Blog do Flavio Gomes
F-1

VENDE A MÃE (7)

SÃO PAULO (calor, frio, calor) – Mercedes abre, Mercedes fecha. Um erro incomum de Hamilton escancarou o caminho para Bottas fazer a pole agora há pouco em Interlagos com o tempo de 1min08s322, batendo Vettel por muito pouco, 0s038, quando a Ferrari já estava pronta para comemorar o resultado do alemão. [bannergoogle]Lewis, tetracampeão há duas […]

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SÃO PAULO (calor, frio, calor) – Mercedes abre, Mercedes fecha. Um erro incomum de Hamilton escancarou o caminho para Bottas fazer a pole agora há pouco em Interlagos com o tempo de 1min08s322, batendo Vettel por muito pouco, 0s038, quando a Ferrari já estava pronta para comemorar o resultado do alemão.

[bannergoogle]Lewis, tetracampeão há duas semanas no México, bateu no Q1 e larga em último. Ele escorregou no Laranjinha e foi parar na barreira de pneus. Com uma Mercedes em cada ponta do pelotão, a diversão estará garantida amanhã. Valtteri, agora com três poles na carreira, tentará o óbvio: na ausência do companheiro, fazer a lição de casa e vencer. Já o inglês, vindo lá de trás, fará o que dá para fazer em Interlagos com um carro bom: se divertir. Pode até chegar no pódio, embora a previsão de sol e calor reduza um pouco as chances de imprevistos na corrida.

Hoje o dia foi frio, úmido e cinzento. A temperatura que ontem bateu na casa dos 30 graus era de 17 na classificação. Mas o asfalto, apesar dos temporais noturnos, não chegou a ficar molhado em momento algum. Havia um pouco de água nas zebras, e era só tomar cuidado para não sair rodando. Todos tomaram. Mesmo a escapada de Hamilton — que foi abraçar o colega no fim das atividades — não teve nada a ver com pista escorregadia. “Eu apenas cheguei na curva muito rápido, não tenho muito para falar, foi só um erro meu”, relatou.

Tirando a batida de Lewis, que interrompeu a sessão por alguns minutos, nada de muito dramático aconteceu no sábado paulistano. Vettel ficou em segundo, com Raikkonen em terceiro. Depois deles vieram os dois carros da Red Bull, Verstappinho e Ricardão, mas este perderá dez posições no grid por troca de componentes do motor. Assim, o quinto no grid será Sergio Pérez, sua melhor posição no ano, com Alonso em sexto — também ele não tinha largado tão à frente ainda na temporada. Hülkenberg, Sainz Jr. e Massa fecharam a lista dos que foram ao Q3.

O brasileiro reclamou do espanhol e uma pequena treta se desenhou entre os dois. Nada mais desnecessário, diga-se. Um vai parar de correr. O outro está no início da carreira. Vão se ver de novo em Abu Dhabi e, depois, nunca mais. Felipe não precisava gastar muita energia com essas coisas, ainda mais agora. Eu, se fosse ele, aproveitaria essas últimas horas num palco que lhe é tão caro.

[bannergoogle]Q1 e Q2 também foram absolutamente normais, com Wehrlein, Gasly, Stroll e Ericsson se juntando a Hamilton na primeira degola, e Ocon, Grosejan, Vandoorne, Magnussen e Hartley ficando na segunda.

Os tempos começaram a baixar de 1min09s com Bottas já no Q2, de novo deixando no ar a questão: Interlagos não está curtinho demais? São apenas 4.309 m, menor apenas do que a versão F-1 do Hermanos Rodríguez, que tem 4.304 m — estamos desconsiderando os poucos mais de 3 km de Mônaco, por suas características peculiares. Na pista mexicana, porém, a média de velocidade é mais baixa e as voltas são cumpridas na casa de 1min16s, 1min18s. No calendário atual, só o circuito austríaco da Red Bull tem tempos de voltas mais baixos que Interlagos. Com seus 4.318 m, mas muito rápido, a pista de Spielberg neste ano foi percorrida em 1min04s251 por Bottas, que também fez a pole lá.

E já que tocamos no assunto, vou republicar ao lado o desenho tosco que fiz algum tempo atrás com uma sugestão de ampliação do traçado de Interlagos, uma obra que seria simples, rápida, barata e dependeria apenas da vontade política de meia-dúzia de pessoas — incluindo o prefeito da cidade e o organizador do GP, Tamas Rohonyi –, para que fosse feito um estudo rápido de engenharia, um levantamento de custos, um modelo de negócios (ofereçam as novas curvas a empresas, que poderiam batizá-las e arcariam com os valores necessários) e uma consulta técnica à FIA para aprovação.

É um troço mais simples que pão com manteiga, não precisa aterrar nada, nem mexer em relevo, ou deslocar volumes gigantescos de terra, erguer pontes e viadutos. Basta usar trechos do circuito antigo que já existem e construir duas pequenas interligações, preservando, inclusive, o desenho atual para quem quiser continuar utilizando-o. É só esticar um pouco a antiga Reta Oposta, fazer uma variante à direita para acessar o final do antigo Retão e a Curva 3, agora lenta e sem necessidade de área de escape gigantesca, retomar o antigo caminho da Ferradura, construir uma pequena rampa à esquerda para retomar o traçado de hoje no Laranjinha e, assim, ganhar-se-iam uns 800 metros, talvez um pouco mais — façam esse cálculo com as ferramentas do Google Maps, não sei usar isso –, alguns bons segundos por volta, algumas curvas, seria ótimo.

É só querer, mas ninguém quer e não será feito nunca. Então esqueçam.