Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM À TARDE

RIO (muito amor) – A discussão entre Pérez, Ocon e dalits da Force India pelo rádio foi um dos pontos altos do GP do Canadá. Gostei da atitude do mexicano. “Deixem a gente correr, pô!”, foi o que ele disse depois de um papo furado interminável sobre as chances de Ocon passar Ricciardo, a possibilidade […]

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A foto do dia é do carro de Alonso onde ele anda melhor: quebrado, sobre uma plataforma

RIO (muito amor)A discussão entre Pérez, Ocon e dalits da Force India pelo rádio foi um dos pontos altos do GP do Canadá. Gostei da atitude do mexicano. “Deixem a gente correr, pô!”, foi o que ele disse depois de um papo furado interminável sobre as chances de Ocon passar Ricciardo, a possibilidade de devolver a posição depois, essa baboseira toda que, muitas vezes, contamina equipes de F-1. Deixem de bobagem. Quer passar, tenta. Se conseguir, ótimo. Se não conseguir, azar. Desde que um não seja sujo com o outro, o resto é cascata. Além do mais, nenhum dos dois passaria Ricciardo.

Sobre o tema, André Avelar  discorre no GRANDE PREMIUM, falando um pouco mais sobre os perfis do francês e do mexicano. Ambos são bons. Esteban é um nome para o futuro da Mercedes. Pérez busca um lugar ao sol em equipe grande de novo, ele que já teve sua chance na McLaren. Cada um que cuide de seu nariz. Por enquanto, a Force India diz que vai continuar com a política de não interferir muito nas disputas. A ver. É o ônus de ter dois pilotos rápidos.

[bannergoogle]Legal também em Montreal foi a volta da tradicional corrida de barcos na raia olímpica, uma farra divertidíssima que deixou de acontecer anos atrás — me lembro dela no início da década de 90, mas depois, um dia, não foi mais realizada e caiu no esquecimento diante da coxinhização que se acelerou na categoria.

As embarcações são construídas com restos de box como pneus velhos, latões, asas batidas, divisórias de escritório, galões de óleo, o que estiver à mão. Os mecânicos são os protagonistas, mas neste ano até Ross Brawn participou, com megafone e tudo. Tomara que nunca mais deixem de fazer. Neste vídeo aqui tem a prova na íntegra. E a McLaren ganhou! O mais legal: teve geração de imagens da FOM, com legendas, pódio e tudo a que temos direito.

Ponto para a Liberty, mais um.

E Verstappinho? Ficou irritadíssimo com a quebra logo na 11ª volta, depois de uma largada estupenda. “Tenho tido muitas decepções ultimamente. Sei que corridas são assim, mas às vezes isso cansa”, falou, para depois resumir: “Está tudo uma merda“. É, meu rapaz, nem tudo são rosas. Ainda mais quando seu companheiro de equipe faz um bom campeonato, caso de Ricardão. Ontem o australiano chegou ao pódio pela terceira vez seguida. Abriu 67 x 45 sobre o jovem holandês na classificação. E Pérez, com o quinto lugar de ontem, já aparece no seu retrovisor, com 44.

O Piloto do Dia, pela votação do amigo internauta, acabou sendo Vettel. Que foi, também, o piloto a atingir a maior velocidade do dia em Montreal: 344,1 km/h no ponto de medição conhecido como “speed trap“. Falando em velocidade…

O NÚMERO CANADENSE

Pois é, enquanto Vettel voava a 344,1 km/h, Alonso não passou de 317,6 km/h no mesmo ponto, o que levou o espanhol a decretar que seu carro é temeroso. “Eles passavam a gente no meio da reta, isso é até perigoso. Fora que vou ter de largar provavelmente em último em Baku. As coisas não vão bem.” Fato. Vamos ver até onde vai a paciência do espanhol, que participou no sábado à noite da transmissão da Indy pela TV e disse ao narrador que considera, sim, a possibilidade de mudar de categoria em 2018.

A tragédia da McLaren em 2017, talvez até pela súbita volta de Alonso aos holofotes depois de sua participação em Indianápolis, vem sendo notícia constantemente na mídia especializada.

Os comentários sobre um rompimento de contrato com a Honda são cada vez mais fortes. Na equipe, a chefia fala abertamente em “buscar opções diferentes” no mercado.

[bannergoogle]O problema é que não há tantas assim. Esses motores complicadíssimos da F-1 não são encontrados em qualquer loja de autopeças. Hoje são apenas quatro fabricantes que se aventuraram nessa tranqueira híbrida: Ferrari, Mercedes, Renault e Honda.

As três primeiras têm times oficiais de fábrica. Cada uma delas com suas próprias preocupações. A Honda, no ano que vem, vai equipar a Sauber, também — não sei se isso vai ajudar muito. De quem a McLaren poderia comprar motores? Da Mercedes? Será que a Mercedes vai querer fortalecer um time que tem o histórico da McLaren e um piloto como Alonso? Ferrari, esquece. Renault poderia ser uma possiblidade, se não fosse o fato de os franceses já fornecerem para outra grande, a Red Bull. Então, esquece também.

Sei não. Só sei que as queixas se tornaram públicas e escancaradas depois do décimo abandono das duplas maclarianas em sete etapas do Mundial. O que nos leva à…

FRASE DE MONTREAL

Brown: onde compra motor?

“Não podemos ficar simplesmente sentados esperando que as coisas fiquem bem, temos de ser proativos neste sentido.”

É o que disse Zak Brown, o chefe da McLaren sobre a possibilidade de procurar alguém que lhe venda motores bons. Nunca é demais lembrar que o time é o único que ainda não pontuou no campeonato.

Pontos que a Force India tem feito aos borbotões neste ano, tendo chegado a 71 com o quinto e o sexto lugares de ontem no Canadá. É mais do que Toro Rosso, Williams e Renault somadas. Os force-índicos estão em quarto no Mundial, 42 pontos à frente da quinta colocada — a filial da Red Bull. Sensacional, o desempenho.

Falamos o bastante ontem sobre a simpatia de Patrick Stewart nas entrevistas do pódio? Creio que sim, mas reforço: legal colocar essas figuras para conversar com pilotos depois de um GP. Só não se pode correr o risco de tudo virar piadinha, porque às vezes acontecem coisas constrangedoras.

Se o convidado tiver alguma familiaridade com a F-1 e com aquilo que acontece no campeonato, é melhor. Por enquanto está funcionando. Sir Stewart, ator premiadíssimo que não deve ser tomado apenas por seus papéis nos filmes/franquias mais populares, como “X-Men” e “Star Trek”, foi muito bem — principalmente quando tomou champanhe na sapatilha de Ricciardo.

A propósito, por que esse troço se chama “shoey”?

Para terminar, registre-se que o 1-2 da Mercedes ontem foi apenas o primeiro dos prateados na temporada. Quem diria que iria demorar tanto, depois de três anos de domínio absoluto com 11 dobradinhas em 2014, 12 em 2015 e oito no ano passado…

Agora vamos ao que o povo gosta. E que não gosta, também.

Stroll: o povo curtiu

GOSTAMOS…

…bastante da atuação de <<< Lance Stroll, que saiu de 17º no grid para terminar em nono e marcar seus primeiros pontos na carreira. “Foi como uma vitória”, comemorou Paddy Lowe, da Williams. O jovenzinho caiu nos braços da torcida canadense em sua primeira corrida em casa. Foi bem e limpou um pouco sua imagem.

Sainz Jr.: bobagem imperdoável

NÃO GOSTAMOS…

…do que fez Carlos Sainz Jr. >>>, ao fechar Grosjean na primeira volta, bater e levar Massa de troco. “Foi muito perigoso”, reclamou Grosjean, com razão. Carlito tomou uma punição mais do que justa: três posições no grid de Baku. Ele disse que não viu o carro do francês, que estava no ponto-cego de seu retrovisor.

E o encerramento deste pós-corrida, como já se tornou tradição, é a visão da prova by Maurício Falleiros, nosso cartunista oficial. Está difícil escapar da McLaren, a grande piada do ano…

Falle1ros