Pois foi Rosberguinho quem enfiou a luneta para fazer a pole em Marina Bay, e a ele devemos dedicar todos os clichês possíveis. A volta que fechou a definição do grid para o GP de Cingapura foi realmente espetacular. Espetacular. E desmontou todas as teses que apontavam Ferrari e Red Bull como concorrentes sérios para a Mercedes na prova asiática, por conta do mau resultado prateado no ano passado.
A Ferrari, principalmente — que deu vexame. A Red Bull ainda pode incomodar um pouco. Mas pelo retrospecto recente de Nico-Nico, se ele largar bem vai conseguir controlar a corrida. Palpite (e quase torcida): sai da feérica cidade-estado na liderança do campeonato. Por que torcida? Porque torço para essa bagaça se arrastar ponto a ponto até o fim do Mundial. Simples assim.
[bannergoogle]Comecemos com o vexame ferrarista. Ele se materializou no Q1, quando Vettel, a cada curva que fazia, via uma roda dianteira se levantar do asfalto. “Que porra é essa?”, perguntou. Chamaram-no para os boxes, mexeram aqui e ali, mandaram de volta para a pista.
O mesmo. “Por que me mandaram de volta desse jeito?”, perguntou Tião Italiano. Estou inventando as falas. Boxes de novo.
Aparentemente, a barra estabilizadora traseira (antes que comecem a dizer “claro que é traseira”, é bom informar que muitos carros têm barras na dianteira; a maioria, aliás) quebrou. Não sei como um negócio desses pode quebrar num F-1, mas que não estava funcionando, não estava. Talvez não tenham fixado a dita cuja direito. Um erro de montagem. Estou esperando a Ferrari falar algo.
O fato é que por conta de ter de andar com um triciclo, Vettel ficou em último e é em último que larga amanhã, tendo sido limado da festinha da classificação ao lado de, pela ordem, Excelência, a partir do 17º: Magnólia Arrependida, Felipe II, Palmolive, Wê Lá, Hein? e L’Ocon. Na ponta, Ricciardo fez o melhor tempo na casa de 1min44s255. Os dois pilotos da Mercedes, colocando o carro na banguela em algumas retas, ficaram em quarto (Hamilton) e oitavo (Rosberguinho).
No Q2, Nico resolveu dar uma aceleradinha em virou uma volta em 1min43s020, aquilo que a gente chama de temporal. Para isso, usou os pneus ultramacios. A Red Bull resolveu fazer suas voltas com supermacios — um pouquinho menos gosmentos e, portanto, mais duráveis — para largar com eles e adiar a primeira parada. É uma estratégia. E os tempos não foram ruins. Ricardão em terceiro a 0s913 de Rosberg, e Verstappinho em quarto, a 1s092.
[bannergoogle]Não foram ruins, mas também não foram sensacionais. Os ultramacios que usariam no Q3 seriam mais rápidos o bastante para encostar em Rosberguinho?
Eu achei na hora que não, e estava certo, como se verá a seguir.
Mas antes de falar disso, os degolados, pela ordem, Meritíssimo, a partir do 11º colocado no grid: Sapattos, Massacrado, Bonitton, Gutierros, Grojã (que bateu e causou uma amarela que, segundo Massa, atrapalhou sua volta porque ele tirou o pé, e outros pilotos não tiraram, e tem de ter investigação, chama o MP do Paraná para fazer um PowerPoint já) e Sonyericsson.
Ah, a Williams… Como pode? Os dois carros da Force India, que brigam com a equipe de Sir Frank pelo quarto lugar no Mundial, foram ao Q3. É bem provável que terminem na frente amanhã, retomando a posição — que no final da temporada representa alguns milhõezinhos de dólares a mais de premiação. Assim como passaram os dois da Toro Rosso, a dupla da Mercedes, a da Red Bull, e um de cada de McLaren e Ferrari.
Assim que a luz verde se acendeu no Q3, Rosberg foi para a pista. E fez uma volta assombrosa em 1min42s584. Para se ter uma ideia (preparem-se para um monte de números), foi 0s704 mais rápido que Hamilton, 0s956 melhor que Raikkonen, enfiou 1s157 em Ricciardo e 1s259 em Verstappen. Tá bom procêis?
Como se nota, a Red Bull não melhorou grande coisa com os ultramacios. Pareciam, seus dois pilotos, fora da briga. A segunda rodada de voltas rápidas foi aberta pelo Comandante Amilton, que logo na primeira curva já fez uma cagada e estragou a sua tentativa. No segundo trecho do circuito, errou de novo e completou o serviço. Péssimo, diga-se. “Não é meu fim de semana”, falou, elogiando Rosberg.
Ricardão e Verstappinho melhoraram um pouco em relação ao que conseguiram na primeira saída, mas nem chegaram perto de Rosberg, que também não conseguiu superar seu tempo da primeira volta rápida, embora tenha ficado perto — na real, ele ficou com a primeira fila sozinho, porque fez primeiro e segundo tempos no Q3; se fosse ele, reivindicaria esse direito.
Foi uma pole, em resumo, obtida com enorme autoridade e superioridade. Fodástica, com a faca nos dentes, arrojado, combativo, ousado, perseverante, dedicado, esforçado, não desiste nunca, busca o limite extremo. “Foi uma das três melhores da minha vida“, falou o platinado que, amanhã, completa 200 GPs na F-1.
[bannergoogle]Viram como é ridículo adjetivar qualquer coisa exageradamente quando o elogiado não é nosso queridinho? Fica a dica.
Foi a sétima pole de Nico-Nico no Fubá em 2016, 29ª na carreira. Ele ainda não venceu em Cingapura. É bom lembrar, como escrevi ontem, que em seis das oito edições dessa prova (75%) o pole ganhou.
Ricciardo ficou em segundo no grid, a 0s531 do alemão. Hamilton e Verstappen dividem a segunda fila. Ah, como quero ver essa largada! É bom que Lewis tome alguns cuidados. O menino maluquinho da Red Bull não tem muito a perder se bater — no máximo, Helmut Marko tira o PlayStation dele por uma semana. Raikkonen ficou em quinto, seguido pela ótima Toro Rosso com Sainz Jr. em sexto e Kvyat em sétimo. Hülkenberg, Alonso e Pérez fecharam a turma dos dez primeiros.
Andaram falando que pode chover amanhã. Entrei no aplicativo que se chama “Tempo” no meu celular, escrevi “Cingapura” e apareceu, para domingo, uma nuvenzinha com um raio, temperaturas entre 25°C e 32°C. Aí notei que tem uma espécie de hora a hora, e a nuvenzinha com um raio estará presente das 11h às 14h locais, e de noite, na hora da corrida, tudo que temos é uma nuvenzinha com uma lua, sem raios, nem trovões. O que me leva a crer que não vai chover coisa nenhuma.