Blog do Flavio Gomes
F-1

FERRARI SF70H

SÃO PAULO (dose dupla) – Sexta-feira gorda, de Ferrari e McLaren novas para alegrar os foliões. Como a Ferrari apareceu mais cedo, comecemos por ela. Porque temos novidades, uma vez que reencontrei velha fonte de informações sigilosas que acabei de entrevistar — a conversa está no final do post. Já nem discuto mais as siglas […]

SÃO PAULO (dose dupla) – Sexta-feira gorda, de Ferrari e McLaren novas para alegrar os foliões. Como a Ferrari apareceu mais cedo, comecemos por ela. Porque temos novidades, uma vez que reencontrei velha fonte de informações sigilosas que acabei de entrevistar — a conversa está no final do post.

Já nem discuto mais as siglas usadas pela equipe italiana para designar seus carros. Eles não usam padrão nenhum. Vou dar alguns exemplos, e se vocês forem bons, mesmo, depois expliquem cada um deles:

1956 – F801F1
1958 – F246F1
1964 – F158F1
1978 – F312T3
1981 – F216C
1985 – F156
1989 – F640
1994 – F412TB1
1996 – F310
1998 – F300
2003 – F2003GA
2006 – F248F1
2009 – F60
2011 – F150

Verdadeiramente uma zona. Quando saiu o nome do carro hoje, SF70H, não fiquei nem espantado, nem decepcionado. “SF” é o óbvio, Scuderia Ferrari. Zero de criatividade. O “70”, li depois, refere-se aos 70 anos da equipe. O “H” suponho que seja algo relacionado ao fato de serem usados motores híbridos.

[bannergoogle]Isso posto, observei bem os detalhes do carro e os olhares do pessoal do time na apresentação. No que diz respeito ao automóvel, chamou a atenção uma asinha pendurada na extremidade da barbatana — a Mercedes usou asinha parecida, mas sem a barbatana.

Está muito claro, em todos os carros, os exaustivos estudos aerodinâmicos que resultaram em asas dianteiras cheias de degraus, frestas e reentrâncias, além de sidepods curvilíneos de formato indizível, orifícios, canaletas, corredores, túneis e minúcias que só mesmo os engenheiros são capazes de explicar. E quando o fazem, dizem sempre o mesmo, e vocês sabem o que é: otimizar os fluxos de ar.

Quanto aos olhares, notei medo em Arrivabene, apreensão em Binotto, esperança em Vettel, alegria em Giovinazzi e tédio em Raikkonen — que, aliás, já deu umas voltinhas em Fiorano e no link aí em cima do Grande Prêmio tem o vídeo.

No que diz respeito à pintura, não é preciso falar muito de Ferrari. Pintaram a barbatana de branco, OK. O resto é variação sobre o mesmo tema e não pode ser muito diferente, mesmo. Notei que a marca de óculos Ray-Ban ganhou muito espaço na lateral, o que é absolutamente irrelevante.

Ano passado, nenhuma vitória. Em 2017, por mais que o discurso seja o de sempre, de brigar na frente, é melhor esperar para ver. Com muitas mudanças no corpo técnico, a chance de dar errado é maior do que a de dar certo. Mas vai que…

De qualquer forma, é bobagem fazer prognósticos muito definitivos antes do início dos testes. O normal é andar ali perto da Red Bull e não muito distante da Mercedes — um quadro parecido com o de 2016. Sendo bem realista, se a Ferrari ganhar umas duas ou três corridinhas neste ano, já estará ótimo.

Mas chega de papo furado. Eis a SF70H:

Fazia tempo que não conversava com a melhor fonte que já tive numa equipe, o cara que me passava grandes informações das entranhas de Maranello especialmente naqueles anos de Alonso por lá. Seu telefone mudou e todos os e-mails que mandei esta semana, para restabelecer contato, voltaram. O endereço que sempre usei (gola@ferrari.it) foi desativado, aparentemente. Mas acabei conseguindo, graças ao relacionamento que mantenho com algumas figuras que foram espirradas da equipe nos últimos anos. Quem me passou o novo contato do famoso Gola Profonda foi outra fonte, cujo nome não posso revelar — apenas o apelido, “Lucchignia”. Abaixo, revelações inacreditáveis que me foram passadas pelo mui ativo Gola:

Flavio Gomes (FG) – Gola, você sumiu, rapaz! É o Gola que tá falando, né?
Gola Profonda 2017 Desempregado Ativo (GP17DA) – Amico mio! Si, sono io!

(A partir daqui, vou reproduzir a conversa já traduzida do italiano.)

FG – E aí, essa bagaça (no original: “bagaccia”) vai andar ou não vai?
GP17DA – Os caras estão animados. Viu o teste?

FG – Qual teste?
GP17DA – Do Kimi, aqui em Fiorano.

FG – Isso não é teste, só andou um pouquinho para filmar.
GP17DA – Ah, mas só de conseguirem ligar o motor foi um alívio…

FG – O motor é bom, pelo menos?
GP17DA – Esse que usaram hoje é bom, do Tempra 16 válvulas.

FG – Essa merda vivia pegando fogo.
GP17DA – Esse era o medo. Por isso estavam todos felizes.

FG – Mas vão com esse motor para os testes de Barcelona?
GP17DA – Não, do Uno Turbo.

FG – Esse era bom.
GP17DA – É nossa esperança.

FG – Nossa? Você não foi mandado embora?
GP17DA – Fui, mas vou voltar. O cozinheiro se demitiu.

FG – Por quê?
GP17DA – Porque trocaram Barilla por Adria.

FG – Bom motivo.
GP17DA – Pois é. Apresentei um plano. Consegui um contato com a Pomarola e eles vão fornecer os molhos. Gostaram e acho que vão aprovar. Mas só de tomate. Vai ser assim o ano inteiro, mas pelo menos vai custar pouco.

FG – OK, vamos falar deste ano, então. Como está o Vettel?
GP17DA – Muito animado. Quer ter outro filho e comprar outra moto.

FG – E o Kimi?
GP17DA – Não sei, não apareceu na apresentação.

FG – Como não? Eu vi nas fotos.
GP17DA – Não era ele, era um display de papelão.

FG – E quem dirigiu o carro em Fiorano, criatura?
GP17DA – O Badoer, com o capacete do Kimi.

FG – Badoer?
GP17DA – Foi recontratado. Ele tinha entrado com uma ação trabalhista, fizeram um acordo e vai estar conosco de novo. Foi ele que correu algumas provas no ano passado, quando o Kimi estava de ressaca. Fez até pontos.

FG – E ninguém percebeu?
GP17DA – Não. Nem o Kimi.

FG – E por que o Arrivabene ficou? Só fez cagada no ano passado.
GP17DA – Ninguém quis o lugar dele. Chamaram até um brasileiro.

FG – Um brasileiro? Quem?
GP17DA – Não sei direito o nome dele. Só sei que ele apresentou um plano de trabalho meio esquisito e não toparam.

FG – O que ele sugeriu?
GP17DA – Pintar o carro de cinza e vender Fiorano para fazer restaurantes e um shopping.

Nessa hora, a ligação caiu. Acabaram os créditos da minha fonte, e receio que terei problemas para falar com ele neste ano. Depois do almoço volto com muitas revelações sobre a McLaren. Tem coisa de arrepiar.