Blog do Flavio Gomes
Indy, IRL, ChampCar...

ROSSI!

SÃO PAULO (ironias da vida) – Alexander Rossi fez sua carreira praticamente toda na Europa. Começou a namorar a F-1 em 2009, quando conseguiu um dia de testes com a Sauber. Andou também na Lotus/Caterham, sempre em testes, correu na GP3, na GP2, na Renault 3.5, até ser vice da GP2 no ano passado, quando a Marussia lhe […]

rossimilk3SÃO PAULO (ironias da vida) – Alexander Rossi fez sua carreira praticamente toda na Europa. Começou a namorar a F-1 em 2009, quando conseguiu um dia de testes com a Sauber. Andou também na Lotus/Caterham, sempre em testes, correu na GP3, na GP2, na Renault 3.5, até ser vice da GP2 no ano passado, quando a Marussia lhe deu a oportunidade de disputar cinco GPs.

Pode não ter feito nenhum milagre, mas seu 12º lugar no GP dos EUA igualou a melhor posição do time em 2015 — de Roberto Merhi na Inglaterra. Nada mau.

A Marussia trocou de nome para Manor e Rio Haryanto ganhou uma das vagas, com dinheiro da Indonésia. Pascal Wehrlein ficou com a outra, apadrinhado pela Mercedes. A Rossi, sobrou um lugarzinho de piloto de testes. Era o que tínhamos para hoje.

Mas tínhamos também uma chance, mesmo com contrato assinado com a Manor, de disputar a Indy como titular na Andretti-Herta, uma espécie de time-satélite da “Andretti-Andretti”. Quem cuida do carro é o ex-piloto Bryan Herta, figura simpática e experiente, que correu na Indy (contando Cart e IRL) de 1994 a 2006, numa trajetória que, se não foi brilhante, teve lá seus bons momentos — em 179 provas, foram dez poles e quatro vitórias.

E Rossi, 25 anos, foi.

E, agora há pouco, venceu a 100ª edição das 500 Milhas de Indianápolis.

Uma monstruosa surpresa, o primeiro “rookie” a ganhar as 500 desde Helio Castroneves em 2001, um menino que mal teve seu nome mencionado durante a transmissão da corrida, mas que do nada apareceu em primeiro quando todos os líderes e favoritos, a cinco voltas do final, tiveram de fazer suas últimas paradas para reabastecimento.

Uma bandeirinha amarela a mais, duas ou três voltas em ritmo lento, mudaria a história da prova. A turma da ponta teria a chance de economizar combustível e pronto, a parada estaria resolvida. Mas como disse Tony Kanaan depois da corrida, não dá para contar com isso. Quarto colocado, Tony esteve entre os maiores candidatos à garrafinha de leite na parte final da prova, assim como Muñoz e Newgarden. A amarela não veio, o #98 azul e amarelo empurrado pelos até então espinafrados motores Honda, sim. Veio para vencer.

[bannergoogle]A Indy mexeu nas regras para evitar que os kits aerodinâmicos escolhidos pelos dois contendores — Honda e Chevrolet — levassem a um desequilíbrio indesejado. Isso porque o pacote dos japoneses, no começo da temporada, era simplesmente inviável. O equilíbrio foi encontrado justamente em Indianápolis.

Com uma tocada segura e sem erros, o que é muito difícil para quem estreia no maior oval do mundo, Rossi mal sabia o que fazer quando chegou ao “winner circle”. Na dúvida, comemorou com discrição e sem grandes arroubos de heroísmo, ou explosões de alegria. Estava feliz. Emocionado. Incrédulo.

Talvez porque a vitória tenha vindo graças a algumas improváveis gotinhas de combustível e nada mais. Seu carro chegou a parar no meio da pista com o tanque seco, depois da quadriculada. Aliás, poderia ter parado antes, o que faria deste domingo o dia mais triste de sua vida. Quando abriu a última volta, o motor começou a falhar e sua velocidade, a diminuir. Era visível que estava mais lento, economizando até o cheiro do coquetel de 85% de etanol e 15% de gasolina usado na Indy. Mas os adversários, que tiveram de parar, tinham ficado muito para trás. Mesmo se arrastando, Alex passou pelo “brickyard” antes que todo mundo.

São aqueles contos de fadas que só o automobilismo pode criar.

Melhor: que só Indianápolis pode escrever.