Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MADRUGADA

RIO (vem, outono) – Tem rescaldão? Tem, sim senhor! E começo com a foto bacana de Masashi Yamamoto sem saber se chora ou se ri ao lado de Christian Horner pelo primeiro pódio da Honda na F-1 desde 2008. Foram exatos 3.907 dias de espera desde o terceiro lugar de Barrichello em Silverstone, com a equipe […]

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Masashi Yamamoto e Christian Horner: a Honda está viva

RIO (vem, outono) – Tem rescaldão? Tem, sim senhor!

E começo com a foto bacana de Masashi Yamamoto sem saber se chora ou se ri ao lado de Christian Horner pelo primeiro pódio da Honda na F-1 desde 2008. Foram exatos 3.907 dias de espera desde o terceiro lugar de Barrichello em Silverstone, com a equipe de fábrica que seria extinta no final daquele ano.

Os japoneses vêm apanhando impiedosamente da crítica e do público desde a volta com a McLaren, em 2015. Alonso, que já não está mais lá, foi o maior algoz da marca, que começa vida nova com a Red Bull com um ótimo terceiro lugar de Verstappinho. Uma corrida mais do que decente do holandês, autor da única ultrapassagem de fato relevante no domingo ensolarado de Melbourne, sobre Vettel. É a imagem do GP da Austrália na opinião sempre modesta deste excelente escriba — eu.

A FRASE DE MELBOURNE

Leclerc: calma, neném.

“Não há motivos para entrar em pânico agora”

De Charles Leclerc, sobre o desempenho pífio da Ferrari em Albert Park. Vettel foi o quarto colocado e o monegasco, quinto — seu melhor resultado na F-1, inclusive, ele que tinha conseguido um sexto pela Sauber no Azerbaijão no ano passado.

Leclerc perguntou pelo rádio o que fazer quando chegou na bunda de Vettel no fim, e a equipe mandou ficar lá mesmo para não arrumar mais problemas. Já falei disso domingo, uma babaquice em se tratando de primeira corrida do ano. Fica mal para quem pede e obedece, começa a ficar com fama de segundão, e ainda pior para quem está na frente — ah, estão ajudando você! Esse pessoal precisa fazer curso de gestão.

O GP da Austrália, de acordo com os organizadores, juntou 324 mil almas no lindo parque em quatro dias. No domingo, foram 102 mil pessoas. Essa turba toda viu, na corrida, um total de…

O NÚMERO DA AUSTRÁLIA

…ultrapassagens, seis delas sem a asa móvel. No ano passado, segundo as estatísticas da FIA, a corrida de Melbourne teve só três ultrapassagens. Sinceramente, não lembro. De qualquer forma, é uma pista dura para passar.

Há que se destacar que o pelotão do meio foi, mesmo, bem equilibrado. Do sétimo ao décimo, numa prova sem safety-car, apenas 3s separaram quatro carros de equipes diferentes: Renault (Hulk), Alfa Romeo (Kimi), Racing Point (Stroll) e Toro Rosso (Kvyat). Apenas como curiosidade, já que a Alfa Romeo estava fora da F-1 desde 1985, o resultado de Raikkonen igualou o oitavo lugar de Riccardo Patrese no GP de Portugal de 1984. O italiano fora sexto no GP da Europa daquele ano duas semanas antes, em Nürburgring — último ponto da marca na F-1 até domingo.

Neste ano, esta incrível seção do blog não terá as fantásticas charges do Maurício Falleiros, que está envolvido em outros projetos pessoais. Aproveito para agradecer demais o trabalho dele nas últimas duas temporadas — as portas estão permanentemente abertas. Ele será substituído na função pelo designer Marcelo Masili, que já estreia dando uma cutucada clássica em Mattia Binotto pela ordem de equipe mequetrefe que deu aos seus pilotos em Melbourne. Deliciem-se!

O fim de semana australiano foi marcado pela inesperada e chocante morte de Charlie Whiting na quarta-feira, homenageado pelos pilotos antes da corrida. Salvo alguma falta de atenção de minha parte, na transmissão da Globo nada se mostrou sobre o tema nos minutos que antecederam a largada. Uma pena. Seria interessante saber como foi observado o luto a personagem tão querido. Na falta de outra coisa, segue a foto que foi feita com todos juntos — pilotos, chefes de equipe, dirigentes, comissários — na reta de chegada.

O adeus a Charlie: todos reunidos em respeito ao dirigente

Bom, acho que é isso. Ah, antes que alguém diga que não demos o devido destaque ao recorde de pontos marcados por um piloto numa corrida só, os 26 de Bottas (25 da vitória e o extra da melhor volta), é preciso dizer que não foi recorde nenhum. Graças àquela insanidade da pontuação dobrada na última corrida de 2014, em Abu Dhabi, o vencedor (e campeão) Hamilton fez 50 pontos, Massa marcou 36 (foi o segundo numa prova brilhante pela Williams) e o mesmo Bottas, 30 (terminou em terceiro, também de Williams).

Ainda bem que não foi isso que decidiu o campeonato, porque Rosberg, com quem Lewis disputava o título, teve problemas de motor, foi perdendo potência e terminou em 14º, apesar de ter feito a pole. Curiosidade: foi o último pódio duplo da história da Williams. Não creio, pelo andar da carruagem, que isso se repetirá um dia.

E a gente fecha com o famosíssimo…

GOSTAMOS…

Bottas: foi atrás do ponto

…da brincadeira do ponto extra, que deu uma agitada nas últimas voltas da corrida. Até a 42ª, a volta mais rápida era de <<< Bottas, mas na 54ª Verstappen foi lá e cravou um tempo melhor. Valtteri, então, avisou pelo rádio que ia atrás do pontinho. Tentou uma vez, não deu. Na penúltima, conseguiu. Antes, Hamilton também tinha ido buscar, sem lograr êxito — adoro a expressão “lograr êxito”.

NÃO GOSTAMOS…

Williams: um horror

…obviamente, de ver a Williams >>> se arrastando de forma patética, com Russell tomando duas voltas do vencedor, em 16º, e Kubica uma posição atrás, tomando três voltas. Prometo que até o fim do ano a Williams não entra mais aqui, porque será assim o campeonato todo. Sempre que terminarem corridas, os dois serão os últimos a receberem a quadriculada. Uma lástima, um fim melancólico.