Blog do Flavio Gomes
F-1

SOBRE DOMINGO DE MANHÃ

RIO (o que é, diga lá meu irmão) – Como, felizmente, têm sido muito menos frequentes os acidentes fatais nos esportes motorizados, tenho a impressão de que as mortes recentes nas categorias de ponta, aquelas mais noticiadas, vêm causando mais comoção do que antigamente. Como se sabe, morria muita gente em corridas no passado pelos […]

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Na Indy, o ramo americano da família: solidariedade e tristeza por todo o mundo

RIO (o que é, diga lá meu irmão) – Como, felizmente, têm sido muito menos frequentes os acidentes fatais nos esportes motorizados, tenho a impressão de que as mortes recentes nas categorias de ponta, aquelas mais noticiadas, vêm causando mais comoção do que antigamente. Como se sabe, morria muita gente em corridas no passado pelos mais diversos motivos. Equipamentos de segurança precários, pistas perigosas, carros frágeis, provas em condições insanas, público pouco protegido… A união desses fatores, sem que as autoridades esportivas se preocupassem muito com o assunto, promoveu verdadeiras carnificinas no automobilismo e no motociclismo ao longo da história.

Nos últimos 25 anos — tomemos como marco dessa revolução pela segurança os acidentes de Imola em 1994 –, os estudos para aumentar a segurança dos pilotos passaram a ser levados mais a sério. E as mortes se tornaram menos comuns graças a novas tecnologias e medidas preventivas adotadas em competições em todo o mundo.

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Assim, nos últimos tempos, as ondas de solidariedade e tristeza provocadas pelas mortes de pilotos têm sido, aparentemente, mais comoventes. O acidente de Hubert em Spa jogou uma sombra de desalento sobre todos os envolvidos com o esporte no último fim de semana. Ainda que não o conhecessem, pilotos de todas as categorias que se sentaram num carro no domingo não conseguiram esconder o abatimento. Daí a escolha da imagem acima, dos pilotos da Indy em Portland fazendo sua homenagem ao jovem francês, para este “sobre ontem”. E foi assim por todos os autódromos do planeta.

Nesse clima aconteceu o GP da Bélgica domingo, e a vitória de Leclerc ficou mesmo em segundo plano. “Ganhe por ele”, pediu Gasly ao monegasco. Os dois, mais Ocon e Anthoine, começaram juntos no kart. Faziam parte da mesma turma. Quatro garotos franceses (um “quase”, o próprio Leclerc) que, muito cedo, chegaram onde queriam — ou estavam a caminho.

E Charlinho venceu. “As coisas não acontecem por acaso”, filosofou Toto Wolff. Foi a primeira de muitas, certamente. É um piloto muito talentoso que tem um carisma todo especial. Talvez por ter ele mesmo passado por duas tragédias recentes, as mortes de seu mentor Jules Bianchi — outro francês — e do pai, na véspera de uma corrida de F-2 há dois anos. Que ele venceu.

É um menino de sorriso triste, e tristes estavam todos no pódio em Spa. Normalmente, primeiras vitórias enchem de alegria um autódromo. Não foi o caso, domingo. Leclerc lembrará para sempre deste fim de semana. Como o do primeiro triunfo, claro. Mas como aquele em que perdeu mais um amigo — e é esse sentimento que o nosso cartunista Marcelo Masili procurou traduzir com seu traço sensível que ilustra nosso rescaldo do GP; ficou lindo, o desenho.

Vettel, que ajudou, nem quis sair na foto

A FRASE DE SPA

“Seb foi muito legal comigo. Sem ele, teria sido muito difícil.”

Leclerc sobre a ajuda que recebeu de Vettel, quando segurou Hamilton por duas curvas, fazendo o inglês perder um pouco de tempo. Valiosa ajuda, porque Lewis chegou apenas 0s981 atrás do monegasco.

Alguns pilotos merecem palavras elogiosas pelo que fizeram nesta corrida. Um deles ficará para o “Gostamos & Não gostamos” lá embaixo — minha escolha recaiu sobre Albon. Mas como não bater palmas para Kvyat, que partiu em 19º e chegou em sétimo? Corridaça.

Como foi linda a prova de Norris, de 11º para quinto na primeira volta, e lá ficou até o fim. Aí, na abertura da última, seu motor quebrou. Um pecado. Gasly também deve ser lembrado. Muito amigo de Hubert, rebaixado para a Toro Rosso, tinha tudo para desabar na depressão. Juntou suas forças e chegou nos pontos, em nono. Foi um bravo.

O NÚMERO DA BÉLGICA

…países fazem parte, agora, da lista dos que já tiveram pilotos vencedores na F-1. Foi a primeira de Mônaco, cujo hino nacional nunca havia sido executado num pódio da categoria. O Reino Unido (que inclui Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales) lidera o ranking com 285 vitórias, seguido pela Alemanha (178) e pelo Brasil (101).

Leclerc, com 21 anos e 320 dias, tornou-se o terceiro mais jovem vencedor da história. Perde para Max Verstappen (Barcelona/2016) e Sebastian Vettel (Monza/2008). A marca do holandês (18 anos e 228 dias quando ganhou na Espanha) dificilmente será batida.

E a Mercedes? Quase venceu. Mais uma volta e Hamilton passaria Leclerc, que tinha pneus em mau estado no final da corrida. Mas o time não tinha do que reclamar. Levou dois troféus e, com Lewis em segundo e Bottas em terceiro, atingiu a marca de 200 pódios na categoria. Os prateados sabem de antemão que em pistas como Spa e Monza o negócio é minimizar o prejuízo. A velocidade de reta da Ferrari é praticamente imbatível.

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Albon x Pérez: momento alto da prova

GOSTAMOSMuito de Albon >>>, estreando na Red Bull com um 17º lugar no grid — fruto de punição por troca de componentes de motor. Passou todo mundo, e a briga com Pérez na última volta foi muito bonita. Resultado: um quinto lugar. Uma estreia melhor que a encomenda, e ainda deu sorte porque Verstappen saiu da corrida na primeira volta, evitando comparações.

Max: bobagem na Source

NÃO GOSTAMOSDa recaída de <<< Verstappen, que vinha de 21 corridas seguidas entre os cinco primeiros (a saber, depois do abandono na Hungria no ano passado: 3 vitórias, 4 segundos, 5 terceiros, 5 quartos e 4 quintos). Forçou sobre Raikkonen na primeira curva, bateu, quebrou a suspensão e estragou a prova de Kimi.