Blog do Flavio Gomes
F-1

PESTINHAS (2): MAX, ENFIM

RIO (chuva, só aqui) – Foram 92 GPs disputados para, finalmente, conseguir uma pole. Max Verstappen se tornou hoje o primeiro holandês a conseguir a posição de honra numa corrida de F-1 e o 100º piloto na história habilitado a colocar no currículo a honra de largar na frente na categoria. Demorou um pouco mais […]

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Max: pole, finalmente, em momento encantado na temporada

RIO (chuva, só aqui) – Foram 92 GPs disputados para, finalmente, conseguir uma pole. Max Verstappen se tornou hoje o primeiro holandês a conseguir a posição de honra numa corrida de F-1 e o 100º piloto na história habilitado a colocar no currículo a honra de largar na frente na categoria.

Demorou um pouco mais que o desejado. Max já tem sete vitórias na carreira e a Red Bull, de vez em quando, vinha cravando uma pole mesmo nesta era dominante da Mercedes — Ricciardo fizera uma em 2016 e duas no ano passado. Mas desta vez, na Hungria, Verstappinho fez uma volta realmente próxima da perfeição em 1min14s572 e deixou para trás não só a dupla prateada, como o duo da Ferrari — que, mais uma vez, decepcionou.

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“O melhor de ter feito esta pole é que vocês vão parar de me perguntar quando eu vou fazer a primeira”, brincou o moço diante de uma torcida apaixonada em Hungaroring, que tingiu parte das arquibancadas de laranja. Só os fãs poloneses de Kubica estavam em maior número, pela proximidade geográfica com o país e uma certa afinidade ideológica, pode-se dizer, entre Polônia e Hungria — no passado socialista, como satélite da gloriosa URSS, e no presente xenófobo, reacionário e conservador que macula a história das duas nações.

Verstappinho, aos 21 anos e 309 dias, tornou-se o quarto piloto mais jovem da história a fazer uma pole. O recordista na precocidade é Vettel, que tinha 21 anos e 73 dias quando fez a pole para o GP da Itália, em Monza, em 2008 — de lá para cá, fez mais 55. Leclerc aparece em segundo (fez poles no Bahrein e na Áustria neste ano, a primeira delas com 21 anos e 166 dias de vida), com Alonso em terceiro (21 anos e 237 dias ao fazer a primeira de suas 22 poles, na Malásia em 2003 pela Renault). Barrichello é o quinto: 22 anos e 98 dias ao fazer a pole para o GP da Bélgica com a Jordan em 1994 — a primeira das 14 de sua carreira, sendo uma delas com a Stewart na França em 1999, uma proeza quase inacreditável, assim como a de Spa; ele fez também 11 com a Ferrari e uma com a Brawn.

Hamilton: cara amarrada e gripe mal curada

Foi uma classificação divertida, esta, num sábado seco e não muito quente em Budapeste e arredores. Sem chuva e com temperaturas mais amenas, esperava-se que a Mercedes nadasse de braçada, apesar da sempre presente possibilidade de uma surpresa da Red Bull por conta da excelência de seu chassi e do talento de Max.

Mas não foi bem assim. Hamilton, ainda não recuperado da forte gripe que ameaçou até sua participação no GP da Alemanha, domingo passado, não brilhou e ficou apenas em terceiro no grid, a 0s197 do holandês. Bottas foi quem acabou brigando com o rubro-taurino, terminando o dia em segundo, a meros 0s018 de distância. Fechando a segunda fila, a primeira Ferraril, de Leclerc, 0s471 atrás. Pior que o monegasco foi Vettel, em quinto. Ao estacionar seu carro no Parque Fechado, ficou namorando o antigo carro como se se perguntasse: onde fui amarrar meu cavalinho rampante?

Vettel: frustração e saudades da juventude

Fecharam os dez primeiros, pela ordem, Gasly, Norris, Sainz Jr., Grosjean e Raikkonen. Tudo mais ou menos nos conformes. O que causou espécie mesmo foram alguns resultados no Q1 e no Q2. A começar pela fase inicial da classificação, que limou Russell, Pérez, Ricciardo, Stroll e Kubica, nesta ordem.

A Racing India ficar fora, tudo bem. Seu carro não vai em pistas travadas como a húngara. Mas Ricardão foi um vexame. E é claro que não pode faltar uma palavra de elogio a Russell e à Williams, que deu sinal de vida. O inglesinho chegou a estar em nono quando o cronômetro foi zerado no Q1, mas aí quem ainda estava na pista foi empurrando o novato para baixo. Mesmo assim, largar na frente de três carros de duas equipes diferentes pode ser definido como uma façanha.

No Q2, empacaram Hülkenberg, Albon, Kvyat, Giovinazzi (que perderá três posições no grid por atrapalhar Stroll) e Magnussen. De novo, decepção para a Renault. E uma certa frustração para a Toro Rosso, que vem de um pódio na Alemanha.

Button em 2006: última pole da Honda

A Honda conquistou uma pole pela primeira vez desde o GP da Austrália de 2006, com Button. Foi a 78ª da marca japonesa, que vive um momento de êxtase com a Red Bull. Foram duas vitórias nas últimas três corridas, para desespero de Alonso, seu maior crítico nos últimos anos. O espanhol, a cada sucesso nipônico, é lembrado pela acidez com que tratava a montadora quando ainda estava na McLaren.

Mas isso é passado. O presente se chama Verstappen. Ele é o grande favorito à vitória amanhã. A Mercedes vai ter de suar muito na Hungria para deter a ascensão do menino.