Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE ONTEM DE MANHÃ

RIO (tempo, tempo, tempo) – Escolhi a foto acima como a mais representativa do fim de semana em Spa, porque achei realmente emocionante ver aquele carro de 1994 nas mãos do menino que pode dar sequência à saga do maior piloto de todos os tempos, cujo destino é inacreditavelmente triste. Mick no carro de Michael […]

mickeshumi
Mick Schumacher no carro do pai: momento marcante antes da largada para o GP da Bélgica

RIO (tempo, tempo, tempo) – Escolhi a foto acima como a mais representativa do fim de semana em Spa, porque achei realmente emocionante ver aquele carro de 1994 nas mãos do menino que pode dar sequência à saga do maior piloto de todos os tempos, cujo destino é inacreditavelmente triste. Mick no carro de Michael foi muito bonito de se ver. 25 anos atrás seu pai venceu pela primeira vez na F-1 lá mesmo. Onde também estreou. Há muito significado nessa única volta.

Mas vamos à corrida.

[bannergoogle]Talvez eu não tenha elogiado o suficiente as últimas dez voltas do GP da Bélgica, Hamilton e Vettel andando em ritmo de classificação sem que um errinho sequer fosse cometido, por um ou por outro.

Parabéns, Hamilton e Vettel, vocês foram incríveis nas últimas dez voltas do GP da Bélgica e não cometeram nenhum errinho, nem um, nem outro.

Pronto. Espero que não tenham ficado magoados com este blog por não ter rasgado elogios a ambos. Não sou dado a elogios gratuitos. Mas eles merecem, é claro. E merecem tanto que Fernando Silva, no Grande Prêmio, considerou a disputa uma das melhores da década. Vocês concordam? Tecnicamente, foi de fato muito impressionante. Dá gosto, sim, ver pilotos de enorme talento fazendo o que Hamilton e Vettel fazem.

Lewis venceu num dia especial, quando chegou à casa de duas centenas de corridas na F-1. Nem parece que já faz mais de dez anos de sua estreia, jovem promessa da McLaren, que praticamente o adotou desde o kart. O primeiro ano foi um estrondo, inclusive. Mas não foi o único, não. Portanto, vamos ao

NÚMERO BELGA

 

GPs, certamente uma marca especial esta de Hamilton. Apenas 17 pilotos, na história da F-1, chegaram a ela. O recordista é Barrichello, com 322 largadas em mais de duas décadas de carreira. Dos que estão em atividade, Alonso, Raikkonen e Massa já romperam a barreira. E dois pilotos também venceram no dia em que completaram 200 GPs: Michael Schumacher (na Espanha, em 2004) e Jenson Button (na Hungria, em 2011). No caso de Button, há uma forçadinha de barra na estatística. Para que ele tenha tido a honra de ganhar o 200º GP, é preciso desconsiderar dois anteriores aos quais ele esteve presente, mas acabou não largando — em Mônaco/2003 e nos EUA/2005, este último por conta da desistência de todos os pilotos que usavam pneus Michelin em Indianápolis. Mas está valendo.

Enquanto Lewis comemorava efusivamente sua mais recente façanha, à qual obviamente deve ser acrescida a marca de 68 poles que o colocou ao lado de Schumacher como recordista na categoria, tinha um cara em particular cuspindo marimbondo em Spa: Max Verstappen.

O jovem holandês abandonou uma corrida pela sexta vez no ano e estava inconformado, a ponto de já começar a insinuar que pode deixar a Red Bull no ano que vem.

[bannergoogle]Tá bom. E vai correr onde? Na Toro Rosso, de novo? Na Sauber? Na Force India? O pai Jos também deu chilique. “Desse jeito não vai durar muito!”, bradou.

OK, e vai correr onde? Na Arrows? Na Tyrrell? Na Brabham?

O fato é que Verstappinho pode reclamar à vontade, mas não tem onde correr para ganhar corridas. Ferrari e Mercedes estão fechadas para o ano que vem. A Renault já pediu desculpas pela quebra, via Alain Prost, e por mais que a Red Bull reclame da fornecedora francesa, é melhor manter uma relação amistosa com a fábrica. Até porque cansou de ganhar corridas e campeonatos com ela. Assim, Max ficará onde está, gostando ou não. Não adianta fazer biquinho e chamar o papai.

Treta, mesmo, aconteceu entre Ocon e Pérez. A ponto de o francês disparar seus canhões com alguma virulência em direção ao mexicano. Foi até difícil escolher apenas uma como…

A FRASE DE SPA

Ocon (atrás): ameaça de morte

“Estávamos fazendo uma boa corrida até Pérez tentar me matar duas vezes. De qualquer forma, ele não conseguiu e chegamos em nono.”

Esteban Ocon, em postagem no Instagram, depois de ríspida troca de acusações entre os pilotos da Force India.

Pérez gravou vídeos se explicando. Admitiu culpa no toque na primeira volta por conta de um erro na configuração do motor — disse que perdeu potência, viu Hülkenberg de um lado e não notou o companheiro do outro –, falou que o francês foi otimista demais na segunda refrega e que deveria esperar para tentar passar depois da Eau Rouge, e após ambos levarem uma sonora comida de rabo, Ocon aceitou o pedido de desculpas do parceiro e reconheceu que andou falando umas coisas meio pesadas porque estava com a cabeça quente.

Parece óbvio que ambos vão ficar sem conversar por semanas a fio, que se odeiam e se odiarão até o fim dos tempos, mas a prudência manda que tomem cuidado daqui para a frente. A Force India ameaçou até suspendê-los. E ambos sabem que tem fila de gente querendo correr na equipe. Melhor ficarem quietinhos. Mas, sobretudo, seria bom se conversassem vendo os vídeos, para compreender a dimensão que esse incidente poderia ter tido. Não se bate em ninguém a 300 km/h. Como percebeu nosso cartunista oficial, Mauricio Falleiros, com a leitura perfeita da situação:

Falle1ros

Outro vexame foi da Honda, mais uma vez. Alonso, quando estava sendo ultrapassado por Palmer, dizia pelo rádio, para quem quisesse ouvir: “Embarassing, embarassing”. Precisa traduzir? Embaraçoso, vergonhoso, desagradável, constrangedor. O espanhol afirmou que vai definir seu futuro em duas ou três semanas. Na Europa, comenta-se que ele condiciona a permanência na McLaren à saída da Honda. Um acordo com a Renault deixaria o piloto mais tranquilo.

Curioso é que a Honda não admitiu quebra de motor, nem algum problema específico dentro de seu campo de ação para justificar o abandono do asturiano. No release pós-corrida, os japoneses informaram que os dados não indicaram nenhuma anomalia, e que depois iriam investigar alguma eventual falha. Aí não precisa traduzir: para eles, Alonso abandonou por conta própria.

Fechando nosso rescaldo de Spa, vamos à consagrada “Gostamos & Não Gostamos”:

GOSTAMOS…

Massa: bom 8º

…do oitavo lugar de <<< Felipe Massa, depois de largar em 16º numa pista em que seu carro não andava, e depois de trocar de chassi por conta de uma belíssima pancada na sexta-feira. Era um fim de semana difícil, ele já não tinha corrido na Hungria, a maré não estava pra peixe, e no fim acabou sendo “como uma vitória” — assim o brasileiro definiu o resultado. Gostamos também desse capacete diferente que homenagou não sei quem, nem o quê.

Magnussen: mal

NÃO GOSTAMOS…

…do erro bisonho de Kevin Magnussen >>> na relargada, quando chegava à Bus Stop. Pneus frios, freios frios, travou tudo e saiu da pista, quando estava numa ótima posição para levar a Haas a pontuar com seus dois carros. Grosjean acabou fazendo seu papel e foi o sétimo colocado. O dinamarquês pediu desculpas à equipe: “Foi mal aí”.