Blog do Flavio Gomes
F-1

1000 (5) – QUEM SEGURA?

RIO (esperava mais) – Desde 1992 que uma equipe não começava uma temporada com três dobradinhas seguidas. A Mercedes igualou na madrugada de hoje em Xangai a marca da Williams, que fez 1-2 com Mansell e Patrese, sempre nessa ordem, nos GPs da África do Sul, México e Brasil daquele ano. Surpresa nenhuma, Mansell acabaria conquistando […]

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Hamilton: 75 vitórias, seis em Xangai, terceira dobradinha da Mercedes no ano

RIO (esperava mais) – Desde 1992 que uma equipe não começava uma temporada com três dobradinhas seguidas. A Mercedes igualou na madrugada de hoje em Xangai a marca da Williams, que fez 1-2 com Mansell e Patrese, sempre nessa ordem, nos GPs da África do Sul, México e Brasil daquele ano.

Surpresa nenhuma, Mansell acabaria conquistando o título por antecipação na Hungria. Não sei se a história vai se repetir com Hamilton, que ganhou duas das três provas deste Mundial até agora — Bottas abriu o campeonato na frente, em Melbourne. Mas se a Ferrari não reagir logo, e se não deixar de bobagens como a ordem de equipe para Leclerc deixar Vettel avançar, a chatice se avizinha.

Podemos começar a contar o que foi o GP da China com a Ferrari, então. Acho que todo mundo torcia para que a milésima corrida da história da categoria tivesse ao menos alguma disputa pela vitória, e se tinha alguém capaz de fazer isso era a dupla de Maranello. Mas não houve briga em instante algum. Na segunda fila, os dois carros vermelhos viram os prateados dispararem na frente na largada e em nenhum momento a dobradinha alemã foi ameaçada.

Passa, Vettel: Ferrari, mais uma vez, com suas ordens toscas e inúteis

Para piorar, Tião da Vittela, terceiro no grid, perdeu a posição para Lec-Lec antes da primeira curva e já na 11ª volta começou a resmungar pelo rádio que estava mais rápido. O time, então, solicitou ao pequeno e paciente Charles que saísse da frente para Vettel tentar buscar Bottas, que estava em segundo. O menino das bochechas rosadas aquiesceu, mas ficou meio puto. Porque Vettel, claro, não conseguiu nada que ele mesmo não pudesse tentar. Mais um capítulo da histórica babaquice ferrarista que parece contaminar cada alma que assume a posição de chefe por ali — ainda que seja tão evidente a inutilidade dessas ordens em começo de campeonato e em corridas claramente perdidas.

Essa história só atrapalhou Leclerc, que teve de se preocupar com Verstappen chegando, logo atrás. O holandês parou para trocar pneus e logo depois, na volta 19, a Ferrari fez o mesmo com Vettel, para garantir sua posição em relação ao piloto da Red Bull. Ambos colocaram pneus duros. Charlinho foi esquecido pelo time e ficou na pista por mais cinco voltas. Quando lembraram dele, era tarde.

Resultado: Vettel voltou de seu pit stop com Max de pneus mais quentes em seus calcanhares, foi atacado no grampo no fim da enorme reta chinesa, deu o “X” no rubro-taurino e protagonizou o melhor momento da prova, mantendo-se à frente. Leclerc, por sua vez, quando saiu dos boxes após a primeira parada estava atrás de ambos, e lá ficaria até o fim do GP, num discreto quinto lugar.

Vettel x Verstappen: raro bom momento de uma corrida aborrecida

Enquanto tudo isso acontecia, lá na frente Hamilton controlava a prova como queria, depois de largar melhor que o pole Sapattudo — o finlandês deu uma desculpa esfarrapada, de que sua roda patinou numa faixa branca pintada no asfalto. Os dois mercêdicos, no entanto, concordaram que a largada decidiu a corrida. Fizeram seus dois pit stops sem problemas, com o requinte de, na segunda visita aos boxes, realizarem a parada na mesma volta. Foram oito pneus trocados num intervalo de cinco segundos, numa coreografia perfeita do time.

Hamilton chegou à 75ª vitória de sua carreira, sexta em Xangai. Foi também a 90ª vitória da equipe na história. Lewis subiu para 68 pontos e assumiu a liderança do campeonato, com seu barbudo parceiro seis atrás. Verstappinho, quarto colocado ontem, tem 38, seguido por Vettel (37), que fechou o pódio chinês, e Leclerc (36).

Gasly: melhor volta e ponto extra no final

Numa corrida sem sal, alguns pilotos tiveram lá seus momentos, como Pierre Gasly, da Red Bull, que colocou pneus macios a duas voltas do final para cravar a melhor volta da prova e levar um ponto extra para casa. Conseguiu. Ele estava em sexto, muito à frente de Ricciardo, e teve tempo para o pit stop extra. O australiano chegou em sétimo, marcando seus primeiros pontos pela Renault. Pérez, Raikkonen (com uma parada apenas) e Albon (que largou dos boxes) fecharam a zona de pontos. O tailandês da Toro Rosso foi eleito pelo amigo internauta como “piloto do dia”.

Quando o melhor piloto do dia termina em décimo, está dada a medida da temperatura morna da corrida. O milésimo GP merecia mais um enredo melhor, mais… memorável. Mas não se pode querer tudo na vida.