, era possível passar com as quatro rodas por cima delas. Agora, arrebenta tudo. A linha tem de ser outro e se perde um pouco de tempo, como atestou o alemão da Mercedes. Eu passava com as quatro na zebra do S antigo, com o Meianov. E agora, como será minha vida?

Aliás, é curioso observar a evolução desses tempos de pole em Interlagos. Na primeira prova com o traçado atual, Senna largou na pole com 1min17s277. Esse tempo, hoje, deixaria o tricampeão atrás até da dupla da Manor — Stevens virou em 1min16s501, contra 1min16s787 de Rossi (o da foto acima, com os pneus estropiados). Querem um quadrinho? OK, estou de bom humor, lá vai:

1990 – Senna (McLaren) – 1min17s277
1991 – Senna (McLaren) – 1min16s392
1992 – Mansell (Williams) – 1min15s703
1993 – Prost (Williams) – 1min15s866
1994 – Senna (Williams) – 1min15s962
1995 – Hill (Williams) – 1min20s081 (na chuva)
1996 – Hill (Williams) – 1min18s111
1997 – Villeneuve (Williams) – 1min16s004
1998 – Hakkinen (McLaren) – 1min17s092
1999 – Hakkinen (McLaren) – 1min16s568
2000 – Hakkinen (McLaren) – 1min14s111
2001 – Schumacher (Ferrari) – 1min13s780
2002 – Montoya (Williams) – 1min13s114
2003 – Barrichello (Ferrari) – 1min13s807
2004 – Barrichello (Ferrari) – 1min10s646
2005 – Alonso (Renault) – 1min11s988
2006 – Massa (Ferrari) – 1min10s680
2007 – Massa (Ferrari) – 1min11s931
2008 – Massa (Ferrari) – 1min12s368
2009 – Barrichello (Brawn) – 1min19s576 (na chuva)
2010 – Hülkenberg (Williams) – 1min14s470
2011 – Vettel (Red Bull) – 1min11s918
2012 – Hamilton (McLaren) – 1min12s458
2013 – Vettel (Red Bull) – 1min26s479 (na chuva)
2014 – Rosberg (Mercedes) – 1min10s023

Ufa. Elogiem a pesquisa e o trabalho para digitar, que aqui não tem Ctrl C + Ctrl V, não. Como se vê foi a partir de 2004 que a turma deu um salto no cronômetro, e como estou velho e não vou lembrar o que aconteceu de tão especial em 2004, lembrem vocês.

A Ferrari ficou em terceiro e quarto, e Ricardão se colocou à frente de uma Williams, a de Sapattos. Mas ninguém deve se preocupar muito com o australiano, que já trocou o motor e perderá dez posições no grid amanhã — ele está usando um motor novo, versão atualizada da Renault. Bottas foi 1s218 mais lento que Rosberg. Massacrado, em 10º, ficou a 1s485 do líder. A equipe decepcionou. “Pouco grip e muita degradação dos pneus”, resumiu o brasileiro. “Meu carro estava instável e escorregando para todos os lados.” Mas Rob Smedley, o chefão, garantiu que o time está competitivo e que amanhã vai brigar na frente. E Valtteri promete bater a Ferrari.

[bannergoogle] Os pneus escolhidos para Interlagos foram os médios e os macios. Hamilton foi um dos que demonstraram preocupação com o desgaste da borracha. Já se fala que, dependendo do tempo domingo, até três paradas estão no radar de algumas equipes — o normal seriam duas, e é o que deve acontecer com a maioria das equipes.

E a desgraça do dia foi novamente obra de Fernando Alonso, El Fodón de La Depresión, causador da única bandeira vermelha do treino ao parar seu carro quebrado às margens da pista.

O motor Honda de seu McLaren fumou, tragou, estralou, lançou labaredas, cuspiu, espirrou, arrebentou de novo. Vocês já viram a foto em post anterior. Acho que não preciso dizer  mais nada.

Amanhã não teremos nenhuma surpresa na classificação, que acontece a partir das 14h — a não ser que chova, e aí qualquer coisa que rolar a gente entende e aceita.

Hamilton busca sua 50ª pole, um número importante. Nico, esse moço elegante do carro prateado na foto lá do alto, tenta sua quinta seguida. É uma corrida amistosa, em clima de fim de feira, difícil de se empolgar. Estão todos meio cansados. Abu Dhabi vai ser ainda pior. Deve-se reconhecer que não é um fim de ano dos mais animados. A não ser para pilotos novatos como Nasr, que pela primeira vez corre de F-1 em seu país. “É muito emocionante”, falou.