Blog do Flavio Gomes
F-1

LADA É VIDA (2): ELE TÁ IMPOSSÍVEL!

RIO (só no rock) – A pole-position que Charles Leclerc fez agora há pouco em Sóchi não deixa dúvidas. O moleque, criado nas comunidades mais simples de Mônaco, garoto do morro que subia a ladeira tocando bandolim e vendendo crêpes au Grand Marnier, é o cara do momento na F-1. Foi a quarta pole seguida […]

Charlinho: sexta pole no ano, quarta consecutiva

RIO (só no rock) – A pole-position que Charles Leclerc fez agora há pouco em Sóchi não deixa dúvidas. O moleque, criado nas comunidades mais simples de Mônaco, garoto do morro que subia a ladeira tocando bandolim e vendendo crêpes au Grand Marnier, é o cara do momento na F-1.

Foi a quarta pole seguida do rapaz, algo que a Ferrari não conseguia desde 2001. Na verdade, a última grande sequência foi bem mais ampla: sete poles de Schumacher entre os GPs da Itália de 2000 e do Brasil no ano seguinte, período em que o time italiano foi dominante na categoria.

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Leclerc, que perdeu a corrida em Singapura domingo passado e ficou reclamando da estratégia da equipe, enfiou uma luneta de 0s402 em Hamilton, o segundo no grid. Vettel, seu companheiro, ficou em terceiro a 0s425. Quase meio segundo. É muita coisa.

Mas já está chorando de novo (brincadeira, estou apenas pegando no pé). Falou que não sabe se a pole é a melhor posição para largar na Rússia, já que a reta é enorme e é preciso percorrer 450 m até a freada para a primeira curva. Assim, o risco de ser ultrapassado é grande.

Filho, eu diria, larga, acelera e vai embora.

Charlinho vem forte desde a sexta, e como a chuva esperada não veio hoje, confirmou seu favoritismo com uma volta excepcional — embora, pelo rádio, tenha dito que no terceiro setor errou um monte de vezes, o que é um exagero. Mesmo se perder a ponta, o que não acho tão provável assim, tem como se recuperar.

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A Mercedes vai tentar o pulo do gato na estratégia, largando com pneus médios para adiar a parada. Não sei se vai funcionar, porque Sóchi não é uma pista que trata mal a borracha. Mattia Binotto, o chefe ferrarista, achou esquisita a opção dos alemães. “Amanhã saberemos quem fez a escolha certa”, disse.

Com mais aderência graças aos pneus macios, acho — apenas acho — que Leclerc mantém a ponta na largada. E Vettel, em terceiro, também com os compostos mais moles, vai tentar o bote para cima de Lewis. Uma nova dobradinha da Ferrari me parece um resultado bem possível amanhã. Se não chover, claro. A meteorologia não descarta uma corrida molhada.

Hamilton: feliz com o segundo lugar contra uma Ferrari “a jato”

O inglês da Mercedes comemorou o segundo lugar no grid por ter superado Tião para garantir a primeira fila. Falou que a velocidade de reta da Ferrari é impossível de superar e chamou de “modo jato” a performance dos carros vermelhos.

Fato é que a Ferrari, depois das férias, acertou a mão numa temporada em que começou claudicante. Hoje é lícito afirmar que tem o melhor carro do grid, situação rara desde 2014, quando começou a era híbrida na F-1. Como reagirá a Mercedes? Para este ano, não há grandes preocupações, já que o título de Hamilton está praticamente garantido. Mas para o ano que vem…

Leclerc, Hamilton, Vettel e Bottas (a 1s004, longe pacas) ficaram com as quatro primeiras posições no grid. A Red Bull de Verstappinho ficou em quarto, mas ele paga uma punição e vai largar em nono. Sainz Jr. parte em quinto, seguido por Hulk, Mini Norris, Grojã (a surpresa do dia), o já mencionado Mad Max e Ricardão em décimo. Renault e McLaren seguem disputando ponto a ponto o quarto lugar entre os construtores, com desempenhos parecidos nas últimas provas.

Daí para trás, nenhuma grande novidade. Já considerando as punições por trocas de componentes de motor e câmbio, vêm Pérez, Giovinazzi, Magnussen, Stroll, Raikkonen (que parou no Q1, decepcionando), Gasly, Russell, Albon (foi mal hoje, bateu no Q1), Kubica e Kvyat. Pobre Kvyat. A Toro Rosso encontrou um problema no motor no terceiro treino livre e decidiu trocar tudo. Como ele teria de largar no fundo do grid de qualquer forma, a equipe decidiu fazer o trabalho com calma e ele nem participou da classificação.

Incrível como acontecem essas coisas com pilotos que correm em casa. Lembram da sequência de azares de Barrichello no Brasil?

Button em Interlagos, 2012: última vitória da McLaren foi com motor Mercedes

À parte a pole de Leclerc, a notícia do dia hoje foi a confirmação do acerto entre McLaren e Mercedes para que a equipe laranja volte a usar os motores alemães a partir de 2021. O contrato com a Renault termina no final do ano que vem. Como contei ontem, McLaren e Mercedes foram parceiras entre 1995 e 2014 com muito sucesso. O novo acordo prevê quatro anos de fornecimento, até o final de 2024.

É um passo importante do time de Woking, que não vence uma corrida desde o GP do Brasil de 2012 — quando ainda usava os motores alemães. Naquela prova, com chuva, Button levou, deixando a Ferrari com segundo e terceiros lugares, de Alonso e Massa. Eles estão na foto acima. Nenhum segue na F-1. O prefeito Gilberto Kassab também anda sumido.

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E para terminar, o que vocês acharam da iminente mudança de nome da Toro Rosso? É muito provável que, no ano que vem, a simpática equipe de Faenza, sucessora da Minardi, seja rebatizada como AlphaTauri — assim mesmo, sem espaço entre as duas palavras.

Esse é o nome da marca de roupas da Red Bull, criada em 2016. Todos sabem que “toro rosso” é uma tradução para o italiano de “red bull” — “touro vermelho”, no nosso lindo e vilipendiado idioma. E todos obviamente sabem que a Red Bull é dona da Toro Rosso. Nem sei por que digo isso, mas como aprendi lá atrás, didatismo é importante em textos jornalísticos.

A grife faz uma referência à estrela mais brilhante da constelação de Touro.

Um pouquinho de astronomia, aqui.

Nas constelações, a estrela mais brilhante (ou um conjunto delas), se não tiver um nome específico, é normalmente chamada de “Alfa de [nome da constelação]”. Tomemos como exemplou a constelação de Centauro. Alpha Centauris, ou Alfa de Centauro, é a mais brilhante. E na verdade são três estrelas — duas grandonas e uma anã, praticamente grudadas quando consideramos as distâncias no espaço. Esse grupo, que a olho nu parece ser apenas uma estrela, é chamado de Alfa. Estão a apenas 4,37 anos-luz da Terra, nossas vizinhas mais próximas.

Próximas e vistosas. Porque mais brilhantes que Alpha Centauris, no céu, só mesmo Sirius e Canopus. Sirius fica no Cão Maior, e é chamada também de Alpha Canis Majoris — a mais brilhante do pedaço. Canopus fica na Carina (ou Quilha) e também recebe o simpático nome de Alpha Carinæ.

Eu queria ser astrônomo e passar a vida olhando para as estrelas. Por pouco não fui. Mas trabalhei no Planetário do Ibirapuera, pelo menos.

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