Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

SÃO PAULO (coices gratuitos) – Vale uma breve observação antes do rescaldo do GP da Espanha. Meu post pós-corrida de ontem foi para a home do UOL. Isso atrai uma fauna inacreditável. Gente que se não concorda e/ou gosta de uma opinião emitida por quem quer que seja, se acha no direito de, nos comentários, […]

SÃO PAULO (coices gratuitos) – Vale uma breve observação antes do rescaldo do GP da Espanha. Meu post pós-corrida de ontem foi para a home do UOL. Isso atrai uma fauna inacreditável. Gente que se não concorda e/ou gosta de uma opinião emitida por quem quer que seja, se acha no direito de, nos comentários, sair xingando todo mundo.

[bannergoogle]Eu, normalmente, apago muita coisa. Vocês nem têm ideia de quantos comentários e/ou usuários vão para a caixa de spam.

Mas, às vezes, respondo. Com alguma virulência.

Por conta disso, gostaria de pedir desculpas. Desculpas por ser tão educadinho nas respostas. Porque, na realidade, essa gente — que não conheço, não quero conhecer e prefiro que fique longe daqui — merece uma surra de vara de marmelo, em primeiro lugar. Depois, que voltem para a escola para aprender a escrever. Por fim, que tenham uma morte dolorosa. Todos.

Agora, vamos ao que interessa.

A batida entre Hamilton e Rosberg, mais do que a vitória de Verstappinho, concentrou as discussões de botequim sobre a prova de ontem. Mantenho minha opinião. Lewis foi inábil, burro etc.

“Ah, mas o Rosberg entrou em modo de economia, a luz acendeu, ele viu a chance!”, gritarão. OK. Na hora eu não reparei. Depois, assistindo ao vídeo abaixo, isso ficou claro.

A análise é de Anthony Davidson, que sabe das coisas. A telemetria mostrou que Rosberguinho, naquele momento, estava 17 km/h mais lento que Hamilton. O problema é que o motor entrou em “modo de economia”, por algum set up errado que ele fez no grid. Rapidamente o alemão tratou de resolver a parada mudando o acerto num botão e apertando o “botão de ultrapassagem” que recupera energia e dá um gás extra na potência — aquilo que antes era feito com o KERS e, hoje, é feito com os motores elétricos auxiliares.

Nisso, a luz acendeu. Hamilton sabia do que se tratava e que o rival perderia potência. Então, julgou que dava para mergulhar e passar. Só que Nico solucionou o problema e, ao mesmo tempo, mudou a trajetória para evitar a ultrapassagem. Lewis tinha uma opção muito clara: tirar o pé para não bater. Ou, sem tirar o pé, ir para a grama. Foi o que fez, e o desastre foi total. Os dois na brita, tchau.

“Ah, mas por que você chama Hamilton de burro se admite que Rosberg estava no modo errado e perdeu potência?”, perguntarão. Porque mesmo perdendo potência, Nico não estava parado. Estava mais lento. Mas na frente. Com direito de proteger sua posição. Foi o que fez. Nessas horas, quem está atrás que recolha. Se não o fizer, ou bate no adversário, ou perde o controle do carro.

E fazer isso na primeira volta, sinceramente… Acho que foi burrice. Lewis não se conformou de ter sido ultrapassado na largada. Tentou recuperar o que perdeu imediatamente. A isso se chama afobação. Desnecessária. “Ah, mas a FIA disse que foi um incidente de corrida!”, berrarão ainda. Sim, nunca disse que não foi. Foi, claro. Sempre que ocorre um incidente de corrida, ele é causado por alguma coisa, ou alguém. O que não quer dizer que o cara deve ir para a cruz ou ser expulso da categoria. Nunca disse isso. Apenas acho que ele causou o acidente e foi burro. Acontece. Quem não pode ser culpado de levar uma traulitada pela traseira é Rosberg, que estava na frente cuidando de não ser ultrapassado.

Aparentemente, os dois pilotos compreenderam o que aconteceu e não se culparam mutuamente. Hamilton até elogiou a fase de Rosberg. O líder do Mundial, por sua vez, também evitou soltar seus cães sobre o parceiro. Admitiu que estava na configuração errada do motor, mas disse que solucionou o problema imediatamente e ficou “surpreso” que Hamilton ainda assim tentou passar pela direita.

Resumindo, Rosberg sabe que perdeu potência. E Hamilton sabe que sua tentativa envolvia um risco grande. Talvez Nico fizesse o mesmo se estivesse atrás. Talvez Lewis fizesse o mesmo se estivesse à frente. Nesse caso, o burro seria Rosberguinho. Ponto final. Se alguém quiser mais análise, o Renan do Couto fez a sua no GRANDE PREMIUM.

Agora, aos pitaquinhos…

– A Mercedes encerrou uma sequência de 62 corridas nos pontos. A última zerada foi o GP dos EUA de 2012 — falei ontem, Rosberg foi 13º e Schumacher, 16º. O recorde de provas seguidas nos pontos pertence à Ferrari: 81 entre os GPs da Alemanha de 2010 e de Cingapura de 2014.

– O time prateado quase iguala o recorde de 11 vitórias seguidas de uma equipe, a McLaren em 1988. Foram dez.

– Depois de 30 GPs seguidos com hino da Alemanha no pódio, ontem não teve. De Monza/2014 a Rússia/2016, só Rosberg, Vettel e Hamilton ganharam corridas. Como a Mercedes é alemã, nas vitórias de Lewis o hino tocou também. Ontem a dobradinha foi Holanda-Áustria.

– Coisa engraçada: os últimos dez GPs da Espanha tiveram dez vencedores diferentes.

– Alonso foi o primeiro a abraçar Verstappen no Parque Fechado. Legal, isso.

– Vettel anda chorando demais. Ficou meio ridícula sua reclamação pelo rádio contra a tentativa de Ricciardo ultrapassá-lo no fim da corrida. O australiano tirou uma dele no Twitter.

– Prêmio de consolação para o desolado Kvyat: ele fez a melhor volta da corrida. Foi a primeira no cartel da Toro Rosso. O soviético disse que, se estivesse ainda na Red Bull, também poderia ganhar a prova em Barcelona. Pode até ser. Mas o destino, às vezes, é cruel.