Blog do Flavio Gomes
F-1

FORCE INDIA VJM10

SÃO PAULO (vai, Lusa!) – Hoje foi dia da Force India. O VJM10 foi apresentado em Silverstone, que fica do outro lado da rua onde está desde sempre fábrica da equipe — sucessora da Jordan. Meta ambiciosa para 2017: ficar em terceiro no Mundial. Dá? Dá. Terceiro, no caso, significa terminar a temporada atrás de Mercedes […]

SÃO PAULO (vai, Lusa!)Hoje foi dia da Force India. O VJM10 foi apresentado em Silverstone, que fica do outro lado da rua onde está desde sempre fábrica da equipe — sucessora da Jordan. Meta ambiciosa para 2017: ficar em terceiro no Mundial. Dá? Dá. Terceiro, no caso, significa terminar a temporada atrás de Mercedes e Red Bull e à frente da Ferrari. No ano passado, o time acabou em quarto, um resultado surpreendente, deixando a Williams para trás. Ambas com motores Mercedes. Foi uma façanha e tanto.

Bater a Ferrari é meta plausível, porque os italianos reformularam a equipe de cabo a rabo na parte técnica e, sinceramente, essas coisas não costumam dar muito certo quando se trata de Maranello. Saberemos depois dos testes de Barcelona se os objetivos poderão ser alcançados. Mas, desde já, posso jogar minhas fichas nas duas primeiras — Mercedes e Red Bull — sem muito medo de errar. Na Ferrari em terceiro eu não jogaria muito, não.

[bannergoogle]A dupla de pilotos é boa. Sergio Pérez fez um ótimo campeonato em 2016 e Esteban Ocon é um garoto muito promissor. Foi locado à Force India pela Mercedes, que aposta muito no seu futuro. Motor bom, estrutura estável, pilotos qualificados, bom retrospecto recente, tudo parece conspirar a favor da equipe.

O carro veio pintado de prata e preto, com detalhes em laranja. Vijay Mallya, dono do time — que batiza os carros, inclusive, com suas iniciais e o número que indica ser este o décimo modelo de sua já não tão curta história –, continua às voltas com a Justiça de seu país. Deve para Shiva e todo mundo, mas misteriosamente não vai à falência.

Do ponto de vista técnico, o degrau no bico difere dos carros já apresentados, assim como sua extremidade. O formato tosco da barbatana atrás da tomada de ar não significa nada. Lucas di Grassi, ontem no “Paddock GP”, contou que nessas apresentações oficiais ninguém mostra nada “de verdade”, para que os outros não copiem. As cerimônias servem mais para mostrar pintura, layout e patrocinadores do que para qualquer coisa.

Ficará em terceiro, a simpática Force India? Torcerei para isso, gosto quando as pequenas derrotam as grandonas. E crise na Ferrari sempre é divertido.

F1 VJM10 Launch - Silverstone, England" width="700" height="467" srcset="https://flaviogomes.grandepremio.com.br/wp-content/uploads/2017/02/vjm10-1024x682.jpg 1024w, https://flaviogomes.grandepremio.com.br/wp-content/uploads/2017/02/vjm10-300x200.jpg 300w, https://flaviogomes.grandepremio.com.br/wp-content/uploads/2017/02/vjm10-785x523.jpg 785w, https://flaviogomes.grandepremio.com.br/wp-content/uploads/2017/02/vjm10.jpg 1600w" sizes="(max-width: 700px) 100vw, 700px" />

Claro que passei o dia telefonando para Silverstone até conseguir o número de um velho contato ainda dos tempos da Jordan que hoje ocupa alto cargo na equipe indiana — inclusive se converteu ao hinduísmo. Pedi a ele uma entrevista formal por WhatsApp, hoje é tudo WhatsApp, e ele topou, desde que não fosse identificado. Segue a íntegra, já traduzida.

Flavio Gomes (FG) – Como vai, faz tempo, hein?
Fonte da Force India (FdaFI) – Brahma esteja convosco.

FG – Brahma não dá. Gosto de Amstel e Estrella Galicia.
FdaFI – Gelada, amigo, qualquer uma.

FG – Concordo em parte.
FdaFI – Eu tomo até quente.

FG – Bem, podemos conversar sobre o carro?
FdaFI – O que você quer saber?

FG – Por que escolheram prata e preto?
FdaFI – Porque só tem carro prata e preto por aí hoje.

FG – Tem vermelho também.
FdaFI – A gente não quer ser confundido com carro ruim.

FG – Essa barbatana branca é de cartolina?
FdaFI – Acrílico.

FG – Mas pode?
FdaFI – Era o que tinha mais barato, mas vamos trocar.

FG – E vai ser nesse formato tosco, mesmo?
FdaFI – Fizemos testes. Ela melhorou muito os fluxos de ar à direita e à esquerda. E por baixo do carro também. E por cima. É uma peça incrível.

FG – E aquele degrau ridículo depois do cockpit?
FdaFI – Somos uma sociedade de castas. Na nossa cultura milenar, bico de carro vale menos do que cockpit, o degrau indica isso, que para um bico um dia virar cockpit, terá de subir muitos degraus.

FG – Você tá me zoando, né?
FdaFI – Não, foi o que falamos para o Vijay para explicar essa coisa horrorosa.

FG – E ele acreditou?
FdaFI – Claro que não, mas disse que sim.

FG – Por que ninguém prende esse cara?
FdaFI – Porque ele é da casta dos comerciantes.

FG – Bom, e os pilotos? O que você espera deles?
FdaFI – Não falo com pilotos, eles são dalits.

Nessa hora, achei melhor me despedir e desliguei.