Blog do Flavio Gomes
F-1

RED BULL RB13

[bannergoogle]SÃO PAULO (vai dar tempo?) – Legal, três carros no mesmo dia. Bom, pelo menos são os últimos. Estou gastando muito em telefonemas internacionais para falar com minhas fontes. Nem todos usam WhatsApp. Querem Skype, mas Skype quem não usa sou eu. Prefiro Facetime. Enfim, são as preferências tecnológicas. No fim das contas, acabamos falando […]

[bannergoogle]SÃO PAULO (vai dar tempo?) – Legal, três carros no mesmo dia. Bom, pelo menos são os últimos. Estou gastando muito em telefonemas internacionais para falar com minhas fontes. Nem todos usam WhatsApp. Querem Skype, mas Skype quem não usa sou eu. Prefiro Facetime. Enfim, são as preferências tecnológicas. No fim das contas, acabamos falando mesmo pelo telefone, que é um equipamento superinteressante, você fala e na hora a outra pessoa escuta, onde estiver. Uma das coisas mais modernas que conheço.

A Red Bull apresentou o RB13. Ano retrasado, a equipe não foi muito bem. Ficou em quarto no campeonato, reclamou da Renault — com razão –, reagiu e chegou ao vice-campeonato em 2016. Muita gente acha que é a única que pode fazer frente à Mercedes. Mais pela capacidade conhecida do que pelos resultados recentes.

Vejamos. Desde o início da era motor 1.6/turbo/elétrico/MGU/CKH/PQP, em 2014, foram disputados 59 GPs. A Mercedes ganhou 51 deles — 86,4%. As migalhas que restaram foram lambidas pela Red Bull (5 vitórias, 8,5%) e pela Ferrari (3 vitórias, 5%). Me parece humilhante demais para todos. E meio exagerado dizer que por ser a segunda maior vitoriosa do período a equipe rubro-taurina (essa é uma grande invenção minha, rubro-taurino) vai conseguir, de repente, atropelar os rivais. Aliás, antes de seguir, vejam como foram os últimos três anos na F-1:

VITÓRIAS DESDE 2014
2014 – Mercedes 16, Red Bull 3, Ferrari 0
2015 – Mercedes 16, Red Bull 0, Ferrari 3
2016 – Mercedes 19, Red Bull 2, Ferrari 0

Mas há uma esperança. O time austríaco faz bons chassis desde sempre, graças à genialidade de Adrian Newey. Como os carros deste ano terão uma dependência maior da aerodinâmica, especialidade do rapaz, pode ser que alguma coisa aconteça. Mas motor segue sendo o ponto forte da Mercedes, e ainda não dá para saber quanto a Renault melhorou para 2017 para ajudar a Red Bull — que, por sinal, batiza seus motores com marca de relógio, TAG Heuer. Já não me incomodo com isso. Depois que a Prost rebatizou seu motor Ferrari como Acer, marca de computador, desencanei de certos purismos.

RB13 nem precisa dizer o que significa. A equipe chama seus carros com as iniciais da marca seguidas da numeração desde que estreou na F-1, depois de comprar a Jaguar, na virada de 2004 para 2005. Fizeram até uma brincadeira na apresentação com o número 13, que dá azar para alguns, mas pode dar sorte para outros — Zagallo que o diga.

A equipe tem muitos pontos fortes. Organização, comando firme e inteligente de Christian Horner, eficiência, modernidade, o já citado Newey e, por fim, aquela que pode ser considerada hoje a melhor dupla do grid, no conjunto: Daniel Ricciardo e Max Verstappen. Nenhum dos dois é o melhor piloto do mundo. Talvez na atualidade três possam entrar nessa disputa: Alonso, Hamilton e Vettel. Mas como dupla, não vejo nenhuma mais forte. Ricciardo é preciso, aguerrido e tecnicamente impecável. Max será campeão no futuro é e a maior novidade da F-1 dos últimos tempos.

Por fim, a pintura. Felizmente a Red Bull largou aquele azul-roxo-camisa-pirata-do-Corinthians-desbotada há algum tempo e adotou um preto fosco elegante e agressivo. É muito bonito, o carro. Do ponto de vista técnico, notei que fizeram um tremendo esforço para otimizar os fluxos de ar. Repararam também? Então vejam:

São muito evidentes as mudanças em relação ao ano passado. Pneus mais largos, asa traseira mais baixa, asa dianteira esculpida com carinho e delicadeza, sidepods, bargeboards, fuckingpods e tudo mais redesenhado com ternura e afeto. Telefonei para minha fonte na equipe e a conversa esclarecedora está abaixo.

Flavio Gomes (FG) – Belíssimas escolhas, parabéns!
Fonte da Red Bull (FdaRB) – Muito obrigado, experimentamos muita coisa diferente para chegar nesse resultado.

FG – No fim das contas, o que foi decisivo para o resultado final?
FdaRB – O ingrediente principal. No caso, Aperol. Criamos o Aperol Lime, o drink do verão. São 60 ml de vodca soviética espetacular, 40 ml de Aperol, 50 ml da bosta do Red Bull Silver Edition sabor Lime, três colheres de sopa de maracujá e folhas de hortelã. Coloca tudo pela ordem numa taça de vinho, acrescenta gelo e fica muito bom.

FG – Aperol é enjoativo.
FdaRB – Red Bull também é.

FG – Verdade. Imagina os dois juntos.
FdaRB – Dá vontade de vomitar na hora, mas o hortelã segura a onda.

FG – Bem, e o que mais pode ser dito de 2017? Usaram algo de 2016?
FdaRB – Lichia.

FG – Lichia?
FdaRB – Sim. Pegamos um copo longo, colocamos três pedras de gelo, uma lichia dessas em calda, que vende em qualquer supermercado e custa caro pra cacete, 30 ml de licor de lichia, 30 ml de gim, sete pimentas rosa e 50 ml de Red Bull tradicional, aquele que é o pior de todos.

FG – O que lembra Bardahl?
FdaRB – Esse mesmo.

FG – E ficou bom isso?
FdaRB – A gente começou no ano passado, deu certo, seguimos nesta temporada.

FG – Os dois pilotos estão de acordo com essas decisões estratégicas?
FdaRB – Para eles criamos algo novo que agrada a ambos, para não ter reclamação sobre jogo de equipe, essas coisas.

FG – E o que seria?
FdaRB – Sabe bergamota?

FG – Mexerica?
FdaRB – Não, bergamota.

FG – Tangerina?
FdaRB – Bá, vocês são muito regionalistas. É, isso mesmo.

FG – Bom, o que tem a tangerina?
FdaRB – A gente macerou três gomos de bergamota com casca numa coqueteleira, dois gomos de limão siciliano, duas colheres de açúcar com canela, colocamos gelo, 40 ml de vodca russa sensacional, 20 ml de xarope de violeta, aí dividiu tudo, colocou em dois copos e completamos com Bardahl.

FG – Cara, é muita coisa, ninguém vai lembrar dessa receita. Onde vende xarope de violeta, vocês estão loucos? E Bardahl não fica bom em coquetel, onde vai arrumar Bardahl?
FdaRB – Se não encontrar Bardahl coloca Red Bull mesmo, é ruim igual, aliás lá só tem cara ruim, aquele palhaço babaca cheio de dentes e aquele moleque сукин сын, só tem сукин сын naquela equipe!

FG – Isso aí é russo, quem tá falando?
FdaRB – Ax, Иди к ёбаной матери!

E desligou. Desconfio quem era. Só não sei como atendeu o telefone na fábrica. Posso ter ligado para o lugar errado, enfim…