Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

BOM NEGÓCIO

SÃO PAULO (vou me preparar) – Alexander Rossi embolsou 2,5 milhões de obamas, o que dá pouco mais de 9 milhões de temers-golpista, pela vitória em Indianápolis. Vinte dos 33 que largaram colocaram na conta mais de um milhão de obamas. Quem ganhou menos faturou 714 mil dinheiros americanos. Não dá para reclamar. As 500, […]

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SÃO PAULO (vou me preparar) – Alexander Rossi embolsou 2,5 milhões de obamas, o que dá pouco mais de 9 milhões de temers-golpista, pela vitória em Indianápolis. Vinte dos 33 que largaram colocaram na conta mais de um milhão de obamas. Quem ganhou menos faturou 714 mil dinheiros americanos.

Não dá para reclamar. As 500, de fato, distribuem dinheiro a rodo. Fiz uma conta rápida a partir do quadro de premiações publicado no Grande Prêmio e cheguei a 44 milhões de obamas.

Vou fazer a conta de novo, peraí.

Deu 47 agora. Vou ter de fazer de novo. Maldição.

Deu 47 de novo, e uns quebrados. Vai 47, então. Seguimos.

Mas, como eu dizia, 47 milhões de obamas é dinheiro à beça, e isso se explica porque muita gente patrocina essa corrida.

Já contei essa história. Quando fui a Indianápolis pela primeira vez, em 1992, fiquei encantado com a pequena sala de imprensa — hoje é monstruosa — e com o quadro que dominava a parede de fundo. Uma lousa. Isso mesmo, uma lousa enorme com a lista de todos os prêmios previstos, e tudo escrito com giz.

Era uma sala comprida, no térreo, atrás do pit-lane e perpendicular ao Gasoline Alley. Tinha duas portas, uma em cada extremidade. O banheiro ficava em frente, num prédio separado. Outra coisa que me chamou a atenção: os boxes com vasos sanitários não tinham portas. Sim, é isso mesmo que vocês estão pensando. Tinha de cagar de porta aberta, algo meio nojento. Muito nojento.

A sala tinha dois recintos, dividida ao meio por uma parede vazada. Lá dentro, apenas quatro aparelhos de TV. Se bem me lembro, os que eram destinados à cronometragem tinham apenas os números dos carros. Era duro saber quem estava na frente… Como era estreita, não tinha mesas. Havia uma bancada no sentido transversal que atravessava a sala de ponta a ponta, e mais duas bancadas paralelas — uma encostada à parede do fundo, outra às janelas da fachada.

[bannergoogle]A lousa dominava o primeiro ambiente e a todo momento o velhinho que tomava conta daquilo pedia a atenção de todos para inserir na relação alguma nova premiação. Os patrocínios iam aparecendo aos poucos, e muitos deles eram de empresas locais. Então, sei lá, é apenas um exemplo, Teddy Narkevitz, imigrante polonês que tinha um posto de gasolina chamado Route 66, resolvia dar US$ 6.666 para o piloto que estivesse em sexto lugar na volta 66. E o velhinho, orgulhoso, tacava o nome de Narkevitz na lousa. Aí o dono da lavanderia Ready In Fifty Minutes telefonava e decidia reservar uns trocados, digamos, para quem estivesse em primeiro depois de 50 minutos de corrida, e mais uns cobres para o líder da volta 50. Coisas assim.

Aí o posto de gasolina, mais a lavanderia, mais o lava-rápido, mais o escritório de contabilidade, mais a loja de ração para vacas, mais o supermercado, mais a farmácia e mais isso e mais aquilo, todos dando uma grana, chega-se aos 47 milhões.

Pena que não bati uma foto daquela lousa. Era muito engraçada. Os pilotos passavam por lá toda hora para dar uma olhadinha. Desconfio até que alguns tentavam decorar: 6 paus na volta 6, mais 50 na volta 50, mais 3 na volta 33, se não der pra ganhar, vou beliscar algum.

No dia seguinte à corrida, o vencedor tinha de ir ao autódromo para uma sessão de fotos com bonés, ao lado de seu carro. Dezenas deles. De todos os patrocinadores das 500 — do maior ao menor, sem distinção.

Mas isso conto outro dia.