Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

BUDAPESTE (agora, sem rumo) – A melhor definição para “roubar a cena” é essa imagem aí escolhida como a melhor do fim de semana depois de votação levada a cabo pela produção do blog — só eu voto, votei nela. Enquanto poucos metros acima Vettel e Raikkonen festejavam mais uma dobradinha da Ferrari, Bottas agradecia […]

domhun8
Alonso: roubando a cena depois de uma atuação espetacular

BUDAPESTE (agora, sem rumo) – A melhor definição para “roubar a cena” é essa imagem aí escolhida como a melhor do fim de semana depois de votação levada a cabo pela produção do blog — só eu voto, votei nela. Enquanto poucos metros acima Vettel e Raikkonen festejavam mais uma dobradinha da Ferrari, Bottas agradecia comovido o gesto de companheirismo de Hamilton e Coulthard fazia as perguntas de praxe no pódio, Fernando Alonso, sexto colocado, repetia aquela imagem que ficou famosa num GP do Brasil que ele abandonou e ficou esperando terminar (ou era um treino?) sentado numa cadeira de um bandeirinha, tomando sol. Foi o primeiro protesto bem-humorado do espanhol diante de um calvário que se desenhava na sua nova passagem pela McLaren.

[bannergoogle]Pois ontem, em Hungaroring, Alonso foi esplêndido, conseguindo um sexto lugar à base do esforço e do talento para aproveitar as duas únicas boas voltas de seus pneus macios, logo depois do pit stop, e fazer uma ultrapassagem maravilhosa sobre Carlos Sainz Jr. Um duelo de gerações que mostrou como um veterano pode, graças à sua experiência e sabedoria, entubar um novato sem dó. Guiou muito, muito mesmo. Numa pista que lhe é especial. Foi aqui que Fernandito ganhou seu primeiro GP, em 2003.

E, de quebra, se deu de presente a melhor volta da corrida, em 1min20s182, o que é uma façanha — fazer a melhor volta de um GP com esse carro atual da McLaren, ainda que numa pista que não exige tanto motor. A proeza nos leva ao…

NÚMERO DE HUNGARORING

…melhores voltas na carreira tem agora Alonso, empatando com Fangio e Piquet na décima posição das estatísticas. Schumacher, com 77, é o recordista absoluto. Curioso é que nesta mesma McLaren manca, o espanhol também registrou uma melhor volta de corrida. E foi no ano passado no lugar mais improvável de todos para a bomba do motor Honda: em Monza. Não lembro qual foi a mágica.

Alonso foi um dos grandes personagens da corrida, que teve também na dupla da Red Bull um certo protagonismo. Verstappen tirou Ricciardo da corrida na primeira volta, o que poderia detonar uma crise interna. “Todo mundo erra”, perdoou Christian Horner. “Vamos falar em particular depois”, disseram ambos no press-release da equipe. “Eu me dou muito bem com ele, claro que jamais faria isso de propósito”, desculpou-se o holandês. Acontece. Agora, é falta de experiência? “Não”, disse Ricardão numa entrevista. E, depois de pensar um pouco para escolher a palavra, decretou: “Imaturidade”.

Uma coisa que pouca gente notou ontem foi a volta de uma champanhe oficial à F-1. Sim, é isso mesmo. A marca Carbon estreou como fornecedora da categoria — nome horrível, diga-se, e lamento se for boa; não entendo nada disso. Acho que foi usada em alguma corrida neste ano, mas ainda não era oficial. As novas garrafas têm rótulos coloridos de acordo com a posição dos pilotos: ouro, prata e bronze. E são revestidas de fibra de carbono, material usado na construção dos carros de corrida.

Champanhe nova na foto de Beto Issa

A última champanhe oficial da F-1 era a Mumm, cujo contrato de 15 anos terminou em 2015. No ano passado a Chandon assumiu o posto, mas com vinho espumante, e não champanhe — e, para os entendidos, isso faz toda a diferença; jamais chame um espumante de champanhe para não levar uma garrafada na cabeça. Tanto que aquele grito do locutor oficial ao final da cerimônia do pódio — “champaaaaanhe!” — sumiu na última temporada. Podem reparar nos vídeos.

Só para lembrar, a tradição do champanhe em corridas começou em Le Mans há meio século, quando Jo Siffert estourou uma garrafa que tinha ficado no sol sem querer. No ano seguinte, Dan Gurney repetiu o gesto e pegou. Li tudo isso numa matéria da “Reuters”. Os caras da tal Carbon fizeram várias ações no paddock para apresentar o novo produto.

E quem acabou não estourando champanhe nenhuma foi Hamilton, que ganhará na sede da Mercedes uma plaquinha de “funcionário do mês”. Sua atitude foi louvável. Dizem que Toto Wolff não gostou muito e teria tido um acesso de raiva nos boxes — não vi, mas me contaram que a RAI gravou imagens.

Me mandaram o vídeo, e o que percebi foi que ele mandou um “yes!”. E gostou do que viu.

No discurso oficial, o chefe da equipe fez elegias ao seu piloto, falou de ética, dos valores pétreos da equipe, do orgulho de ser como a Mercedes é, essas coisas que pegam bem em grandes corporações, ainda que a gente não acredite em nada. Mas acredito no Toto. Ele correu as Mil Milhas no Brasil. Acredito em todos que correram as Mil Milhas no Brasil.

A FRASE HÚNGARA

Lewis deixa Bottas passar: coisa certa

“Eu disse que neste ano quero ganhar da maneira correta. Talvez daqui a alguns meses eu pense diferente, se perder o título por poucos pontos. Mas acredito que quando a gente faz coisas boas, elas acabam voltando para você.”
Hamiltinho paz & amor, sobre a devolução do terceiro lugar a Bottas, como havia prometido caso não conseguisse ultrapassar Raikkonen

Teve uma treta boa entre Hülkenberg e Magnussen, que disputavam posições fora da zona de pontos, e acabaram se esbarrando. O alemão da Renault já estava na marca do pênalti para a Haas porque dera uma panca em Grosjean na largada. Na hora da esfrega com o dinamarquês, reclamou barbaridade e o rival acabou punido com 5s em seu tempo total de prova.

Não mudou muita coisa, mas ele caiu de 11º para 13º. Hulk acabou abandonando. No chiqueirinho onde são feitas as entrevistas, Nico provocou Kevin, que falava a uma TV de seu país. O piloto da Haas não teve dúvidas. Mandou um “suck my balls” ao vivo e em cores. O momento ternura pode ser visto neste vídeo aqui. E é engraçado.

Fãs: 199 mil

GOSTAMOS

…do <<< público no autódromo, que segundo os organizadores chegou a 199 mil pessoas nos quatro dias do evento, desde quinta-feira. No domingo, foram 79 mil nas arquibancadas de Hungaroring. Ainda segundo a organização, no ano passado o público total tinha sido de 176 mil torcedores. Um aumento razoável que pode ser creditado ao grande número de holandeses que vieram ver Verstappen. E estarão em massa na Bélgica, também.

Max: barbeiro

NÃO GOSTAMOS

…da barbeirada de Verstappen >>>, porque somos todos fãs de Ricciardo e, sobretudo, porque sua ansiedade acabou tirando da briga dois carros que poderiam dar um colorido especial à corrida, lutando com Mercedes e Ferrari pelo pódio. Max colaborou bastante para piorar a qualidade de um GP que normalmente já não é grande coisa.

Bem, a F-1 entra de férias e só volta daqui a quatro semanas, em Spa. Eu também. Vou aproveitar uns dias por estas bandas e não estranhem se o blog entrar em modo cri-cri-cri (onomatopeia de grilo, para quem não entendeu nada), porque a vida de verdade é lá fora e a gente precisa se desconectar um pouco.

Pilotos e equipes farão o mesmo. Hamilton, por exemplo, percebeu, como traduziu a pena esperta do nosso cartunista Mauricio Falleiros, que é preciso colocar as ideias em ordem para se dar bem no segundo semestre. E é com ele que a gente encerra os trabalhos direto da Hungria.

Até a volta!

Falle1ros