Blog do Flavio Gomes
F-1

SUZACQUA (3)

RIO (bye) – Que coisa mais broxante. O campeonato acabou na madrugada de hoje em Suzuka. E acabou na segunda volta de um GP chocho, quando Sebastian Vettel, com duas palavrinhas pelo rádio, pregou a tampa do caixão da Ferrari em 2017: “No power”. Um prosaico problema de vela do motor, detectado já no grid, […]

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RIO (bye) – Que coisa mais broxante. O campeonato acabou na madrugada de hoje em Suzuka. E acabou na segunda volta de um GP chocho, quando Sebastian Vettel, com duas palavrinhas pelo rádio, pregou a tampa do caixão da Ferrari em 2017: “No power”. Um prosaico problema de vela do motor, detectado já no grid, tirou o piloto alemão da corrida no final da quinta volta, quando já tinha despencado para o sétimo lugar. A perda de potência levou a equipe a chamá-lo para o box. “Vamos retirar o carro”, informou seu engenheiro, com voz cavernosa e solene.

Faltando quatro etapas para o fim do Mundial, Lewis Hamilton, que ganhou a prova com um pé nas costas, abriu 59 pontos de vantagem para aquele que, até então, era seu principal adversário na luta pelo título. Não estou a fim de fazer muita conta a essa hora da madrugada. Tião Italiano precisa descontar 15 por corrida para ser campeão. Não dá mais.

[bannergoogle]A sequência de três desgraças para Vettel minou suas chances de ser pentacampeão. Em Singapura, onde tinha enormes chances de vencer, se envolveu num acidente múltiplo na largada e zerou. Lewis venceu. Na Malásia, um piripaque no turbo na classificação atirou seu carro para a última posição no grid. O inglês chegou em segundo. E, agora, outro abandono com mais uma vitória do piloto da Mercedes.

Não tem como ganhar um título desse jeito, menos ainda numa disputa que, desde o início da temporada, prometia se arrastar até as últimas voltas da última corrida do ano. No pau a pau contra uma dupla como Hamilton/Mercedes, ninguém pode se dar o luxo de errar tanto. A Ferrari entregou o ouro para o bandido, que agradeceu.

O GP do Japão começou sem imprevistos, no sol, 26°C, largada limpa, Lewis mantendo a ponta com Vettel, ao seu lado na primeira fila, em segundo. Mas já na primeira volta Verstappinho, que largou bem e pulou para terceiro, passou o alemão e assumiu o segundo posto. A manobra, que aparentemente fora brilhante, na verdade foi facilitada pela ruína ferrarista que se avizinhava.

Antes mesmo da entrada do safety-car na volta 2, após uma batida besta de Sainz Jr., Sebastian já tinha sido ultrapassado também por Ocon, Ricciardo e Bottas. Assim que o carro de segurança saiu da pista e a relargada foi autorizada, na quarta volta, o alemão desistiu.

Daí para a frente, Hamilton só teve de se preocupar em manter Verstappen a uma distância segura. O holandês foi o primeiro a trocar pneus entre a turma da ponta, na volta 22. Lewis veio na 23, voltando atrás de Bottas, que saiu com pneus macios e esticou seu stint um pouco mais, até a 29ª. Antes de parar, deu passagem ao companheiro e aproveitou para dar uma seguradinha de leve no piloto da Red Bull. Tudo estava sob controle para os prateados.

As posições se estabilizaram com Hamilton, Verstappen, Ricciardo e Bottas puxando o pelotão, apesar do esforço do jovem Max para se aproximar do líder. Mais para trás a torcida japonesa, que não lotou as arquibancadas de Suzuka como outrora, se divertiu com Raikkonen passando um monte de gente para fincar bandeira no quinto lugar, à frente da explosiva dupla da Force India — Ocon à frente de Pérez –, e com a briga dos dois pilotos da Haas para chegarem em Massa, oitavo, o que acabou acontecendo na volta 43. Os dois passaram.

[bannergoogle]Restou, para as últimas voltas, esperar pela previsível chegada de Bottas em Ricciardo, na luta pela última vaga do pódio. Como tinha pneus supermacios, foi tirando a diferença para o australiano até chegar perto na volta 52. Mas aí já era tarde. Ricardão é o tipo de piloto que sabe defender uma posição sem sacanear ninguém, com classe. E Sapattos não é propriamente um virtuoso, daqueles que chegam e passam sem muita negociação. Um safety-car virtual após o estouro de um pneu de Stroll ainda ajudou. Os comissários demoraram para retirar o carro do canadense da grama, dando um refresco para o sorridente canguru rubro-taurino.

Para não dizer que Hamilton teve uma tarde absolutamente tranquila, nas duas últimas voltas ele reportou pelo rádio vibrações estranhas em seu carro, o que permitiu a Verstappen esboçar um ataque. Mas até aí a sorte estava ao seu lado. Antes de abrir a volta derradeira, passou rápido pelos retardatários Massa e Alonso, algo que Max não conseguiu. O garoto perdeu preciosos décimos de segundo atrás dos dois e já não havia tempo para mais nada.

Hamilton, Verstappen, Ricciardo, Bottas, Raikkonen, Ocon, Pérez, Magnussen, Grosjean e Massa foram os que pontuaram. Foi a 61ª vitória do britânico, que chegou a 306 pontos na classificação, contra 247 de Vettel e 234 de Bottas. Desconfio que nem o vice-campeonato Tião Italiano irá conseguir, tamanho o baixo astral que vai acometer a Ferrari depois de mais uma tragédia mecânica.