SÃO PAULO (tomou no Baku, hahaha, que engraçado) – Se Nico Rosberg precisava de uma roteirinho básico escrito por algum autor de folhetins ruins, pediria para largar na pole no Azerbaijão e para Hamilton se estrepar de canudinho.
Bom, foi mais ou menos isso o que aconteceu agora há pouco em Baku. Depois de fazer um monte de bobagem no Q1, no Q2, no Q3, nos intervalos, na hora que acordou e depois de almoçar, Lewis bateu e não conseguiu fechar uma volta decente na última parte da classificação. Larga em décimo. Nico-Nico no Fubá, sem muito esforço, fez a pole para o GP da Europa. Foi a terceira dele no ano, 25ª na carreira — com isso, passa a ser o décimo maior “poleman” da história, deixando para trás Niki Lauda e Nelson Piquet, o que não é pouco. Terá ao seu lado na primeira fila Ricardão, da Red Bull. O cara do fim de semana até agora, Sergio Pérez, fez o segundo tempo, mas foi punido por troca de câmbio e larga em sétimo.
[bannergoogle]Tráfego foi o tom do Q1. Muita gente reclamando, os mais lentos se virando para deixar os mais rápidos passarem, mas pelas vielas azeris estava difícil. A surpresa foi Nasr, que conseguiu se livrar da degola para espanto geral da nação.
O eliminado que mais sentiu o drama, porque tinha carro para passar, foi Button, 18º colocado. Junto com ele foram para as masmorras Haryanta, Wê Lá Hein?, Sonyericsson, Magnólia Arrependida e Palmolive. E notem: os dois carros da Manor na frente de uma McLaren, uma Sauber e dois Renault. Lá na frente, deu Mercedes com facilidade de novo, Rosberguinho em primeiro, Comandante Amilton em segundo. Maria do Bairro ficou em terceiro — Force India andando bem e confirmando o que fizera ontem, especialmente com Pérez.
O Q2 teve diversão com as tentativas de Hamilton de melhorar seus tempos. Como na primeira parte do treino, o inglês ficou testando a pista e seus pontos de frenagem. Onde tinha área de escape, claro. Mas a brincadeira poderia custar caro. Faltando menos de dois minutos para o fim do Q2, Lewis estava em… décimo! E a 2s260 de Rosberguinho, que virava forte e tranquilo. Atrás dele, carros com potencial para deixá-lo para trás, como Hülkenberg e Ricciardo. O risco de não passar ao Q3 foi concreto.
Mas o susto durou pouco. Depois de mais um quase-beijo no muro, Hamilton abriu nova volta, com os pneus razoavelmente estropiados, e pulou para segundo, a 1s de Nico-Nico no Fubá. Ricardão também se virou e foi para quarto. Pérez, de novo, ficou em terceiro. E Hulk, putz… Pelo que deu para pegar no rádio, ficou sem gasolina antes de abrir a última volta — sabe quando a gente coloca só 20 reais e acha que dá para rodar um montão? Pois é, não dá.
Assim, enfileiraram-se rumo às catacumbas do castelo os condenados Grojã em 11º, seguido por Hulk, Sainz Idade, El Fodón de La Eliminación, Gutierros e Felipe II. Passaram ao Q3 as duplas de Mercedes, Red Bull, Ferrari, Williams (com Massacrado em décimo), um Force India e um Toro Rosso, o de K-Vyado, que merece elogios — a vida não está fácil para o soviético, todos sabemos.
No Q3, Lewis selou seu próprio caixão. Cometendo erros a granel desde o início do dia — dizem que errou até o elevador do hotel, depois entrou na sauna em vez da sala de café da manhã –, na primeira volta passou direto numa curva que não sei qual é. Tentativa abortada. Na segunda, quando passava pelo castelo, tocou com a roda direita dianteira no muro e quebrou a suspensão. Olha, a noite deve ter sido boa… Porque o que o cara fez de cagada no sábado, não estava no alcorão. Mas ele foi absolvido pelo agora comentarista Johnny Herbert, da Sky. “Sol na cara” foi o veredito do ex-piloto.
Ah, vá.
As explicações de Hamilton foram muito melhores. Disse que não teve nada a ver com o sol e que simplesmente não encontrou um bom ritmo hoje. “Tem dia que é assim.” Foi muito honesto.
A batida fez a direção de prova acionar a bandeira vermelha a 2min05s do fim da sessão. A sorte de Rosberg é que antes de o treino ser interrompido, o alemão conseguiu fechar sua volta. E foi boa, 1min42s758, suficiente para a pole. Ainda que houvesse tempo para a galerinha abrir mais uma volta, o fato é que ninguém chegaria perto do tempo do alemão platinado. Pérez, em segundo, também não seria superado — dificilmente. Azar dele, porém, é que tinha sido punido. Depois de um acidente no terceiro treino livre, a Force India teve de trocar seu câmbio. Ele teria de largar cinco posições atrás.
[bannergoogle]E foi assim. Nico nem voltou para a pista. Pérez ficou em segundo — caindo para sétimo no grid por causa da punição –, seguido por Ricciardo, Vettel, Raikkonen, Massa (que não conseguiu abrir uma nova volta), Kvyat, Bottas, Verstappen e Hamilton. Ricardão e Tião alemão fizeram exatamente o mesmo tempo. Mas, nesses casos, larga na frente quem fez primeiro. Assim, o australiano vai para a primeira fila ao lado de Rosberguinho.
O prejuízo para o inglês foi enorme. É a chance que Rosberg precisava para reagir no campeonato. E que fique para os registros: Sapattos e Verstappinho se dedicaram a tirar racha no Q3, um passando o outro, o outro xingando o um. Se deram mal, obviamente. Com a mútua presepada, largam em oitavo e nono. E Kvyat na frente do jovem Max, o que deve ter tido um sabor especial para o russo. A única coisa que resultou dessa briguinha foi um vácuo que Bottas aproveitou, chegando a 366,1 km/h na enorme reta do circuito. 366,1 km/h numa pista de rua é foda, muito foda.
Querem saber? Vai ser uma prova bem interessante, com Hamilton buscando o que perdeu. Terá dificuldades. Acho que Nico dá uma respirada amanhã.