Blog do Flavio Gomes
F-1

PRO HALO DA HISTÓRIA (3)

RIO (valeu a madrugada) – O drama da Haas foi maior que a vitória de Vettel na madrugada. Há um vídeo que vi pelo Facebook mostrando Grosjean consolando um mecânico inconsolável, chorando como uma criança. Foi muito triste. Os caras estavam em quarto e quinto antes da primeira parada, de Magnussen. Tinham chance de pontuar […]

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RIO (valeu a madrugada) – O drama da Haas foi maior que a vitória de Vettel na madrugada. Há um vídeo que vi pelo Facebook mostrando Grosjean consolando um mecânico inconsolável, chorando como uma criança. Foi muito triste. Os caras estavam em quarto e quinto antes da primeira parada, de Magnussen. Tinham chance de pontuar bem, muito bem, reforçando a imagem de quarta força possível e improvável do campeonato. Saíram sem nada.

As duas rodas mal presas nos carros de Magnussen, primeiro, e Grosjean, depois, definiram o GP da Austrália. Um problema inacreditável, ainda mais porque aconteceu nos dois carros, um atrás do outro. Até ali, Hamilton dominava a prova sem maiores dificuldades. Mas quando o francês parou, foi preciso acionar o safety-car virtual. Logo depois, o safety-car real. E, esperta, a Ferrari aproveitou para trocar os pneus de Vettel e devolvê-lo à pista em primeiro. Lewis já tinha parado. Na Mercedes, ninguém entendeu nada.

Dali, volta 26, até o fim, a 58, o que se viu foi uma perseguição infrutífera de Hamilton, num circuito onde é muito difícil ultrapassar. Para piorar, andar perto demais de quem está na frente prejudica a refrigeração do motor, e neste ano são três para a temporada inteira. Perder um motor na primeira corrida do ano é uma tragédia para qualquer um.

[bannergoogle]O domingo desenhou-se como um passeio previsível de Hamilton a partir da liderança mantida na largada. Raikkonen foi seu primeiro perseguidor, mas nunca conseguiu se aproximar demais. Quando parou, na volta 18, a diferença estava na casa de 3s. Na seguinte, Lewis fez sua troca. Estava tudo como dantes o quartel d’Abrantes. A surpresa no pelotão da frente era mesmo a Haas, com Magnussen em quarto — depois de passar Verstappen — e Grosjean em sexto.

Max rodou quando tentava chegar no dinamarquês e caiu para oitavo. Os infortúnios para o time americano começaram quando Kevin saiu dos boxes, na volta 23, e a equipe mandou estacionar o carro. Ele não acreditou. Duas voltas depois, foi a vez de Romain, o Infeliz. Só que seu carro ficou estacionado em lugar perigoso, e aí a corrida começou a mudar com as paradas dos que se ligaram e fizeram o pit stop sob ritmo lento de corrida.

Além de Vettel, que se deu muitíssimo bem, Alonso foi outro que aproveitou a oportunidade para se colocar em quinto e lá ficar até o final da prova. Um início de campeonato promissor, sem dúvida. Vandoorne também pontuou e a McLaren é outra, está na cara.

Foi a 48ª vitória e o 100º pódio da carreira de Tião Italiano, numa prova que se não foi um primor de emoção, manteve algum suspense até o fim com Hamilton caçando o alemão — desistiu nas últimas cinco voltas –, Raikkonen segurando o ímpeto de Ricciardo para subir ao pódio e Alonso resistindo à fúria de Verstappen. Quem estava na frente se segurou e saiu sorrindo de Melbourne.

Mas todos, vencedores e derrotados, têm plena consciência de que o resultado do GP australiano foi mais circunstancial do que qualquer outra coisa.

[bannergoogle]Não fosse o safety-car, Hamilton venceria. Não fossem os abandonos da Haas, a rodada de Verstappen, o mesmo safety-car e um problema de Sainz Jr., Alonso não chegaria em quinto. A Red Bull é melhor do que o quarto e o sexto de Ricardão e Verstappinho. A Mercedes segue favorita, apesar do opaco Bottas, que chegou em oitavo depois de largar em 15º por conta da batida na classificação. A Ferrari não é essa coisa extraordinária toda, para colocar dois no pódio em toda corrida. E a McLaren está longe de ser a porcaria da era Honda, mas sabe que precisa melhorar, subir ao Q3 sempre, desafiar quem está à frente — sem se preocupar demais com a turma de trás, que não ameaça muito.

Austrália nunca deixa para trás um quadro muito claro para o Mundial inteiro — talvez seu grid, mais previsível; quase nunca a corrida, cheia de imprevistos típicos de provas de abertura de campeonato.

De qualquer maneira, é uma corrida que vale tanto quanto qualquer outra. E quem sabe aproveitá-la arranca na frente. Foi o que Vettel e a Ferrari fizeram. Ganham alguns dias de paz até a próxima.

Amanhã falaremos sobre as teorias da conspiração que já começaram a pipocar, insinuando alguma mutreta da Haas, a “Ferrari B”, para ajudar o time vermelho. Por enquanto, mantenho o silêncio.