Não sei se o Moco seria campeão, mas era um piloto extraordinário e seus resultados na F-1 mostram isso. Antes, pela Willys, enchia os olhos de quem o via correr por esse Brasil afora. Aliás, a equipe Willys merece uma reflexão. Os pequenos carrinhos amarelos com uma faixa verde, Gordinis e berlinetas Interlagos, basicamente — os protótipos Bino vieram mais para o fim –, levaram à F-1 nada menos do que quatro pilotos: Emerson e Wilson Fittipaldi, Luiz Pereira Bueno e José Carlos Pace.
É pouco?
Se acharem que é, procurem alguma equipe de fábrica de carrinhos de rua que tenha feito algo parecido. E num país de Terceiro Mundo, como o Brasil.
Hoje, exatos 40 anos depois do acidente de Mairiporã, o Grande Prêmio relembra a carreira de Pace e faz a ele uma merecida homenagem. Nosso templo de Interlagos, como diz o Ceregatti, leva seu nome. Justo, justíssimo. Porque, assim, ele será lembrado para sempre cada vez que alguém pisar naquele autódromo sagrado.
“Carlos não foi apenas um dos principais pilotos da F-1, mas ele também era alguém que sabia trabalhar em equipe e, mais importante para mim, era um amigo. Sua morte foi uma grande perda para a F-1. Um bom exemplo de seu jeito de ser foi uma vez em que deixamos um autódromo depois de um dia ruim, quando nós usávamos motores Alfa Romeo, e ele quebrou mais uma vez. Carlos falou: “Não corro de novo com esse carro e vou ficar um ano fora da F-1″. Mas depois de algumas horas, quando chegávamos a Londres, onde ele morava, já estava falando sobre a próxima corrida e sobre o que teríamos de fazer para melhorar. Este era Carlos — charmoso e positivo. Uma grande perda na minha vida.”