Blog do Flavio Gomes
F-1

NO PARQUE DO ALBERTO (3)

CURITIBA (aqui vai ser meio no laço) – Vixe. (“Vixe” é expressão bem antiga, remonta ao início do século II a.C. e, ao contrário do que muita gente pensa, não nasceu no Ceará. Vem do latim “vix”, tendo derivado no começo do século II para “veesh” nos Países Baixos, depois conhecidos como Holanda, e há também […]

noparque222CURITIBA (aqui vai ser meio no laço) – Vixe.

(“Vixe” é expressão bem antiga, remonta ao início do século II a.C. e, ao contrário do que muita gente pensa, não nasceu no Ceará. Vem do latim “vix”, tendo derivado no começo do século II para “veesh” nos Países Baixos, depois conhecidos como Holanda, e há também registros de “vish” em textos gálatas descobertos na Capadócia datados provavelmente do primeiro século da era cristã. No latim original, a palavra “vix” significa “mal”, e normalmente vinha acompanhada de “ibi”, formando a expressão “vix ibi”, ou “mal aí”. Sabe-se que era muito usada na Roma antiga sempre que jovens alcoolizados derrubavam canecas de vinho em seus colegas durante bebedeiras ditas “homéricas” nas tavernas da Via Appia — Homero foi um notório manguaceiro grego que ficou conhecido por encher a cara e nunca passar mal, tendo até escrito a “Ilíada” e “Odisseia” em estado lamentável, segundo consta. “Vix ibi” transformou-se rapidamente em “vish be” entre os gálatas no sentido de “ser mal”, o que era dito em referência a crianças traquinas que devido ao seu comportamento irascível “seriam más” no futuro, donde resultariam em bons guerreiros. A derivação para “veesh” no holandês data do fim do século XIII, quando uma grande inundação matou mais de 50 mil pessoas e alguém, ao notar o estrago e o tamanho da tragédia, exclamou: “Veesh”. Pegou. Tanto que quando os holandeses chegaram ao Brasil para estabelecer sua colônia ultramarina em Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte diziam “veesh” o tempo todo, a cada descoberta ou índia pelada que encontravam. De “veesh” para “vixe”, numa simplificação para o português, foi um passo. Maria eu não sei quem é.)

Ninguém gostou do novo formato da classificação. “Lixo” foi a expressão mais amável utilizada em Melbourne. A coisa foi tão terrível que já tem reunião marcada para tentar mudar já na próxima etapa, no Bahrein. “Não sei por que estão espantados, estava na cara que ia ser assim. Mas algum gênio achou que ia ser legal, então tudo bem”, resmungou Vettel, que desde o início é um dos maiores críticos da bagaça. “Temos de admitir que ficou ruim e não deu certo”, emendou Christian Horner. “Uma porcaria”, resumiu Ecclestone. “A gente tinha dito…”, completou Hamilton.

[bannergoogle] Na prática, não funcionou, mesmo. Não sei se é precipitado dizer já que não vai dar certo nunca, mas o fato é que ficou uma merda, especialmente no Q3. Cada equipe e piloto sabe mais ou menos onde pode chegar, e não gasta pneu à toa. Mesmo no Q1 e no Q2, os últimos e iminentes eliminados não tentaram nada suicida para evitar a degola. O conformismo era geral. E os “degoláveis” ficaram com menos tempo de pista, no fim das contas.

Tudo junto e misturado, Hamilton ficou com a pole e Rosberg larga em segundo. A ordem do ano passado se manteve, com a Ferrari logo atrás. Red Bull e Toro Rosso avançaram, a McLaren foi decente perto do que era no ano passado, Massa começou melhor que Bottas, Kvyat foi o único que se deu mal com o novo treino (larga em 18º) e as duas nanicas fecharam o grid, mas com desempenhos aceitáveis. Foi a 50ª pole da carreira de Lewis.

Se a gente olhar o grid vai ver que oito equipes se classificaram em duplinhas — só Toro Rosso, Williams e Red Bull tiveram seus pilotos separados na classificação. A Force India decepcionou um pouco. Nos treinos livres houve maior equilíbrio no cronômetro, talvez porque a Mercedes estivesse segurando um pouco seu ímpeto. E talvez porque, na classificação, muito pressionados pelo relógio, os times tenham mandado seus pilotos para a pista de qualquer jeito.

Sei lá o que imaginar da corrida da madrugada. Tomara que chova. Agora vou me despedir do autódromo de Curitiba que o atraso é enorme.