Blog do Flavio Gomes
F-1

SO LONG, SEPANG (2)

RIO (quase pronto) – Olha, que acontece, acontece. Quem nunca teve um problema numa classificação com um carrão na mão? Sabendo que podia fazer a pole, e tal? Acontece. Acontece, mas Vettel precisa tomar um passe. Porque acontecer nessa hora, uma corrida depois da tragédia de Singapura, é azar demais. Para piorar sua vida, toda […]

mal173

RIO (quase pronto) – Olha, que acontece, acontece. Quem nunca teve um problema numa classificação com um carrão na mão? Sabendo que podia fazer a pole, e tal? Acontece.

Acontece, mas Vettel precisa tomar um passe. Porque acontecer nessa hora, uma corrida depois da tragédia de Singapura, é azar demais. Para piorar sua vida, toda hora que um raio cai sobre sua cabeça ilumina Hamilton.

O inglês vinha sofrendo com o Mercedão desde ontem, não acertava nada, e de repente o carro começa a andar. Claro que teve seu dedo, e dos engenheiros que resolveram desprezar novidades aerodinâmicas testadas sem sucesso na véspera. Bottas ficou com elas e o resultado foi um pífio quinto lugar no grid.

[bannergoogle]A Ferrari teria condições de brigar pela ponta do grid em Sepang. Raikkonen mostrou isso ao conseguir o segundo lugar. Sebastian iria beliscar algo ali, sem dúvida, o que lhe daria boas chances na corrida. Mas vai largar em último. No Q1, o motor deu sinais de perda de potência e nem tempo ele pôde marcar.

Partir em último na Malásia com um canhão não chega a ser um desastre completo quando as necessidades não são muito altas. OK, acontece, faz uma prova de paciência e tenta chegar ao menos perto do pódio. Minimiza os prejuízos, como se diz.

Só que para Vettel isso, hoje, não basta. Ele precisa chegar na frente de Hamilton. E, amanhã, só conseguirá se algo de muito excepcional acontecer.

Lewis, depois de sua 70ª pole na carreira, colocou-se mais uma vez em condições amplas de vencer. Se em Singapura isso não parecia ser possível, com tanta gente à sua frente no grid, agora é mais do que provável. E, lá, ele também ganhou — graças ao acidente múltiplo da largada com Vettel, Raikkonen, Verstappen e Alonso. Imagina agora, sem ninguém para atrapalhar.

[bannergoogle]O que pode contar a favor de Tião Italiano é a chuva prevista para o horário da corrida. Hamilton é bom na água, Verstappen também, o mesmo pode-se dizer de Ricciardo e mais um ou outro que estarão no caminho do alemão. Ele mesmo é ótimo no molhado. Mas chuva é chuva. Pode pegar alguém de surpresa, levar alguém ao muro, chamar o safety-car, mexer em estratégias. Se conseguir passar pelos imprevistos com alguma sorte, Sebastian pode chegar perto do rival.

Mas nada disso, reconheçamos, é presumível. Nessa altura, depois de duas infelicidades monumentais, Vettel precisa apenas respirar fundo e deixar que o destino faça sua parte, porque Hamilton já entrou no modo de segurança e não vai querer dar uma de herói. Ano passado, foi com uma quebra na Malásia que ele praticamente deu adeus ao título, permitindo que Rosberguinho fizesse a reta final do campeonato com o regulamento debaixo do braço. O que aconteceu hoje guarda enormes semelhanças com 2016, só que a vítima foi trocada.

No mais, a classificação de Sepang mostrou um excelente Ocon em sexto, uma promissora McLaren — quem diria, será que a Honda…, ah, deixa pra lá, senão Alonso se mata –, com Vandoorne fazendo sua melhor classificação e os dois no top-10, e uma Red Bull forte também no seco, que vai dificultar bastante a vida da Ferrari.

Pois é com esse cenrário que, na madrugada de amanhã, vamos nos despedir de Sepang. Será o 19º GP nas proximidades de Kuala Lumpur. E último. O que será feito desse autódromo, juro que não sei. A pista é usada por outras categorias, é verdade, mas muito esporadicamente. Pode ser que vire apenas um conjunto de ruínas, como deve ter acontecido na Índia, na Coreia do Sul e na Turquia.

Aliás, vou atrás de informações sobre esses circuitos abandonados. Gosto de coisas abandonadas.