Blog do Flavio Gomes
F-1

NO BAKU DOS OUTROS (2)

RIO (falta pouco) – Tudo que deu errado no ano passado e não funcionou ontem para Hamilton acabou dando certo e funcionando hoje em Baku. O inglês fez uma pole excepcional e importantíssima para buscar Vettel na classificação. São 12 pontos que os separam na tabela. Imaginando o pior dos cenários para o inglês amanhã […]

baku173

RIO (falta pouco) – Tudo que deu errado no ano passado e não funcionou ontem para Hamilton acabou dando certo e funcionando hoje em Baku. O inglês fez uma pole excepcional e importantíssima para buscar Vettel na classificação. São 12 pontos que os separam na tabela. Imaginando o pior dos cenários para o inglês amanhã — vitória, com Tião Italiano e segundo –, ele desconta sete.

Estou considerando nesse “pior”, claro, que uma vitória é certa, e acho que é, mesmo, lembrando da facilidade que Rosberg teve no ano passado no circuito azeri. Aí, tudo que Vettel poderia fazer seria lutar pelo segundo lugar, o que não será tão fácil. Ele tem dois carros entre o seu e o de Lewis: Bottas, segundo no grid, e Raikkonen, terceiro.

Kimi não deverá espanar se a Ferrari mandar trocar logo, ou se acabar perdendo a posição naturalmente. Mas Sapattos será um adversário mais complicado. A Red Bull, que esboçou uma intromissão nessa briga, acabou ficando para trás e Verstappinho, quinto no grid, só atrapalha se largar muito bem. Se não passar ninguém logo de cara, dificilmente terá ritmo para acompanhar os quatro da frente.

[bannergoogle]Lewis fez a 66ª pole de sua carreira, e desta vez não ganhou capacete, nem luva, nem balaclava, nem nada de Senna, a quem superou nas estatísticas. Ele agora só está atrás de Schumacher — o alemão tem 68 e essa marca cai em breve.

Hamilton já tinha feito o melhor tempo no Q1 (1min41s983) e no Q2 (1min41s275). Em Baku, são necessárias várias voltas para aquecer os pneus até a temperatura ideal (supermacios, no caso), e a borracha não gasta. No Q3, porém, o tempo é mais curto e a margem de erro, menor — até porque a pista é longa e a volta, demorada. E quase que Comandante Amilton se dá mal. Quando Bottas virou 1min41s274, ele errou em sua primeira tentativa. E quando uma bandeira vermelha interrompeu a sessão a 3min33s do encerramento, após uma batida besta de Ricciardo, a vaca hamiltoniana parecia ter ido para o mar Cáspio.

Mas ele se superou. Assim que a pista foi reaberta, haveria tempo para apenas mais uma volta cronometrada. E Lewis meteu o pé no porão para fazer uma volta que definiu como “maravilhosa”, em 1min40s593. Colocou 0s434 em Bottas, que também foi muito bem e melhorou seu tempo anterior. Aliás, quase todos que só tiveram essa mísera voltinha no final conseguiram alguma coisa. Quem não conseguiu, como o jovem Max, perdeu posições — era terceiro antes da interrupção, caiu para quinto.

A segunda fila ferrarista foi normal, inclusive com Kimi andando na frente de Vettel — não foi a primeira vez no ano, e Tião Italiano tem sido melhor em corrida do que em classificações. Verstappinho e Pérez ficaram em quinto e sexto. A Force India segue enchendo os olhos de quem torce para equipes garagistas, tendo feito também o sétimo tempo, com Ocon. E aí veio a grande surpresa do dia: Stroll Pício em oitavo, ficando na frente de Massa pela primeira vez na temporada. Foi bem, o menino. Se não bater umas quatro vezes na corrida a gente vai ter de parar de zoar com ele. Felipe foi o nono e Ricardão larga em décimo.

Voltando a fita, e apenas para registrar, o Q1 começou com sol e 27 graus — muito calor, com 50 graus no asfalto bakuniano onde não tinha sombra. Os primeiros degolados foram El Fodón de La Punición (Alonso perdeu 40 posições no grid por troca de tudo, inclusive marca de pasta de dente, e larga de Vladivostok), Grojã (que desde ontem diz que não consegue “sentir o carro”, seja lá o que for isso), Sonyericsson (pivô da crise na Sauber, e tomou de Wehrlein de novo), Não Doorme (esse perdeu 35 posições, algo assim, e larga de Leningrado) e Palmolive, que nem fez tempo.

[bannergoogle]No Q2, Stroll começou a mostrar serviço fazendo o sétimo tempo, confirmando o bom momento logo depois ao superar Massacrado. Os pontinhos no Canadá parecem ter feito bem. Os eliminados foram K-Vyado, Sainz Idade, Magnólia Arrependida, Incrível Hulk e Wê Lá, Hein?. O grupo que passou para o Q3 foi clássico, com as duplas completinhas das equipes mais fortes: Mercedes, Ferrari, Red Bull, Force India e Williams, sem intrusos.

O GP do Azerbaijão tende a ser chato se a dupla prateada saltar na frente e Bottas escoltar Hamilton. Como é corrida de uma parada (a Pirelli sugere um pit stop na volta 12, caso o piloto não se importe com uma degradação maior, ou na 22, se cuidar da borracha) e todos vão fazer a segunda parte da prova com pneus macios, que no fim das contas são meio duros para esse asfalto, ninguém deve esperar estratégias mirabolantes. Temos de torcer, mesmo, para algumas pancadas nos muitos muros ao longo da pista, algo que quase todo mundo ensaiou fazer durante os treinos. Um safety-car aqui, um congestionamento ali (como na F-2, naquela subidinha do castelo), e aí a diversão será garantida.

Caso contrário, acho que Lewis vai passear.